Por estes dias, a situação inédita de vivermos em Estado de Emergência, devido à pandemia do COVID-19, mantém-se. É um tempo de incerteza, de angústia, de confinamento em casa. E isto para quem é privilegiado e pode, de facto, ficar em casa.
Esta edição do #Dizmeoquelês, sobre o livro "O Homem que comia tudo", de Ricardo Dias Felner, é, por isso, especialmente dirigida a quem agora está mais por casa, e:
a) tem mais tempo para ler
b) precisa de cozinhar receitas simples, com ingredientes básicos
Ricardo Dias Felner é jornalista e crítico gastronómico, com textos publicados em vários jornais e revistas: Expresso, Público, Visão, Sábado, Time Out e Grandes Escolhas, entre outros. No início deste ano lançou o livro "O homem que comia tudo", que é também o nome do seu blog, sob a chancela da Quetzal.
Convém esclarecer o quanto antes que o livro de Ricardo (que tem também um romance publicado, "Herói no vermelho"), não é um livro de receitas. É um livro que reúne uma série de crónicas e artigos sobre diversos aspetos e temas ligados ao universo da comida, nomeadamente sobre a comida portuguesa.
Uma vez por outra, surge uma receita, uma partilha do autor sobre as suas próprias experiências ao fogão. O Ricardo não gosta apenas de comer e de falar sobre comida. Também gosta de cozinhar. E de ir às compras, à procura dos melhores ingredientes.
Os textos são criativos e bem humorados. A mim fez-me lembrar a escrita de Anthony Bourdain. O que só pode ser bom, certo? O relato da sua aventura para encontrar e cozinhar insetos (não aconselhável a estômagos sensíveis, a par da crónica sobre os pratos mais estranhos que se comem no nosso país, como a caneja de infundície 🙈), o longo artigo sobre a odisseia da pesca à sardinha ou as odes ao bom pão, são apenas alguns exemplos do que pode ser lido ao longo destas 260 páginas, com muito prazer e curiosidade. E com um pouco de inveja também.
De entre as 8 ou 9 receitas do livro, escolhi a "Feijoada de chouriço picante à Relvas" (têm de ler o livro para perceber por que se chama assim!), para experimentar e trazer aqui. Não a segui à risca porque não tinha os ingredientes exatos e o que precisamos neste momento é de sermos flexíveis na hora de cozinhar.
O feijão - seja vermelho, manteiga (o indicado na receita) ou outro, é presença nos armários por estes dias e permite que não gastemos a proteína que podemos usar noutra refeição. Os restantes ingredientes não são muitos, nem são difíceis de haver aí por casa, digo eu. A receita original pede vinho branco. Eu não tinha. Substituí por um pouco de vinho do Porto. O tomate pedido era um tomate maduro. Eu só tinha tomate-cereja ou pelado de lata, que também serve. E por aí fora, percebem a ideia. No final, saiu uma feijoada rápida e deliciosa, aprovadíssima por dois adolescentes sempre com fome, cuja receita segue mais abaixo.
Resumindo: "O Homem Que Comia Tudo", como se pode ler na contracapa, "viaja em redor da mania portuguesa pela comida". É por isso um livro obrigatório para todos os que adoram comer ou falar sobre comida, o que pelas minhas contas corresponde a 99% da população portuguesa. Bem escrito, com humor e muitas informações úteis, desde onde encontrar carne de confiança aos restaurantes de frango assado onde se fica a lamber os dedos (se não podemos seguir estas dicas agora, servem de plano para quando a tormenta passar, rezando para que tudo continue no mesmo sítio). Acima de tudo, são páginas de puro entretenimento. Que é o precisamos para nos distraímos por estes dias.
Quando vi o título deste livro, identifiquei-me de imediato.
"Vegetariano em part-time" é uma forma bem mais criativa de designar o 'flexitariano', ou seja, aquele que nos seus hábitos alimentares inclui a carne (e o peixe), de vez em quando, mas privilegia os ingredientes de origem vegetal e as refeições vegetarianas. Parabéns, por isso, para quem traduziu para português o título do livro, que no original é "The flexible vegetarian".
Se aí desse lado estão também a fazer este caminho flexitariano, vão adorar este livro.
