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Lume Brando

28
Fev20

Malassadas dos Açores [Diz-me o que lês #28]

Malassadas

Malassadas

 

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #28

"Comer à Moda dos Açores" - Rúben Pacheco Correia - Editora Contraponto

Fui uma única vez aos Açores, há 25 anos. Foi uma viagem incrível, que incluiu passagens por São Miguel, Faial e Terceira. Da componente gastronómica, lembro-me apenas do milho frito e das queijadas de Vila Franca do Campo, que comi em São Miguel, e da Alcatra da Terceira. Era muito nova e, apesar de nessa altura já gostar do universo culinário, o blog ainda nem em sonhos existia e a minha cabeça estava ocupada com questões mais... existenciais.

 

Mas o carinho pelo arquipélago ficou e gostava de um dia lá voltar, em família. Enquanto isso não acontece, posso ir sentindo a alma açoriana através deste livro acabado de lançar, de Rúben Pacheco Correia, açoriano de gema e grande entusiasta da cozinha regional, dono do restaurante Botequim Açoriano em Rabo de Peixe, São Miguel.

 

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Basta começar a folhear e a ler para perceber que este é um livro feito com muito amor. Amor pelos Açores, pelas suas receitas tradicionais e pela partilha genuína. Sente-se de imediato que este é um projeto que Rúben Correia (que com apenas 23 anos já tem vários livros publicados, incluindo de contos e um romance) abraçou com grande motivação e para o qual canalizou muita da sua energia - as várias fotos onde Rúben aparece ao longo do livro espelham bem o seu entusiasmo pela cozinha açoriana e pela missão de a difundir.

 

De facto, mais do que um livro de receitas, este é um livro sobre os Açores e a sua cultura. No seu índice encontramos os seguintes capítulos:

  • Introdução à história e geografia dos Açores
  • Introdução aos produtos e gastronomia dos Açores
  • Lugares, tradições e festividades gastronómicas
  • Entradas e sopas
  • Peixes
  • Carnes
  • Sobremesas
  • Compotas
  • Pães

 

É um livro que nos ensina muito e que vale para lá da utilidade das receitas. Aliás, muitas das suas receitas são mais interessantes enquanto conteúdo informativo, do que para replicar nas nossas cozinhas. Em alguns casos, não será fácil encontrar os ingredientes, pelo menos aqui no continente, como é o caso das famosas lapas e da erva do calhau. Ainda assim, o livro inclui sugestões fáceis e apelativas, como por exemplo a Morcela com Ananás, a Açorda de Inhame ou o Atum de Cebolada.

 

Comer à moda dos Açores

A receita que escolhi para testar foram as Malassadas, um doce típico do Carnaval açoriano. Tal como Rúben nos conta no livro, trata-se de uma receita muito antiga, que hoje é também um doce tradicional do Havai, levado pelos açorianos que para lá emigraram. Ali a popularidade das malasadas é tal, que a terça-feira de Carnaval é chamada de 'Malasada Day'.

 

Ora bem, as minhas devem ser as malassadas mais imperfeitas de toda a história das malassadas. Quando fui fritá-las, a massa colava-se bastante às mãos, mesmo tendo passado estas por óleo, e por isso ficaram uma espécie de malassadas extraterrestres, com umas formas muito estranhas. Mas imagino que de sabor não tenham ficado muito diferentes das originais. No fundo, são uma espécie de sonhos ou farturas, ainda que a massa se confecione de outra maneira.

 

Resumindo: "Comer à Moda dos Açores - Manual de Cozinha Açoriana" é um livro bonito, com conteúdo muito interessante sobre a tradição gastronómica destas ilhas. O design gráfico é  simples mas funcional e as fotografias, presentes em todas as receitas, cumprem o objetivo. As receitas, nomeadamente as de doces, surgem por vezes explicadas de forma demasiado sumária e com quantidades um pouco desanimadoras para replicar em casa (o Bolo da Sertã, por exemplo, pede 2 kg de farinha de milho). A referência ao número de doses ou pessoas que rende cada receita também não é referido, o que pode ser um constrangimento na hora de levar o livro para a cozinha.

 

Como sempre, esta rubrica contou com o apoio da Livraria Bertrand, onde pode comprar e saber mais sobre o livro >>> Bertrand Online*

 

*Este post contém links afiliados

Malassadas

 

MALASSADAS DOS AÇORES

Receita adaptada, em termos de quantidades, do livro "Comer à Moda dos Açores", de Rúben Pacheco Correia

 

500 g de farinha (usei farinha de trigo 55 sem fermento)

10 g de fermento de padeiro fresco

1,5 colheres de sopa de açúcar

Sumo de 1,5 laranjas

1/2 cálice de aguardente

4 ovos

Pitada de sal

Leite qb

Óleo para fritar

Açúcar para polvilhar

Canela para polvilhar (opcional)

 

Dissolver o fermento num pouco de água fria.

Numa bacia grande, peneirar a farinha e abrir uma cavidade ao centro.

Colocar aí o fermento, o sumo de laranja, o sal e a aguardente. Misturar.

Acrescentar um ovo de cada vez, incorporando-os bem (confesso que como a massa estava a ficar com alguns grumos, amassei-a, depois dos 4 ovos adicionados, na batedeira, com o gancho das massas).

Se se achar que a massa está muito densa, junta-se um pouco de leite até ficar uma espécie de polme grosso.

Tapar a bacia com um pano e embrulhar numa manta para levedar melhor.

Deixar levedar durante duas a três horas ou até ter aumentado bastante de volume.

Com as mãos untadas em óleo, retirar pedaços de massa, esticá-los com os dedos dando-lhes uma forma arredondada e achatada e fritá-los em óleo bem quente. Passe-os primeiro para um prato forrado com papel de cozinha e depois por açúcar.

Nota: apesar da receita não mencionar, eu juntei um pouco de canela em pó ao açúcar.

 

OUTRAS RECEITAS DOCES TRADICIONAIS:

21
Fev20

Salame de chocolate saudável [para comer quase sem culpa]

Salame de chocolate saudável

 

Cá em casa todos gostamos de salame de chocolate. Mas a verdade é que as receitas clássicas são um atentado a qualquer tentativa de levar uma alimentação equilibrada e sem asneiras. Sim, porque quem é que consegue comer uma só fatia?!

 

Já testei várias receitas mais saudáveis, mas nunca fiquei tão satisfeita como com esta, que descobri no livro da cadeia de restaurantes Go Natural (um livro fantástico btw).

