O que se faz enquanto se espera por uma consulta? As respostas podem variar. Há quem aproveite para fazer telefonemas, para mandar mensagens, ler um livro.... Eu, como sou uma esquecida e nunca ponho o livro que ando a ler na carteira (ler 'na mala', se não for do norte), ou escrevo headlines e bodycopies para o dia seguinte, ou folheio as revistas disponíveis na sala de espera. O que se pensarmos bem não é uma coisa muito higiénica, ainda por cima agora, com o vírus da gripe A a espalhar-se por tudo o que é sítio. Mas pronto, agarrar numa revista foi um acto a que não consegui resistir na minha última visita ao dentista. E ainda bem: ao folhear uma Happy de trás para a frente, dou de caras com várias receitas de risotto, acompanhadas de fotos bastante apetecíveis. Peguei no meu Moleskine e apontei as receitas por alto. A que mais me chamou a atenção foi a de risotto de tomate seco, uma vez que tinha em casa uma embalagem destes tomates e ainda não tinha decidido como lhes dar uso. Estava encontrado o prato para o jantar. E ainda que às vezes me pareça caricato ter ido buscar a inspiração a uma revista de consultório, tendo tantos livros de cozinha em casa, o que é certo é que ficou óptimo. Em relação à receita original, apenas respeitei a quantidade de tomate e o uso do manjericão. Quanto aos restantes ingredientes, usei praticamente os mesmos e nas mesmas proporções que sigo noutros risottos.
Risotto de tomate seco
Para 2
160 g de risotto (usei arborio da marca Gallo) 50 g de tomate seco (usei da marca Seeberger) 2 dentes de alho 500 ml de caldo de aves quente (ou um pouco menos se usar a água de hidratar o tomate) 1/2 copo de vinho branco 60 g de queijo parmesão ou a gosto 40 ml de azeite 6 folhinhas de manjericão + algumas para decorar Sal qb
Hidratar os tomates numa tacinha com água a cobri-los. Levar ao lume um tacho com um fundo de azeite e o alho picado. Deixar o alho cozinhar um pouco em lume médio. Escorrer e picar o tomate, reservando a água. Juntar o tomate, mexer e passado menos de um minuto juntar o risotto, mexendo para envolver o tomate por todo. Adicionar o vinho branco e deixar evaporar. Aos poucos ir adicionando o caldo (eu usei a água de hidratar o tomate, que ficou avermelhada e ajudou a dar cor e sabor ao arroz, para perfazer os 500 ml de líquido/caldo), mexendo sempre. Deve demorar cerca de 20 minutos a cozer, devendo ficar al dente. No final, juntar metade do parmesão, ralado na altura, temperar de sal, se achar necessário e juntar folhinhas de manjericão picadas. Levar à mesa mais parmesão e um ralador para que cada pessoa o adicione a gosto.
Comer risotto fora de casa nunca foi uma experiência memorável. Ou porque estava cozido demais e não al dente, ou porque estava muito salgado, ou porque não tinha grande sabor. Por isso demorei a optar pela via Do It Yourself. Mas um dia lá me resolvi a comprar uma embalagem de risotto Gallo. Depois de ensaiar as primeiras receitas, com base nas instruções do pacote, foi fácil chegar a uma fórmula perfeita. Tão perfeita que tenho resistido a novas combinações. Até porque esta já foi aprovada não só pela malta lá de casa, como por alguns amigos e familiares. Para quem quiser experimentar, aqui fica a receita. Só não digo as quantidades exactas de alguns ingredientes, porque eu própria os coloco a olho. Quanto aos tipos de risotto, já experimentei o arborio (marca Gallo) e o carnaroli (marca Pingo Doce). Gosto mais do primeiro.
Para 2
160 g de risotto ½ litro de água ou caldo de galinha* a ferver ½ copo vinho branco 1 cebola grande 3 dentes de Alho 1 emb. de cogumelos frescos (costumo usar os mais vulgares, brancos) Bacon Azeite 1 folha de louro (opcional) Vinho do Porto Vinagre balsâmico Sal Queijo parmesão (ou ´grana padano’ que é ligeiramente mais barato e idêntico em sabor e textura, talvez mais suave)
Começo por refogar os cogumelos (pode fazer-se isto com antecedência e reservar): azeite, louro, a cebola quase toda, 2 dentes de alho e bacon, estes três últimos aos cubinhos, até começar a alourar. Junto os cogumelos laminados e deixo cozinhar um pouco. Junto sal, vinagre balsâmico e vinho do Porto a gosto e deixo evaporar (não exagerar pois ainda vai levar vinho branco). Deixo apurar em lume brando, até os cogumelos ficarem bastante macios e com cor. Escorro os cogumelos reservando o líquido à parte. Noutro tacho, coloco um fundo de azeite com o resto da cebola e 1 dente de alho picados e mais um pouco de bacon aos cubinhos. Quando começar a estalar junto o arroz, deixo fritar um pouco e junto a mistura de cogumelos. Deixo cozinhar mais uns minutos e junto o vinho branco. Deixo evaporar. A partir daqui é só ir acrescentando a água ou o caldo e mexer sempre. É importante ir provando para verificar a consistência e rectificar o sal, sendo que o queijo e o caldo tipo Knorr já contribuem com bastante sal. Quando estiver perto do fim da cozedura (demora cerca de 20 minutos para o arroz ficar bem gomoso mas al dente) junto queijo ralado na altura e mexo bem. Levo mais queijo para a mesa para cada um ralar e polvilhar a gosto.
*Este é o único prato em que utilizo caldo tipo Knorr. Mas também já o fiz só com água e ficou bastante saboroso. Uma boa maneira de evitar usar o caldo industrial e garantir o sabor, e porque hoje em dia acho difícil alguém ter tempo para fazer o próprio caldo, é aproveitar o líquido que surge quando refogamos os cogumelos para perfazer a quantidade de água necessária.