Aviso à navegação: este livro, com grande pena minha, não tem receitas de sobremesas.
Pelas minhas contas, são quase 90 receitas 'salgadas', distribuídas por diferentes tipos e momentos de refeição como podem ver no índice:
Introdução
A despensa de um vegetariano flexível
Pequenos-almoços e brunches
Sopas/caldos
Pratos simples
Pratos elaborados
Molhos/petiscos
Carne/Peixe cozinhados no ponto
Índice remissivo
Agradecimentos
São receitas desempoeiradas, modernas e criativas, que pometem ter bastante sabor. Foi difícil escolher a receita para trazer a este post. Acabei por optar pelas almôndegas, cujo nome original é 'almôndegas de beringela e quinoa com molho de tomate', porque tinha encontrado umas beringelas ótimas na feira e assim já tinha uma das refeições da semana decidida (ainda que tivesse algum receio de que os rapazes não fossem gostar).
Não posso dizer que estas são as melhores almôndegas vegetarianas que já comi, mas não ficaram nada mal e os rapazes aderiram facilmente a esta opção sem proteína de origem animal. Serviram-se mais do que uma vez, e o mais velho, no início um pouco reticente, terminou a mencionar a célebre frase "Primeiro estranha-se, depois entranha-se" 😆
No livro, de destacar que, à exceção das receitas do capítulo "Carne/peixe", todas as receitas são vegetarianas. A componente 'flexível' é dada como comentário ou sugestão de rodapé, em que a autora nos diz como podemos incluir ingredientes de origem animal na receita, de forma a torná-la um pouco diferente ou mais substancial.
Quanto à autora, Jo Pratt, é uma chef e food stylist inglesa, autora de livros de cozinha premiada, sendo o "Vegetariano em part-time" o seu terceiro e penúltimo livro. O mais recente dá pelo título "The flexible pescatarian".
Resumindo: graficamente, "Vegetariano em part-time" é dos livros mais simples e simultaneamente mais bonitos de que já falei aqui. As fotografias são lindas, com um styling minimalista mas perfeito. Está bem escrito e as receitas parecem estar bem detalhadas. Definitivamente, um livro de cozinha vegetariana que dá vontade de folhear vezes sem conta e fica bem em qualquer cozinha.
Como sempre, esta rubrica contou com o apoio da Livraria Bertrand, onde pode comprar e saber mais sobre o livro >>> Bertrand Online
*Este post contém links afiliados
ALMÔNDEGAS VEGETARIANAS
Ligeiramente adaptado da receita de beringela e quinoa do livro "Vegetariano em part-time", de Jo Pratt
Para cerca de 32 almôndegas
100 g de quinoa cozida
Azeite qb
1 cebola finamente picada
2 dentes de alho picados
2 beringelas médias em cubos (cerca de 450 g, pesadas inteiras)
200 g de cogumelos marron em cubos
75 g de pão ralado (usei caseiro)
50 g de queijo parmesão em lascas
50 g de azeitonas pretas descaroçadas
1 ovo
4 colheres de sopa de chia
6 colheres de sopa de flocos de aveia grossos
1 mão-cheia de folhas de manjericão
Sal e pimenta preta
Molho de tomate para servir
Numa frigideira, coloque um bom fio de azeite e refoque a cebola até começar a querer ganhar cor. Junte o alho, deixe cozinhar um pouco e adicione as beringelas.
Quando começarem a amolecer, junte os cogumelos e deixe cozinhar até estar tudo bem macio, o que deve demorar uns 20 minutos.
Tempere com sal e pimenta e deixe arrefecer uns 10, 15 minutos.
Coloque esta mistura no robot de cozinha, junte todos os outros ingredientes, coloque um pouco mais de sal e pimenta preta e triture até obter uma mistura moldável.
Faça bolinhas, coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal e leve ao frigorífico para ficarem mais firmes (eu fiz as minhas de véspera).
Quando for cozinhar, unte com azeite uma frigideira grande antiaderente, aqueça bem e cozinhe as almôndegas (sem as sobrepor, se não couberem todas na frigideira, faça em duas vezes), rodando-as com cuidado, até ficarem tostadinhas por todo.