 

Confesso que fiz o salame a medo, tão inovadora me pareceu a receita, sem manteiga, sem ovos e sem açúcar. Como não podia deixar de ser, fiz algumas alterações ao original, mas foram mínimas: usei bolacha maria integral, dobrei as quantidades, troquei a maçã pela pêra e envolvi-o em açúcar em pó, para lhe dar um aspeto mais "credível" 🤣

 

Se fizerem este salame, digam-me se gostaram tanto dele como eu!

Salame de chocolate saudável

SALAME DE CHOCOLATE SAUDÁVEL

Adaptado ligeiramente a partir de uma receita do livro "Let's Go Natural"

 

220 g de bolacha maria integral (compro no Lidl)

100 g de pêra ralada

90 g de chocolate em pó

90 g de queijo creme (usei Philadelphia)

Açúcar em pó para envolver (opcional)

 

Triture a bolacha grosseiramente.

Junte a pêra ralada, o chocolate em pó e o queijo creme.

Molde em forma de salame e embrulhe em papel vegetal.

Leve ao frigorífico para ganhar consistência.

Se quiser, passe por açúcar em pó e ate o salame com um fio, para fingir que é um salame de carne.

 

Notas:

- Usei o robot de cozinha para triturar a bolacha e depois introduzi os restantes ingredientes e pulsei aos poucos até obter uma mistura moldável;

- Ralei a pêra num ralador manual;

- Não aconselho a trocarem o chocolate em pó por cacau: uma vez que não leva açúcar, poderia ficar amargo.

 

OUTRAS RECEITAS SAUDÁVEIS COM CHOCOLATE:

 

12
Fev20

Pound cake de mirtilos e framboesas [com azeite e farinha de espelta]

Pound cake de mirtilos e framboesas

 

O 'pound cake' é uma receita antiga inglesa - descobri que há referências a este bolo que datam do século XVIII -  cujo nome se deve à quantidade, em pounds (lb), ou seja, em libras, dos ingredientes, sendo que uma libra equivale a cerca de 450 gramas.

 

Assim, a receita original de pound cake pedia 1 libra de farinha, 1 libra de manteiga, 1 libra de ovos e 1 libra de açúcar (de referir que a origem do nome da moeda inglesa também está ligada a esta unidade de medida, devendo-se ao facto de, há muitos séculos, se usar o peso das moedas como sinónimo do seu valor). 

 

Quanto ao facto de, tradicionalmente, se usar uma forma de bolo retangular para este bolo, não consegui encontrar nenhuma explicação, mas é curioso que, para nós, esta forma se chame "de bolo inglês".

Pound cake de mirtilos e framboesas

 

Agora, a boa notícia, caso se tenham assustado com a quantidade dos ingredientes referida acima: este não é um verdadeiro pound cake!

 

Na verdade, com o tempo, passou a designar-se como 'pound cake' este tipo de bolo, independentemente da proporção dos ingredientes ou da inclusão de ingredientes adicionais ou alternativos. Este pound cake de mirtilos e framboesas que hoje vos trago, por exemplo, é feito com azeite em vez de manteiga e farinha de espelta em vez da farinha de trigo tradicional (e um pouco de sêmola de milho ou farinha de polenta, para conferir à massa uma textura especial).

 

Enriquecido com um glacé de limão guloso, este bolo ficou uma delícia. A única coisa que me enervou foi o facto dos frutos terem ido parar todos ao fundo da forma, apesar de os ter envolvido em farinha antes de os adicionar à massa, e apesar de ter reservado alguns que introduzi na massa apenas quando esta já estava na forma... se tiverem alguma dica infalível para que fiquem uniformemente espalhados pelo bolo, por favor partilhem!

Pound cake de mirtilos e framboesas

 

POUND CAKE DE MIRTILOS E FRAMBOESAS

 

Para o bolo

4 ovos (usei caseiros)

190 ml de azeite extravirgem suave

180 g de açúcar

Raspa de 1 limão

30 g de sêmola de milho (ou farinha para polenta)

170 g de farinha de espelta

1 colher de chá cheia de fermento em pó

1 colher de café de bicarbonato de sódio

175 g de framboesas e mirtilos (ou outros frutos vermelhos)

 

Para o glacé

1,5 chávenas* de açúcar em pó

Sumo de limão qb

*250 ml de capacidade

 

Ligue o forno nos 180º.

Unte muito bem uma forma de bolo inglês com cerca de 12 cm x 26 cm.

Numa taça, bate bem os ovos com o açúcar, o azeite e a raspa de limão.

Junte a sêmola de milho e depois, peneirando, envolva a farinha, o fermento e o bicarbonato.

Envolva os frutos em farinha (uma tentativa para que não se afundem) e junte a maior parte à massa, reservando alguns para espalhar por cima da massa já na forma (outra tentativa, algo inglória, para que não vão todos parar ao fundo).

Verta a massa para a forma, espalhe os frutos que deixou para o fim e leve a cozer cerca de 1 hora (faça o teste do palito para ver se está pronto, este deve sair limpo quando espetado no centro do bolo).

 

Para o glacé, coloque o açúcar em pó numa taça, junte um bom fio de sumo de limão e mexa com um batedor de varas. Junte mais sumo se achar que precisa, mas apenas a quantidade estritamente necessária para obter um glacé macio e brilhante, mas ainda assim grosso e opaco. Verta por cima do bolo já arrefecido. Se desejar, termine com raspas de limão.

 

GOSTARAM DESTE BOLO? ENTÃO, TAMBÉM VÃO GOSTAR DESTES:

 

31
Jan20

Bolo de ananás invertido [Diz-me o que lês #26]

Bolo de ananás

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #26

"Amor em fatias" - Gilberto Costa - A Esfera dos Livros*

 

 

Por mais que me esforce, não consigo resistir a livros com receitas de bolos. Nada a fazer.

Desta vez, quem me piscou o olho foi o Amor em fatias do chef Gilberto Costa.

[Curiosidade: descobri que no Porto há uma casa de chá com o mesmo nome, "Amor em Fatias", mas pelo que li não tem nada a ver com o Chef Gilberto Costa.]

Este é já o terceiro livro deste autor. Não conheço os anteriores, sei que um é de receitas de bolachas e biscoitos, outro de sobremesas 'equilibradas', intitulado Prazer sem Pecado.

