15
Mar10
Um almoço como manda a tradição.
À falta de tempo e energia para posts com receitas, aqui fica uma pequena foto-reportagem do autêntico banquete com que fomos recebidos no último domingo em casa de uma família amiga, no interior de Lousada.Isto porque o G., cada vez mais rendido às coisas da terra e aos hábitos de subsistência, dias antes tinha participado na matança do animal que proporcionou este festim.
As fotos são mesmo uma pequena amostra das coisas boas que comemos (faltam os rojões, por exemplo: tenros, suculentos, deliciosos), mas julgo que conseguem transmitir a forma genuína e tradicional como foram confeccionadas.
Nesta casa, só mesmo o arroz é que é comprado. As batatas, as cenouras, a alface, os pimentos, as couves e todos os legumes que possam imaginar, as aves (frangos, perus, patos e respectivos ovos), os coelhos, os cabritos, os porcos, as uvas e o vinho, tudo é criado e feito ali, com muito saber e dedicação.
Até o pão, a broa e o pão-de-ló são cozidos num dos fornos a lenha espalhados pela casa e os enchidos são fumados numa divisão com abertura para a chaminé da lareira da cozinha, onde as brasas nunca se apagam.
Escusado será dizer que foi um almoço memorável para nós os quatro. Mesmo os miúdos comeram com uma satisfação e um entusiasmo tais, que deixaram a família anfitriã ainda mais feliz.

Um dos três fornos a lenha da casa. Depois das assadeiras serem colocadas lá dentro, a porta é isolada com uma espécie de pasta feita de restos de farinha de milho, para o calor não fugir.


O assado. Coelho e cabrito. E as batatas? De comer e chorar por mais.

O cozido. Incluía várias partes da carne obtida com a última matança e enchidos feitos a partir de bichos anteriores.

As batatas fritas aos cubos que acompanharam os rojões.

A sobremesa: sarrabulho doce, feito com sangue de porco cozido, pão, mel, louro, canela... Nunca tinha comido!

E para terminar, uma saborosa cevada, feita na lareira em púcara de barro.