Sirva com molho de tomate bem quente e couscous ou massa cozida.
Pode decorar com folhas de manjericão e lascas de parmesão.
Ainda que já tenha sido mais popular - as notícias sobre o insucesso financeiro de alguns dos seus projetos contribuíram para essa 'queda' - Jamie Oliver dispensa apresentações. E se há alguém que sabe fazer livros de cozinha, é seguramente este chef inglês e a sua equipa.
Pelas minhas contas, este é já o 22º livro de Jamie. E não é o primeiro a abordar a cozinha italiana. A paixão de Jamie Oliver por esta gastronomia é conhecida, muito por influência da sua passagem pelo restaurante River Café, no início da sua carreira, e também pela sua longa e forte amizade com Gennaro Contaldo, com quem, aliás, viajou por toda a Itália para fazer este livro.
Ainda que os sabores e as técnicas culinárias italianas estejam, de alguma forma, presentes em todos os seus livros, nos volumes "Jamie Does...", onde surge um capítulo dedicado a Itália, e no "Jamie's Italy", o seu amor por esta cozinha tinha sido já destacado. Tanto que quando me apercebi do lançamento deste livro, o meu primeiro pensamento foi "O quê? Mais um sobre Itália?" 🤪
Mas se é verdade que Jamie e a sua equipa sabem baralhar e dar de novo como ninguém - são peritos em reaproveitar receitas, alterando-lhes pequenos detalhes e apresentando-as com novas roupagens, como se fossem inéditas - também é certo que a riqueza e a capacidade de sedução dos sabores italianos prestam-se a isso mesmo, sem nunca nos cansarem.
Este é um livro à Jamie: grande formato, capa dura, 410 páginas, fotos maravilhosas de David Loftus - um dos melhores fotógrafos de comida do mundo (cuja carreira e sucesso são indissociáveis da sua parceria de anos e anos com Jamie), mais de 200 receitas, bem escrito, design gráfico irrepreensível.
O índice divide-se pelos seguintes capítulos:
Introdução
Antipasti
Saladas
Sopas
Massas
Arroz e Dumplings
Carne
Peixe
Acompanhamentos
Pão & Afins
Sobremesas
As bases
Um dos aspetos mais bonitos do livro (ainda que noutros dos seus livros Jamie já o tenha feito), é o facto nos dar a conhecer várias "nonnas" - "avós" italianas que cozinham magistralmente e há anos para as suas famílias e/ou pequenos restaurantes, partilhando algumas das suas receitas e dicas.
A receita que escolhi para testar, e que segue mais abaixo, foi a de "gnudi", que no italiano da Toscana significa "nu". O nome deve-se ao facto de serem feitos apenas com ricotta (usei requeijão), um recheio clássico dos raviolli, ou seja, é como se fossem raviolli "nus", sem a massa 😉.
Resumindo: "Jamie e a Cozinha Italiana" não é um livro inovador, nem no tema, nem no tipo de receitas, a que o Jamie Oliver nos habituou nos seus livros anteriores. No entanto, nota-se uma certa simplicidade, sobretudo no número de ingredientes das receitas e nos métodos de confeção, que me agradou bastante. É um livro muito bem feito, daqueles que se folheia com muito prazer e onde se colam post-its em quase todas as páginas.
Como sempre, esta rubrica teve o apoio da Livraria Bertrand 💛 em cuja loja online podem saber mais e comprar o livro >>> Bertrand online*
*Link afiliado
GNUDI [Almôndegas de requeijão]
Ligeiramente adaptado do livro "Jamie e a Cozinha italiana", de Jamie Oliver
Para 3 - 4 pessoas
500 de requeijão
50 g de parmesão ralado + um pouco para polvilhar no final
500 g de sêmola de milho para polenta
1 pitada de sal
1 pitada de pimenta preta acabada de moer
750 ml de molho de tomate caseiro
100 g de nabiças ou brócolos
Noz moscada para ralar na altura
De véspera, fazer as bolinhas:
- Colocar a farinha para polenta num prato fundo
- Escorrer o requeijão, desfazê-lo e misturá-lo com o parmesão ralado finamente e um pouco de sal e pimenta preta acabada de moer
- Fazer bolinhas (um pouco mais pequenas do que as almôndegas tradicionais) e passâ-las pela polenta, colocando-as noutra assadeira.