Livro Amor em Fatias

Natural dos Açores, Gilberto Costa tem o Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, a par da licenciatura em Produção Alimentar na Restauração e do Mestrado em Segurança e Qualidade Alimentar na Restauração. Atualmente é docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, sendo convidado com frequência para eventos e programas televisivos.

No Amor em Fatias encontramos 70 receitas de bolos "das nossas avós que nos fazem viajar no tempo", organizadas pela sua origem:

  • Alemanha
  • Áustria
  • Bélgica
  • Brasil
  • França
  • Grécia
  • Inglaterra
  • Portugal - Açores
  • Portugal - Alentejo
  • Portugal - Algarve
  • Portugal - Beira
  • Portugal - Douro e Minho
  • Portugal - Estremadura
  • Portugal - Madeira
  • Portugal - Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Suécia
  • Suiça

 

Algumas das receitas são já bastante conhecidas e comuns, outras são mais originais e apelativas, como o Bolo de Chocolate Suiço, feito com discos da massa de palitos La Reine, creme de chocolate e chantilly, ou o Bolo Mimoso, do Algarve, que leva fios de ovos e tangerina cristalizada na massa, ou ainda o Bolo de Maçã com Cerveja.

É um livro muito simples e apenas de receitas. Não há extras, como receitas de cremes, recheios ou outras preparações "de base", nem há capítulos mais teóricos ou técnicos sobre pastelaria. Mas, na verdade, também já há muitos livros que incluem esta componente, certo?

 

Bolo de ananás

 

Se é o melhor livro de receitas de bolos que já vi? Não. Até porque a descrição das receitas é muito sucinta, provavelmente por terem sido escritas por um chef de pastelaria, para quem a confeção dos bolos não tem segredo e sabe os detalhes de cor. As receitas não nos dizem, por exemplo, o tamanho das formas a utilizar.

 

Outro dos aspetos menos positivos é o facto das receitas serem bastante calóricas. Achei que, de uma maneira geral, as quantidades de açúcar poderiam ter sido reduzidas, sem comprometerem o resultado final. Aliás, no bolo de ananás que encontram mais abaixo, usei menos açúcar do que pedia a receita original e ficou ótimo. Acredito que o chef Gilberto Costa tenha querido manter-se fiel ao receituário original e, já se sabe, as nossas avós achavam que nos tinham de manter docinhos e rechonchudos.

 

Resumindo: Amor em Fatias é um livro simpático, especialmente dirigido a quem gosta de fazer bolos tradicionais e mimar os amigos e a família ao fim de semana ou nos dias de festa. Um livro para nos fazer viajar à infância e onde provavelmente vamos descobrir receitas que provámos em criança - ou os nossos pais  - e pensávamos perdidas para sempre. As fotografias são bonitas, mas por vezes o plano é tão aproximado que não nos permite apreciar o bolo da melhor maneira.

 

Como sempre, esta rubrica contou com o apoio da Livraria Bertrand, onde pode comprar e saber mais sobre o livro >>> Bertrand Online

 

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Bolo de ananás

BOLO DE ANANÁS

Ligeiramente adaptado do livro "Amor em fatias", Chef Gilberto Costa

 

Para 2 bolos com 16 cm de diâmetro

200 g de açúcar (para o caramelo)

Cerca de 14 rodelas de ananás em conserva (usei das latas pequenas do Lidl)

3 ovos (gemas + claras separadas)

180 g de açúcar 

110 ml de azeite extravirgem suave

50 ml de sumo de ananás

150 g farinha de trigo sem fermento

10 g de fermento em pó

 

Fazer o caramelo com 200 g de açúcar, num tacho de fundo espesso. Mantenha o tacho tapado, para ganhar humidade e o açúcar não cristalizar. Levantar a tampa de vez em quando, rodar o tacho, para uniformizar, e retirar do lume quando atingir uma cor de caramelo âmbar, não demasiado escuro.

Dividir o caramelo pelo fundo das formas. Precisa de ser um processo rápido, para o caramelo não solidificar - se preferir, faça 100 g de caramelo de cada vez. Untar as paredes das formas que não ficaram com caramelo, idealmente com spray desmoldante.

Distribuir as rodelas de ananás pelo fundo das formas e partir em pedacinhos o ananás restante.

Ligar o forno nos 180º.

Bater as gemas com o azeite e o açúcar. Juntar o sumo de ananás (aproveitado das latas) e o ananás em pedacinhos.

Adicionar a farinha e o fermento peneirados.

Bater as claras e e envolver suavemente no preparado anterior.

Distribuir pelas formas e levar a cozer durante cerca de 40 minutos - fazer o teste do palito para ve se está pronto.

 

NOTA: para dar aos bolos um aspeto ainda mais caramelizado, já depois dos bolos prontos fiz nova dose de caramelo e verti sobre os mesmos.

 

MAIS RECEITAS DE BOLOS INVERTIDOS DE FRUTA:

 

15
Jan20

Bolo de limão merengado [porque hoje quem manda sou eu 😁]

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O ano passado foi assim.

Este ano, voltei a dar ao meu aniversário o sabor do limão. Afinal, é o meu ingrediente favorito para bolos e sobremesas. E hoje, quem manda sou eu 🤩

 

A-D-O-R-O esta forma de bolo [modelo 'Charlotte' da Nordic Ware], que me veio parar às mãos através da loja lecuine.com No instagram já tinha partilhado uma foto de um bolo de laranja, cenoura e chocolate em que a tinha usado e, depois da versão que vos trago hoje, continuo com imensas ideias para outras combinações vistosas nesta forma incrível.

 

Para a massa, adaptei [ou melhor, simplifiquei ainda mais] a receita de bolo de limão merengado do livro "Um bolo por semana" de Rita Nascimento, aka La Dolce Rita. Depois, reguei-o com uma calda  de limão e açúcar, enchi a cavidade da forma com lemon curd*, fazendo com que escorresse pelas laterais, e por fim decorei com uma camada generosa de merengue suiço* que queimei com o maçarico.

 

Pode parecer complicado, mas não é! Se forem fãs de limão, como eu, guardem esta receita e ponham-na em prática assim que conseguirem: prometo que não se irão arrepender.

 

*Também encontram estas receitas no meu livro "Estava tudo ótimo!".