- Verter a polenta sobre as almôndegas, para cobri-las
- Levar ao frigorífico - mínimo 8 horas - sem tapar
No dia seguinte:
- Ligar o forno nos 180ºC
- Dar uma fervura aos brócolos ou às nabiças (devem ficar al dente)
- Colocar o molho de tomate num prato relativamente fundo de ir ao forno
- Dispôr as almôndegas, sacudindo o excesso de polenta
- Dispor os brócolos ou as nabiças
- Polvilhar com noz moscada e queijo parmesão ralado
- Levar ao forno até borbulhar e as almôndegas ficarem crocantes e tostadinhas
Servir com umas boas fatias de pão rústico.
Nota: nas fotos, está o resultado dos gnudi seguindo a receita original, que diz para se cozerem os mesmos em água com sal e passá-los por manteiga e noz moscada antes de se levarem ao forno no molho de tomate. No entanto, achei difícil este processo (os meus gnudi - prefiro chamar-lhes almôndegas - começaram a desfazer-se). Como não cozi todos, resolvi levar alguns ao forno sem cozer antes mas igualmente numa cama de molho de tomate, mantendo a capa de polenta (que desaparece na água de cozedura). Ficaram deliciosos e ainda melhores do que os primeiros, pois a polenta dá ao prato um contraste de texturas fantástico.
O livro que vos trago hoje foi um dos primeiros que escolhi para esta rubrica. Mas quando me vi com ele nas mãos, quando o folheei e lhe senti o pulso, vi que precisava de tempo para falar dele.
Esta rubrica existe porque adoro livros de cozinha, mas também porque gosto de me obrigar a experimentar receitas novas [e porque a Bertrand aderiu a esta ideia 💛].
Quando temos de cozinhar todos os dias para alimentar a família, é muito fácil cairmos na repetição, nas receitas que já sabemos que os miúdos gostam, naquelas que já lhes conhecemos as manhas, as versões e os atalhos.
O "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" só faz sentido se for mais do que uma apresentação ou crítica ao livro. Para mim, falar do livro é importante, até porque sei que muitos de vós partilham comigo esta paixão pelos livros de culinária, mas a receita é o ponto alto do post.
É através da replicação da receita que melhor percebo o estilo do autor, muitas vezes usando pela primeira vez determinados ingredientes. E sei que quem vem aqui, também vem pelas receitas, nem que seja para servirem de inspiração e ponto de partida. E, claro, é uma forma de ir diversificando os menus cá de casa, levando a família nesta saborosa viagem de descoberta.
Neste livro, que é acima de tudo um inventário do fumeiro português, encontramos as receitas dos próprios enchidos e produtos de fumeiro [uma empreitada que não é para mim], mas também algumas receitas de autor, que recorrem a produtos de charcutaria genuínos, artesanais, de elevada qualidade. Decidi que não poderia testar nenhuma dessas receitas com produtos correntes, de supermercado. Seria uma heresia, perante o incrível trabalho de recolha do Chef Nuno Diniz.
Mas no livro, obrigatório para quem aprecia e tem orgulho na nossa gastronomia, o autor diz-nos onde podemos encontrar os produtos. Por isso, depois de escolher a receita [d-e-l-i-c-i-o-s-o-s 'Croquetes do Barroso' de que falo mais abaixo] contactei o produtor que me poderia fornecer a Farinhota e a Sangueira necessárias. E descobri que enviavam os produtos por correio [não é maravilhoso?]. Mas não podia ser naquela altura, tinha de esperar pelo tempo mais frio, pois só então poderiam confecionar os enchidos. Tinha de esperar pelas condições favoráveis aos ventos e aos fumos de que este livro trata, magistralmente.
Por isso, só agora, ao 16º post, é que entra no palco do #Dizmeoquelês o livro "Entre ventos e fumos", do Chef Nuno Diniz, professor da Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Lisboa, consultor de diversos projetos gastronómicos, jurado de concursos televisivos e com um vasto curriculum na liderança de cozinhas de restaurantes, como o da York House, o Tágide ou o Volver.
Não é fácil arranjar palavras para começar a falar deste livro. Confesso que fiquei emocionada depois de folheá-lo e lê-lo de uma ponta à outra. O livro resultou de um apurado e longo trabalho de pesquisa por parte do Chef Nuno Diniz, que quis inventariar o excecional património gastronómico português no que diz respeito aos enchidos e produtos de fumeiro.
Nuno Diniz viajou por Portugal inteiro, incluindo as ilhas, ao longo de catorze anos. Aprendeu com as pessoas das aldeias, assistiu aos processos tradicionais [incluindo a matança do porco, onde não há parte do animal que não seja aproveitada], assimilou as diferenças regionais, tomou notas e notas. Fez (e faz) uso dos melhores produtos em receitas e refeições memoráveis, como os seus famosos cozidos. E, felizmente, aceitou partilhar todo esse saber connosco.
Depois dos textos introdutórios, os capítulos vão abordando as diferentes regiões, listando os respetivos produtos e, sobre cada um deles, indicando os ingredientes, o modo de confeção e identificando quem os produz e comercializa:
Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro
Entre o Douro e o Tejo
Ribatejo e Estremadura
O Sul e as Ilhas - Alentejo/Algarve/Açores e Madeira
[Dentro dos capítulos, o Chef Nuno Diniz descreve ainda os seus três cozidos épicos, que organiza anualmente e que começam a ser preparados com dias de antecedência]
Aqui ficamos a saber o que são os Azedos, o Lombo Enguitado, a Peituga, a Moma, a Cupita e a Paiola. O Palaio e o Mangote. O Chabiano e o Plangaio. A Paiola e Painho. A Butifarra. A Sangueira e a Farinhota. E a lista de especialidades poderia continuar. E claro, aqui há também lugar para os produtos mais conhecidos como o chouriço e a chouriça, o salpicão, a alheira, a morcela, a farinheira e o presunto. São mais de 100 os produtos listados e descritos.
Antes do capítulo final, com o sugestivo título "Um epílogo, a fechar, sem conclusões...", surgem "Os pratos do fumo e da névoa", onde estão descritas 40 receitas de autor. Algumas pareceram-me demasiado complexas [ainda que intrigantes e apetecíveis] para as minhas competências amadoras, por isso, escolhi para brilharem neste post os "Croquetes do Barroso", cuja receita não me assustou e que podem encontrar mais abaixo.
Resumindo:Este não é um livro de receitas, ainda que as tenha. É, acima de tudo, um livro sobre a nossa gastronomia tradicional e regional, um verdadeiro repositório de informação e conhecimento sobre a arte do fumeiro em Portugal. Uma verdadeira bíblia, merecedor de lugar de honra, ao lado de livros como o "Cozinha Tradicional Portuguesa", da Maria de Lourdes Modesto. Um contributo valioso para a preservação dos saberes associados a esta componente tão especial e única da nossa cozinha, que são os enchidos e os produtos de fumeiro. As fotografias do livro - há imagens para grande parte dos produtos - são da autoria de Marta Teixeira e são tão bonitas quanto simples, com uma luz fabulosa, a fazer brilhar os protagonistas.
Para saber mais sobre o livro "Entre ventos e fumos" >>>Livraria Bertrand
Entrevistas onde podem ficar a conhecer melhor este chef, de discurso assertivo e (potencialmente) polémico:
Receita do livro "Entre Ventos e Fumos", do Chef Nuno Diniz, que utiliza enchidos tradicionais da região do Barroso, formada pelos concelhos de Montalegre e Boticas, em Trás-os-Montes.
Para 26 croquetes
30 g de manteiga
30 g de farinha sem fermento
100 g de leite quente (aqueça mais leite, pode precisar)
1 cebola média bem picada
1 sangueira picada*
1 farinhota picada*
Azeite
3 folhas de gelatina
Sal e pimenta
1 ovo
Pão de centeio duro ralado
Óleo de milho para fritar
Começar a preparar a receita com pelo menos 6 horas de antecedência.
Colocar as folhas de gelatina a demolhar em água fria abundante, cerca de 10 minutos.