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O MEU BOLO DE LIMÃO MERENGADO

 

Para o bolo:

200 g de açúcar

Raspas de 1 limão grande

4 ovos

1 iogurte natural

120 ml de azeite extravirgem

180 g de farinha sem fermento

1 colher de chá de fermento em pó

 

Para a calda:

Sumo de 1 limão + a mesma quantidade de água

4 colheres de sopa de açúcar 

 

Para o lemon curd:

2 ovos L
100 ml de sumo de limão
140 g de açúcar
50 g de manteiga à temperatura ambiente
1 colher de sopa de raspa de limão

 

Para o merengue suiço

2 claras de ovos L

90 g de açúcar

 

Comece por fazer o lemon curd (pode fazê-lo com alguns vários dias de antecedência e mantê-lo guardado bem fechado no frigorífico): num tachinho de fundo espesso, misture bem os ovos com o açúcar e o sumo de limão. Leve ao lume médio, mexendo sempre com um batedor de varas, para não ganhar grumos, até engrossar, o que deve demorar menos de 10 minutos (deve ficar um creme não demasiado espesso, uniforme e brilhante, que irá ficar mais consistente depois de arrefecido). Retire do lume e incorpore a manteiga e a raspa de limão. Espere um ou dois minutos e mexa com um batedor e varas, até a manteiga estar bem derretida e bem distribuída pelo creme. Verta para frascos limpos, deixe arrefecer, tape e guarde no frigorífico até usar. Conserva-se bem tapado no frigorífico cerca de 15 dias.

 

Para o bolo, comece por ligar o forno nos 180ºC.

Unte muito bem a forma (idealmente, deve usar-se a forma 'Charlotte' da Nordic Ware, no entanto, pode usar-se uma forma redonda normal, com 20 cm de diâmetro e, depois de cozido e arrefecido, abre-se uma cavidade no bolo, retirando massa e criando espaço para o lemon curd).

Numa taça, bata o açúcar com o iogurte e as raspas de limão

Junte os ovos e bata bem.

Adicione o azeite e mexa bem.

Peneire a farinha e o fermento para a taça e envolva com cuidado.

Verta para a forma e deixe cozer cerca de 40 minutos ou até um palito sair limpo.

Retire, deixe arrefecer um pouco e desenforme.

 

Faça a calda, misturando o açúcar com o sumo de limão e a água e levando ao lume uns 5 minutos, até engrossar um pouco.

Pique o bolo já frio e regue com a calda quente. Deixe arrefecer.

Entretanto, prepare o merengue suiço: na taça da batedeira junte as claras e o açúcar e leve ao lume em banho-maria (a taça das claras não deve tocar na água da panela). Vá mexendo sempre até o açúcar se ter dissolvido e a mistura estar quente ao toque.

Leve a taça para a batedeira e comece a bater, primeiro numa velocidade baixa e depois em velocidade média alta, até o merengue ter quase arrefecido e ficar brilhante, uniforme e bastante firme - no total serão cerca de 7 minutos a bater.

Para decorar o bolo, espalhe uma dose generosa de lemon curd na cavidade do bolo (é provável que lhe sobre lemon curd), fazendo escorrer pelas laterais, e espalhe por cima o merengue, dando-lhe uma forma algo rústica (se preferir, pode usar bico pasteleiro, como fiz com o chocolate aqui).

Queime a gosto com o maçarico.

 

Pode fazer o bolo e regá-lo com a calda de véspera (fica ainda melhor). No dia, faça o merengue e siga os passos descritos acima.

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MAIS RECEITAS - DELICIOSAS! - COM LIMÃO:

 

 

20
Dez19

Leite-creme do Cantinho do Avillez [Diz-me o que lês #21]

Leite-creme do Cantinho do Avillez

Livro "Cantinho do Avillez - As receitas"

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #21

"Cantinho do Avillez - As receitas" - José Avillez - Esfera dos Livros

 

Será que quando vêem um livro de um chef, de receitas de pratos servidos no seu restaurante, ficam com a mesma dúvida que eu? A de que as receitas que fazem no restaurante podem não ser exatamente iguais às que estão no livro? Bem, nunca saberemos 😆 Até porque a mesmíssima receita, feita por duas pessoas diferentes, sobretudo se uma dessas pessoas é um profissional, nunca vai sair igual. E é por isso que tenho dúvidas de que o meu leite-creme tenha saído tão bom como o do restaurante...

 

O Cantinho do Avillez ( o do Chiado), foi o primeiro restaurante em nome próprio de José Avillez, o mais consagrado dos chefs portugueses, tendo aberto as suas portas em setembro de 2011. Hoje são já quatro os Cantinhos: Chiado, Parque das Nações, Porto e Cascais. Que se juntam numa extensa lista a outros projetos de José Avillez, como o duplamente estrelado Belcanto, a Cantina Peruana, o Bairro ou o Mini Bar [que também já se estendeu ao Porto], passando pela Tasca, no Dubai.

 

Livro "Cantinho do Avillez - As receitas"

 

O José Avillez talvez seja um dos meus chefs portugueses preferidos [logo a seguir ao Vasco Coelho Santos, do Euskalduna 😉]. Primeiro, porque o acho genuinamente simpático. Quando fui a primeira vez ao Cantinho do Avillez do Porto, foi o chef que nos abriu a porta, recebendo-nos com um sorriso, entusiasmo e amabilidade surpreendentes. Depois, porque já li e ouvi muitas das suas entrevistas - como esta, no podcast "Cada um sabe de si" - e gosto do seu discurso, da sua forma de encarar o trabalho de equipa, da sua história de vida.

 

Apesar deste meu apreço, ainda não tinha nenhum livro dele. Para esta rubrica, que como sempre conta com o apoio da Bertrand, optei pelo "Cantinho do Avillez - As Receitas", já na sexta edição. Para além de ser um dos seus primeiros livros (se não mesmo o primeiro, mas não posso precisar), o tipo de cozinha praticada no Cantinho não me parece demasiado rebuscada para replicar em casa, sendo um livro a que facilmente podemos dar uso.

 

Este é um livro bilingue - português e inglês. As receitas fazem ou fizeram parte da carta do restaurante e estão agrupadas nos capítulos:

  • Cocktails
  • Entradas
  • Pregos
  • Pratos
  • Sobremesas

Não são muitas: apenas 40 receitas, no total.

 

Em termos gráficos, o livro é do mais simples que há. Acho até a encadernação demasiado básica, sem qualquer badana (aquela tira extra da capa e da contracapa que dobra para dentro, normalmente com informação sobre o autor), o que o torna frágil, sobretudo se tivermos em conta que é um livro para ser manuseado numa cozinha.