Pique bem os enchidos e reserve [não achei esta tarefa muito fácil, porque os enchidos eram bastante húmidos e desfaziam-se mais do que ficar picados, mas com paciência, consegue-se].
Fazer o bechamel: coloque a manteiga e a farinha num tacho e deixe cozinhar uns 5 minutos, mexendo sempre.
Juntar o leite quente aos poucos [tenha cuidado, pois vai espirrar] e ir mexendo até obter um bechamel bastante consistente, o que deve demorar aí uns 10 minutos.
Numa frigideira, saltear a cebola numa colher de sopa de azeite.
Temperar com um pouco de sal e pimenta.
Juntar a sangueira e a farinhota e cozinhar durante cerca de 5 minutos.
Juntar o bechamel e as folhas de gelatina bem escorridas.
Envolver tudo muito bem, verter para um tabuleiro, alisar e levar ao frio cerca de 6 horas antes de moldar os croquetes.
Antes de fritá-los, passe-os pelo ovo batido e pão ralado.
*Pode encomendar os enchidos diretamente à empresa Fumeiro do Barroso, que os enviará, à cobrança, pelo correio. Zona Industrial De Montalegre, Lt. 13, Montalegre, Vila Real - Tel.: 276 511 511
Uma dúzia! Com o desta semana, já são 12 os livros [e as receitas] que passaram por aqui, desde que iniciei o #dizmeoquelês em parceria com a Bertrand Livreiros. E sabem qual a melhor parte deste projeto? É ficar a conhecer livros e experimentar receitas que, de outra forma, dificilmente se cruzariam no meu caminho.
O livro que vos trago hoje é disso exemplo. Ainda que goste e de vez em quando faça refeições vegetarianas/vegan, não sigo estes regimes alimentares e não são os livros com estas receitas aqueles que mais me tentam, salvo algumas exceções [como os livros de Yottam Ottolenghi, por exemplo]. Mas o objetivo desta rubrica é falar dos livros disponíveis no mercado, por isso, tenho tentado mostrar-vos de tudo um pouco. Assim, esta semana falo-vos de "O Menu da Semana", de Vânia Ribeiro, autora do blogue Made by Choices
Vieram cá só pela receita de hambúrgueres de tofu? Se sim, é fazer scroll, que ela aparece mais abaixo😉
A Vânia é formada em Naturopatia e concilia esta área com o blogue Made by Choices, criado em 2015 para "ajudar e inspirar outras pessoas a fazer escolhas conscientes e mais saudáveis". Neste âmbito, dinamiza regularmente workshops de cozinha.
Neste segundo livro, "O Menu da Semana", para além de partilhar mais de 80 receitas, a autora foca-se no planeamento das refeições, na importância das escolhas ao nível dos ingredientes e na organização de despensa e da logística da compras, enquanto pilares de uma alimentação saudável.
A primeira coisa que me chamou a atenção ao pegar no livro, foi o facto de não encontrarmos na capa, contracapa ou folha de rosto, algo que nos diga que as receitas do livro recorrem apenas a produtos de origem vegetal. Ainda que haja uma ou outra referência à alimentação "vegetariana" nos textos introdutórios, não me parece suficiente. Percebo que se queira 'normalizar' este regime alimentar e que a intenção tenha sido não 'rotular' o livro como 'vegan'. Julgo, no entanto, que para a grande maioria dos consumidores, referir essa particularidade na capa ainda faz todo o sentido.
Em todo o caso, "O Menu da Semana" é um livro bastante completo, dentro da especificidade referida, que junta teoria (informação) à prática (receitas). A primeira parte do livro é a mais teórica. Até à página 67, o que nos aparece são dicas da autora para uma alimentação mais saudável. Há informação nutricional sobre alguns ingredientes, informação sobre a melhor maneira de armazenar e preparar alguns alimentos e um calendário sazonal de frutas, hortícolas e oleaginosas (para se saber qual a época do ano de cada ingrediente).
Nesta parte, encontramos ainda os conteúdos que justificam o título: dicas para elaborar um menu semanal, com a inclusão de um plano já estruturado, onde receitas do livro foram distribuídas ao longo de quatro semanas (almoço e jantar) - um recurso muito útil, até porque inclui algumas anotações sobre tarefas de preparação prévia, essenciais para o sucesso de algumas das receitas.