Livro "Cantinho do Avillez - As receitas"

 

Quanto às receitas, parecem-me bem descritas e entre elas podemos encontrar as famosas 'Lascas de bacalhau, migas soltas, ovo a baixa temperatura e azeitonas explosivas', os 'Camarões à Bulhão Pato', as 'Vieiras na frigideira com cogumelos e batata-doce de Aljezur', o 'Bife à Cantinho', a icónica sobremesa 'Avelã ao cubo' ou o 'Leite-creme de laranja e baunilha' cuja receita partilho mais abaixo.

 

Resumindo: "Cantinho do Avillez - As receitas" não é um livro extraordinário, diria até que é um livro modesto, tanto em termos de conteúdo, como em termos de produção gráfica. É um livro que vale pelas receitas em si e pela carga simbólica associada, conferida pelo prestígio do chef Avillez e deste seu restaurante. As fotos são bonitas, mas um pouco baças, devido ao papel escolhido, de cor creme. Este livro é, no entanto, um ótimo aliado para os foodies e todos aqueles que gostam de surpreender os convidados em casa, com receitas ao mesmo tempo simples mas com um toque de sofisticação.

 

Querem saber mais sobre o livro? Espreitem aqui >>> Livraria Bertrand

Leite-creme do Cantinho do Avillez

Leite-creme do Cantinho do Avillez

LEITE-CREME DO CANTINHO DO AVILLEZ - COM LARANJA E BAUNILHA

Receita de José Avillez no livro "Cantinho do Avillez - As receitas"

[A receita é supostamente para 4 doses, mas eu consegui apenas 3]

 

50 ml de leite

300 ml de natas

55 g de açúcar demerara (usei mascavado)

4 gemas de ovo

2 colheres de sopa de sumo de laranja

1 a 2 vagens de baunilha

Casca de laranja (sem a parte branca) qb

Açúcar demerara para polvilhar e queimar (usei açúcar mascavado)

 

Ligar o forno nos 150ºC.

Num tacho, levar o leite ao lume com 100 ml de natas e a casca de laranja.

Abrir a vagem de baunilha, raspar as sementes e adicionar tudo ao tacho do leite e natas.

Deixar esta mistura fervilhar.

Numa taça, bater as gemas com o açúcar.

Retirar o tacho do lume, juntar as restantes natas e o sumo de laranja.

Adicionar esta mistura, aos poucos, à taça das gemas e açúcar.

Distribuir pelas taças e levar ao lume num tabuleiro ou assadeira, que deve encher com água quente até metade da altura das taças.

Cozer durante cerca de 40 minutos (o creme deve sair ainda pouco firme no centro, irá solidificar ao arrefecer).

Depois de frias, guarde as taças no frigorífico até 3 dias.

Antes de servir, polvilhe com açúcar e queime com um maçarico de cozinha.

Leite-creme do Cantinho do Avillez

 

Nota: apesar de ter seguido a receita à risca, fiquei com a impressão de que a textura não ficou perfeita, achei que devia ter ficado mais cremoso (será que cozeu demasiado?). Em todo o caso, de sabor ficou bastante agradável.

 

MAIS SOBREMESAS DO #DIZMEOQUELÊS:

 

22
Nov19

Rahmschmarren a la Koschina - receita austríaca [Diz-me o que lês #17]

Receita austríaca rahm schmarren

Livro Casal Mistério

 

Após um inesperado e chato extravio de livros, o "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes", rubrica que conta com o apoio da livraria Bertrand, está de volta com um livro muito apetitoso. Acreditam que este é já o 17º livro de cozinha a passar por aqui, desde que esta aventura começou, há pouco mais de quatro meses? Se me seguem no Instagram, sabem que de vez em quando lanço uns passatempos com livros da rubrica. Se gostavam de ter este livro, fiquem atentos: quem sabe não tenho um exemplar para oferecer?😉

 

Livro Casal Mistério

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #17

"As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" - Casal Mistério - Editora Manuscrito

 

Para quem gosta e procura informação sobre temas ligados à cozinha, às receitas e aos restaurantes, o site do Casal Mistério não é segredo [gostaram deste trocadilho? 🙈].

Ninguém sabe quem está por detrás deste projeto, mas sabe-se que o blog, criado há cinco anos, conta com milhares e milhares de visualizações, tem mais de 200 mil seguidores no Instagram e mais de 300 mil no Facebook, e recebeu por várias vezes o prémio de "Melhor blog de culinária" no concurso 'Blogs do Ano' da Media Capital.

 

Na verdade, o Casal Mistério não é um blog de culinária como a maioria dos blogs de culinária, sendo mais "curadores" de receitas do que "criadores". E isto leva-me a um dos aspetos que me intrigou neste livro (que é já o terceiro lançado pelo Casal Mistério). Muitas das receitas, se não mesmo a maioria, são receitas que foram publicadas no blog mas retiradas de outros sites e blogs e que no Casal Mistério surgem acompanhadas dos devidos créditos. Mas no livro isso não acontece. Nem na introdução, nem nos agradecimentos, nem nas páginas das receitas encontro qualquer referência à sua origem.

 

Sei que o Casal Mistério teve o trabalho de as traduzir e provavelmente adaptar, e foram magistralmente fotografadas pela talentosa Maria Midões. Mesmo assim, não seria de fazer uma referência às versões originais?

 

Deixando este pequeno "mistério" de lado, devo dizer-vos que o livro é já um dos meus favoritos desta rubrica. É bonito, está bem escrito - com os apontamentos de humor característicos do Casal Mistério - e as receitas, selecionadas por serem as mais populares do blog - são muito variadas e apelativas.

 

Livro Casal Mistério

 

Na verdade, são 99 receitas mais 16 receitas extra, generosamente disponibilizadas por 16 chefs de cozinha famosos, incluindo a da sobremesa do chef austríaco Dieter Koschina, responsável pelo restaurante algarvio Vila Joya, e que escolhi para experimentar e publicar aqui.

 

São 8 os capítulos em que as receitas estão agrupadas:

  • Para nos fazer levantar da cama
  • Para enganar a fome
  • Para partilhar com os amigos
  • Para comer em família
  • Para levar para o trabalho
  • Para não engordar
  • Para a desgraça [o meu capítulo preferido 😆]
  • As receitas que os chefs fazem em casa

 

Smoothies e panquecas. Brownies, cheesecakes e bolachas. Entradas fáceis e vistosas. Pratos reconfortantes. Sugestões rápidas e com poucos ingredientes. Sanduíches, saladas e outras propostas saudáveis. Bolos gulosos: há de tudo aqui.

 

E há ainda as imagens maravilhosas da Maria Midões. Tive a oportunidade de conhecer a simpática Maria há uns anos, num workshop de fotografia de comida na Clavel's Kitchen, e sou absolutamente fã do seu trabalho [já agora: uma das razões por que escolhi fazer o Rahmschmarren é que as receitas dos chefs não surgem fotografadas, e assim não tenho de comparar as minhas com as da Maria, ahahahah].

 

Resumindo: o livro "As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" é um valor seguro. A abordagem gráfica é simples mas 'eye-catching' e as receitas estão bem descritas. Apresenta receitas para os vários momentos do dia e para várias necessidades (receitas mais ou menos calóricas) sendo por isso um livro abrangente, que vamos querer ter sempre à mão. As fotografias da Maria Midões... essas são a cereja no topo do livro.

 

Saber mais e comprar "As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" >>> Livraria Bertrand*

Rahm schmarren - receita austríaca

RAHMSCHMARREN A LA KOSCHINA

Receita do Chef Dieter Koschina no livro "As 99 melhores receitas do Casal Mistério"

Esta é uma receita tradicional austríaca, aqui com o toque do chef, que sugere servi-la com puré de maçã. Tentei saber mais sobre esta sobremesa de conforto - uma espécie de panqueca fofa gigante - mas todos os sites que encontrei estavam em alemão e não me apeteceu ir ao google tradutor 🤪

 

Para o "bolo":

300 g de natas

50 g de açúcar em pó

60 g de gemas de ovo (4 ovos pequenos)

50 g de amido de milho

1 copo de shot de rum

Raspa de limão qb

90 g de claras de ovo

60 g de açúcar (+ algum para a caramelização final)

1 colher média de manteiga (+ alguma para a caramelização final)

 

Para o puré de maçã:

Maçãs (usei 3 grandes)

Açúcar qb (não usei)

Sumo de limão qb

Baunilha qb (usei umas gotinhas de essência)

Canela em pó qb

 

Começar por fazer o puré de maçã: cozer as maçãs lentamente num fundo de água. Triturar e juntar os restantes ingredientes a gosto.

Ligue o forno nos 180º.

Com um batedor de varas, misturar bem as natas, o açúcar em pó, as gemas, o amido, a raspa de limão e o rum.

Bater em castelo as claras com os 60 g de açúcar e juntar ao preparado anterior.

Levar ao lume uma frigideira grande que possa ir ao forno e derreter nela a manteiga, espalhando-a por toda a frigideira. Verter nela a massa do "bolo" e levar ao forno durante cerca de 30 minutos.

Assim que estiver bem dourado, retirar do forno e fazer um quadriculado na massa (schmarren significa algo como "desfeito" ).

De seguida, a receita diz para barrar com "manteiga e açúcar caramelizado". Confesso que não percebi bem como isto se fazia, mas depois de ver este vídeo percebi que deve colocar-se mais um pouco de manteiga e açúcar noutra frigideira e passar para aí os pedacinhos de "bolo", deixando caramelizar. Servir com o puré de maçã.

A romã é um acrescento meu, porque... torna qualquer qualquer prato mais fotogénico 😉

 

MAIS RECEITAS DOCES DA RUBRICA "DIZ-ME O QUE LÊS":

 

*Link afiliado

 

21
Nov19

Receita de jesuítas [versão 'seminaristas']

Jesuítas

Jesuítas

 

Quem resiste a um jesuíta? [não falo dos religiosos da Companhia de Jesus, que esses devem ser deixados sossegados na sua missão 😄]. Falo do clássico da pastelaria portuguesa, feito de camadas de massa folhada, doce de ovos e uma capa crocante de açúcar e canela.

 

Apesar de não ser consensual a sua origem, a teoria mais consistente situa-a na centenária Confeitaria Moura, em Santo Tirso, que continua a fabricar os jesuítas mais famosos do país, e que tem a receita original patenteada. Reza a história que a iguaria foi criada em 1892 por um pasteleiro espanhol, que havia sido contratado pela dita pastelaria tirsense, e que a terá batizado desta forma em homenagem aos monges para quem tinha trabalhado em Bilbau.

 

Lendas e teorias à parte, o certo é que o pastel depressa ganhou fama e começou a ser reproduzido em pastelarias um pouco por todo o país. E com variações quanto ao seu tamanho: o gigante dá pelo nome de "cardeal", e os pequenos, como os que vos trago aqui, são os "seminaristas". Faz sentido, certo? 

 

Durante muito tempo, achei que fazer os jesuítas em casa seria complicadíssimo, mas decobri que afinal é simples e rápido até. Claro, desde que usemos massa folhada de compra e já tenhamos o doce de ovos pronto (que se faz facilmente, mas que precisa de arrefecer antes de ser barrado na massa folhada).

 

Querem tirar a prova? A receita de jesuítas segue abaixo (e vão encontrá-la numa espécie de passo a passo nos meus stories no instagram >>> Lume Brando).

 

Jesuítas

 

JESUÍTAS - VERSÃO 'SEMINARISTAS' (MINI)

Para cerca de 26

 

1 placa de massa folhada retangular fresca

Cerca de 10 colheres de sopa de doce de ovos*

25 g de clara de ovo

130-150 g de açúcar em pó

Fio de sumo de limão

Canela em pó qb

 

Ligar o forno nos 190º.

Desenrolar a massa folhada e cortar ao meio no sentido do comprimento.

Barrar cada metade dessas tiras largas, no sentido do comprimento, com doce de ovos.

Dobrar a parte da massa sem doce sobre a parte com doce.

Cortar em trapézios (cerca de 12 ou 13 trapézios em cada tira) e passá-los para um tabuleiro forrado com papel vegetal.

Numa taça e com um batedor de varas, misturar a clara com o açúcar em pó -  juntar o açúcar aos poucos pois pode não ser necessário usar todo. Juntar um fio de sumo de limão e canela em pó a gosto (costumo adicionar cerca de uma colher de chá bem cheia). Deve obter-se um glacé grosso, espesso e pastoso, mas "espalhável". Adicionar um pouco mais de sumo de limão se achar que está demasiado pastoso, ou mais açúcar em pó se estiver demasiado fluído.

Cubrir cada trapézio com glacé, com a ajuda de uma colher pequena.

Levar ao forno durante uns 15/20 minutos - ir espreitando e retirar quando a massa tiver folhado e apresentarem uma cor ao seu gosto.