Na segunda parte do livro vêm as receitas, divididas em cinco capítulos:
- Sopas
- Para acompanhar
- Vegetais (sobretudo saladas)
- Comida de conforto (muitos pratos de forno)
- Para levar (muitas sugestões para marmitas)
As receitas têm um ar muito apetitoso, com boas fotografias a acompanhar todas elas. Apesar do papel das páginas não ser o meu favorito - é um pouco brilhante - tenho de concluir que esta opção dá mais vida às imagens, tornando a comida mais apelativa.
As receitas estão bem escritas e apresentadas detalhadamente por passos numerados. Incluem uma 'ficha técnica' com número de doses, grau de dificuldade, tempo de confeção e tempo de conservação no frigorífico (e no congelador, se for adequado). Há ainda um textinho inicial a contextualizar cada receita, muitas vezes com informação extra sobre os ingredientes em destaque ou o modo de confeção.
Relativamente aos ingredientes utilizados, há alguns difíceis de encontrar num supermercado comum, como a levedura nutricional (ou levedura de cerveja), o tamari (molho de soja sem glúten), o miso (pasta de soja fermentada), o amaranto (cereal sem glúten) ou a farinha de araruta. Mas também é verdade que há cada vez mais lojas e mercearias especializadas nestes artigos e as secções dos produtos "saudáveis" dos hipermercados estão cada vez mais completas. Nem todas as receitas pedem produtos tão específicos, mas convém lembrar que estes também podem ser comprados online.
Resumindo:"O Menu da Semana" é um livro de cozinha, que para além de uma componente informativa sobre organização, planeamento e menus semanais, apresenta mais de 80 receitas para almoço ou jantar (não inclui doces ou sobremesas) apenas com produtos de origem vegetal. É um livro consistente, bem escrito e bem fotografado, especialmente útil para quem segue uma dieta vegetariana ou vegan.
Querem saber mais sobre a Vânia? Podem acompanhar o seu trabalho no blogue "Made by Choices", e ainda no facebook e no Instagram.
Querem saber mais sobre o livro? Espreitem aqui na Bertrand online.
Passemos agora à receita do livro que escolhi: hambúrgueres de tofu com ervas frescas [com molho de iogurte, também do livro] 😋
HAMBÚRGUERES DE TOFU COM ERVAS FRESCAS [E MOLHO DE IOGURTE]
Receita original: livro "O Menu da Semana" de Vânia Ribeiro
Para 4 hambúrgueres grandes
300 g de tofu firme
1/2 chávena de farinha de aveia
2 colheres de sopa de linhaça dourada moída
2 dentes de alho picados
Cerca de 8 hastes de coentros frescos picadas
Cerca de 6 folhas de hortelã fresca picadas
Cerca de 4 folhas grandes de manjericão fresco picadas
1 colher de chá bem-cheia de pimentão doce
1 colher de chá de ervas da Provença
2 colheres de sopa de molho de soja (ou um pouco mais)
1 colher de sopa de azeite extra-virgem
1 colher de sopa de água (se necessário)
Pimenta preta acabada de moer qb
Sal marinho (se necessário)
Passar o tofu por água e secar.
Num processador, picar grosseiramente o tofu.
Juntar os restantes ingredientes à exceção da água.
Verificar se está moldável: se estiver seco, junte uma colher de sopa de água ou mais um pouco de molho de soja (sem exagerar!). Se estiver demasiado húmido junte um pouco mais de farinha de aveia.
Faça bolas com a massa, achatando-as e dando-lhes a forma de hambúrgueres.
Pincele um grelhador com azeite e grelhe os hambúrgueres uns 6/7 minutos de cada lado (vai depender do tamanho dos hambúrgueres).
Para o molho de iogurte
Receita original: livro "O Menu da Semana" de Vânia Ribeiro
5 colheres de sopa de iogurte vegetal (usei iogurte natural)
5 folhas grandes de manjericão fresco picadas
5 hastes de coentros frescos picadas
1 colher de sobremesa de óregãos
1-2 colheres de sumo de limão
Sal marinho qb
Numa taça, juntar todos os ingredientes e misturar bem. Provar e retificar os temperos, se necessário.