Se repararem, os meus ficaram um pouco pálidos (mas deliciosos, diga-se!), se gostarem deles um pouco mais escuros, basta deixarem mais um pouco no forno!

_______________________________________________________________________________________________

*DOCE DE OVOS

Adaptado de uma receita do Chef Luís Francisco

6 gemas + 1 ovo inteiro

250 g de açúcar

125 g de água

1 pedaço de casca de limão

1 pau de canela

 

Num tachinho,  levar ao lume a água, o açúcar e os aromatizantes (limão e canela). Sem mexer, deixar levantar fervura. Quando começar a borbulhar (bolhas grandes em toda a superfície da calda), contar 3 minutos. Retirar do lume, descartar o limão e a canela e verter em fio sobre as gemas e o ovo previamente desfeitos numa taça de metal, mexendo sempre. Coar para o tacho e levar ao lume até engrossar, cerca de 10 minutos, mexendo sempre para não ganhar grumos e sem deixar ferver. Colocar num frasco, deixar arrefecer e conservar no frigorífico (dura várias semanas, se não meses).

 

OUTRAS RECEITAS GULOSAS:

 

13
Nov19

Pão de maçã [Uma receita com outono dentro]

Pão de maçã

Pão de maçã

 

Eu refilo com a chuva. Irrito-me com a mudança da hora. Desespero com a luz natural que acaba num abrir e fechar de olhos. Adio a mudança do guarda-roupa porque não gosto da roupa da época. Mas reconheço que o outono tem o seu charme.

 

O cenário que nos é dado pelas árvores vestidas de múltiplos castanhos e dourados é mágico.

E os ingredientes da época são deliciosos, fotogénicos, e reconfortantes: as castanhas, as abóboras, os diospiros, as romãs, a maçã...

 

Todos os anos, um primo oferece-me uma caixa enorme de maçãs vindas de Carrazeda de Ansiães. E são tão boas, firme e doces. Para além de comê-las ao natural - seria um pecado não fazê-lo - algumas são transformadas em doces e sobremesas. Como este 'apple bread' ou pão de maçã [na verdade é um bolo!]. Uma receita que grita outono por todos os lados e me faz reconciliar com esta altura do ano.

 

Pão de maçã

PÃO DE MAÇÃ

[rende bastante, a quantidade de bolos depende do tamanho da forma; no meu caso, consegui fazer 4 bolos relativamente pequenos]

 

4 maçãs grandes

1 chávena rasa de açúcar amarelo

2 ovos grandes

1/2 chávena de azeite

3 chávenas rasas de farinha sem fermento

1 chávena de frutos secos [nozes fica muito bem]

1 chávena de uvas passas ou sultanas

1 colher de sopa de fermento em pó

1 colher de chá de bicarbonato de sódio

1 colher de chá de canela em pó

1/2 colher de chá de noz moscada

1 pitada de sal

 

Chávena = 250 ml capacidade

 

Pré-aqueça o forno nos 180º.

Unte 2 formas de bolo inglês médias ou 4 pequenas.

Descasque as maçãs e rale-as grosseiramente num ralador (uso este ralador)

Junte o açúcar, envolva e reserve uns 10 ou 15 minutos até o açúcar dissolver e ter ganho líquido.

Junte os ovos, o azeite, os frutos secos e as sultanas ou as uvas passas (se usar passas, pique-as grosseiramente)

Adicione a farinha, o fermento, o bicarbonato, a canela, o sal e a noz moscada, envolvendo sem bater.

Verta para as formas e leve a cozer cerca de 45 minutos - irá demorar menos se as formas forem pequenas ou mais alguns minutos se forem maiores. Faça o teste do palito para conferir.

 

MAIS RECEITAS DELICIOSAS E FÁCEIS COM MAÇÃ:

 

10
Out19

Bolo de pastel de nata [Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes #13]

Bolo de pastel de nata

Bolo de pastel de nata

 

Quem me conhece sabe, que apesar de eu cozinhar de tudo e partilhar aqui receitas diversificadas, a minha paixão são os bolos. Por isso, quando dei conta de que a Rita Nascimento, aka La Dolce Rita, tinha lançado um livro novo só com receitas de bolos, pensei logo em trazê-lo ao #dizmeoquelês - esta rubrica de que gosto tanto e que só é possível graças a uma parceria com a Bertrand Livreiros 🧡

 

Vieram cá só pela receita de Bolo de pastel de nata? Então façam scroll, que vão encontrá-la mais abaixo. Mas aposto que se forem gulosos como eu, vão querer saber mais sobre o livro, certo? Vamos a isso.

 

Bolo de pastel de nata

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE_EI O QUE COMES #13

"Um bolo por semana - 52 receitas para um ano de bolos" - Rita Nascimento - ArtePlural

Este é já o quarto livro da Rita, que toda a gente conhece do seu canal de sucesso no Youtube, o "La Dolce Rita" onde, através de vídeos simpáticos e bastante elucidativos, partilha as mais variadas receitas de pastelaria.

 

Os livros da Rita são um êxito [para além deste, tenho o "Uma pastelaria em casa" e já folheei os outros dois] e percebe-se por quê: são bastante objetivos e claros, sem deixarem de ser apelativos. As fotos, por exemplo, não apresentam uma produção complexa ou composição elaborada, são sobretudo "close-ups" dos bolos e das sobremesas, mas são luminosas e deixam-nos invariavelmente de água na boca.

 

Este último tem apenas algumas semanas de prateleira (saiu para as livrarias a 4 de outubro), mas tenho a certeza de que vai ser mais um best-seller. Um dos segredos é a experiência da Rita, sustentada por formação específica na área. Munida de todo o saber teórico, a Rita tem uma capacidade incrível de transformar esse conhecimento em métodos e formulações mais simples, para que todos em casa possamos facilmente elaborar receitas supostamente complexas [a Rita não sabe, mas tem aqui uma grande fã ❤️]

 

Livro "Um bolo por semana"

 

O tom próximo, alegre e descontraído, que a Rita usa tanto nos vídeos como no livro, ajudam a compor esta fórmula de sucesso, agora espelhada numa edição dedicada apenas a essa trave mestra da pastelaria caseira: os bolos.

 

São 52 receitas de bolos, para que ao longo de um ano não tenhamos de repetir receitas. E para que os resultados saiam perfeitos, o livro inclui, para além das receitas, informação sobre ingredientes, utensílios e dicas a ter em conta na hora de meter a mão na massa [incluindo a "Palavra de boleira" da Rita: comentários e sugestões relativamente a cada receita].

 

Quanto ao tipo de bolos, estes dividem-se nas seguintes categorias:

  • Bolos básicos e simples
  • Bolos aromáticos e reconfortantes
  • Bolos gulosos e para dias de festa

 

Existe ainda um capítulo com receitas auxiliares: cremes e complementos para coberturas e recheios. Para que possam fazer as vossas combinações e assim, em vez de 52 bolos, terem quantas receitas a vossa imaginação ditar!

Livro "Um bolo por semana"

 

A par de alguns clássicos, como o 'Bundt de chocolate', o "Bolo inglês", o "Bolo de claras" ou o "Bolo de ananás caramelizado", a Rita propõe-nos receitas originais e outras menos conhecidas, como o "Bolo de pastel de nata" que vos trago hoje (receita mais abaixo), o "Bolo tiramisu", o "Bolo tecomaleco", o "Bolo três leches" ou o "Bolo de chocolate crocante sem forno".

 

Só vos digo uma coisa: no dia em que tiverem o livro na mão, garanto-vos que vão querer fazer TODAS as receitas!  Estão em pulgas por esse momento? Saibam mais sobre o livro aqui >>> na livraria Bertrand online.

 

Resumindo:  "Um bolo por semana" é daqueles livros que não pode faltar na prateleira de alguém que adora mimar a família e os amigos com um bolo, seja de vez em quando, seja todas as semanas. O design gráfico do livro é funcional e apelativo, com boas fotografias, tiradas pela Rita. As receitas parecem ser todas acessíveis e estão bem escritas e detalhadas. O que eu mudaria? Em vez de referir o 'volume da massa' obtida em cada receita, mencionaria o tamanho mais adequado das formas a utilizar. De resto, o livro está de se devorar "página a página"!

 

Agora, sem mais demoras, a receita do delicioso Bolo de pastel de nata.

Bolo de pastel de nata

BOLO DE PASTEL DE NATA

Receita original: livro "Um bolo por semana" de Rita Nascimento

 

Para o bolo

3 ovos

100 g de açúcar

75 g de farinha sem fermento

1/2 colher de chá de canela em pó

1 base redonda de massa folhada

Açúcar mascavado qb (e maçarico) para decorar no final*

 

Para o creme pasteleiro

300 ml de leite meio-gordo

3 gemas

50 g de açúcar

25 g de amido de milho

25 g de manteiga fria

1 pau de canela

1 pedaço grande de casca de limão

 

Para a calda

150 ml de água

150 ml de açúcar

1 pedaço grande de casca de limão

 

Comece por fazer o creme pasteleiro.

Coloque num pequeno tacho o leite, o pau de canela e a casca de limão e leve ao lume.

Numa taça, junte as gemas, o açúcar e o amido de milho e mexa bem com as varas.

Quando o leite começar a fervilhar, descarte a canela e o limão e verta-o, aos poucos, sobre o preparado anterior, mexendo bem com as varas.

Deite esta mistura no tacho e leve de novo ao lume, mexendo sempre até começar a engrossar. Continue a mexer com as varas cerca de dois minutos após já estar a engrossar e ter começado a fervilhar.

Retire do lume e incorpore a manteiga partida em pedaços. Mexa até a manteiga derreter e ficar homogéneo. Passe para uma taça limpa e tape com película aderente ("colando" esta à superfície do creme, para não entrar ar e assim evitar que ganhe uma crosta).

Deixe arrefecer um pouco e leve ao frigorífico. Ele vai endurecer no frigorífico, por isso, antes de usar, bata-o na batedeira elétrica até ficar com uma consistência cremosa e uniforme.

 

Entretanto faça o bolo.

Unte muito bem e polvilhe com farinha uma forma redonda (usei uma com 18 cm de diâmetro). Forre o fundo com papel vegetal e volte a untar/enfarinhar.

Ligue o forno nos 180º.

Com a batedeira elétrica, bata os ovos com o açúcar durante uns 5 minutos, ou até a mistura ficar esbranquiçada e com o dobro do volume.

Peneire a farinha e junte-a, com a canela, ao preparado anterior, em duas ou três adições, envolvendo suavemente.

Verta para a forma e leve ao forno durante cerca de 20 minutos ou até um palito sair seco do centro do bolo.

Solte a massa das laterais da forma com a ajuda de uma faca e desenforme sobre uma rede forrada com papel vegetal. Deixe arrefecer completamente antes de o abrir ao meio.

Não desligue o forno e leve a cozer a base de massa folhada sobre papel vegetal e picada com um garfo. Deve demorar uns 20-25 minutos a ficar folhada e douradinha. Deixe arrefecer.

 

Enquanto o bolo está no forno, faça a calda: leve a ferver a água com o açúcar e a casca de limão até o açúcar estar bem derretido. Deixe ferver durante alguns segundos e está pronto. Deixe que arrefeça.

 

Para montar o bolo:

- Coloque a forma do bolo que usou sobre a massa folhada, sem pressionar, e com uma faca corte um círculo a toda a volta; reserve o círculo e esfarele as sobras, reservando-as numa taça;

- Parta o bolo a meio e coloque a metade de baixo no prato de servir. Regue com metade da calda e espalhe uma camada de creme de pasteleiro (que deve ter sido batido com a batedeira elétrica depois de ter estado no frigorífico);

- Coloque o disco de massa folhada por cima e volte a fazer uma camada de creme pasteleiro (atenção: não usem demasiado creme nestas camadas de recheio, se não ficam sem creme para barrar todo o bolo);

- Tape com a outra metade do bolo e regue esta com a restante calda;

- Por fim, barre todo o bolo com o restante creme pasteleiro;

- Espalhe açúcar mascavado no topo do bolo e queime com um maçarico (opcional)*

- Decore as laterais com as aparas de massa folhada.

 

*A receita original fala em açúcar em pó, mas comigo não resultou; para conseguir o efeito "leite creme queimado", tive de usar açúcar mascavado; o creme pasteleiro vai ganhar umas fendas, devido ao calor do maçarico, mas é normal.

 

Nota final: este bolo deve ser comido no dia em que é feito, para garantir uma massa folhada seca e crocante; em todo o caso, guardei o que sobrou no frigorífico e comeu-se bem no dia seguinte ;)

 

GOSTARAM DESTA RECEITA? SE SIM, ESPREITEM ESTAS TAMBÉM:

 

Teresa Rebelo

foto do autor

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