Sirva a acompanhar os hambúrgueres no prato ou em pão, com palitos de batata doce assados no forno.
GOSTARAM DESTE POST? SE SIM, ESPREITEM ESTES TAMBÉM:
Quem me acompanha na missão de aproveitar o verão até ao último raio de sol e até ao último dia de manga curta e perna ao léu?
Na próxima semana começa definitivamente o ano letivo (pelo menos para os dois estudantes cá de casa), daqui a nada entramos no outono, mas a verdade é que setembro chegou acalorado e ainda há alguns fins de semana para gozar ao ar livre. Ainda não arrumei os cestos e as mantas dos piqueniques e já sei que sanduíches irei levar para o próximo almoço al fresco: estes bagels caseiros recheados com coisas boas, incluindo o Peito de Peru Forno a Lenha da Primor Charcutaria.
As suas fatias finas, nutricionalmente equilibradas e com um delicado sabor fumado, são a estrela destas camadas coloridas, que incluem alface, tomate, cebola roxa, queijo cheddar e ainda um molho de mostarda e mel... Foi o nosso almoço on the road no dia em que fomos de férias e souberam-nos pela vida.
Não querem ter o trabalho de fazer os bagels? Não se preocupem, o Peito de Peru Forno a Lenha Primor, da gama Balance, é um produto versátil e, com estes ou outros ingredientes a acompanhar, faz umas sanduíches deliciosas em qualquer tipo de pão. Eu usaria um pão chapata, umas fatias de pão rústico ou, por que não, um pão brioche adoçicado para contrastar com o salgado do queijo e do Peito de Peru.
De seguida, deixo a combinação de ingredientes que usei para estas sanduíches, assim como a receita dos bagels, ligeiramente adaptada da receita de bagels da Filipa Gomes.
Enjoy!
SANDUÍCHES DE BAGEL COM PEITO DE PERU FORNO A LENHA PRIMOR
Comece por preparar os bagels. Colocar uma pequena parte da água numa taça, com o açúcar e o fermento de padeiro. Misturar e deixar repousar 5 minutos. Na taça da batedeira, colocar a farinha, o sal e quase toda a água morna (se por um lado, pode não precisar de toda, por outro, no final, poderá ter que acrescentar mais um pouco, vai depender do tipo e da marca de farinha que utilizar). Juntar a mistura de fermento e açúcar, voltar a misturar e amassar com o gancho da batedeira cerca de 6 minutos, até obter uma massa elástica e pouco pegajosa. Tapar com película aderente e deixar levedar até dobrar de volume. Assim que tiver duplicado de volume (vai depender da temperatura ambiente, mas se o fizer por estes dias, deve demorar cerca de 30 a 45 minutos), voltar a amassar mais um pouco manualmente e formar um rolo. Dividir em 8 parte iguais e moldar cada parte numa bola.
Passar o polegar por farinha e pressionar o centro da bola, fazendo um orifício e dando-lhes a forma de um donut. Polvilhar com farinha, tapar com um pano e deixar levedar mais cerca de 15 minutos. Entretanto, ligar o forno nos 220º e colocar um tacho largo com água ao lume. Transferir cada bagel para o tacho de água a ferver (não vão caber todos de uma vez, porque ficam bastante grandes) e deixar cozinhar um minuto de cada lado, virando-os com a ajuda de uma escumadeira.
Colocar sobre um tabuleiro forrado com papel vegetal e untado com azeite. Entretanto, bater um ovo com uma colher de sopa de água e pincelar os bagels. Polvilhá-los com as sementes escolhidas e levar a cozer durante cerca de 20 minutos.
Retirar, deixar arrefecer e estão prontos para rechear!
Para rechear:
Lavar a alface e os tomates e preparar todos os ingredientes do recheio, incluindo o molho. Para fazer este, basta colocar numa tacinha 1 colher de sopa de mostarda, 1 colher de sobremesa de mel e juntar azeite até obter um molho encorpado mas relativamente fluído. Temperar com pimenta preta acabada de moer (e sal, se achar necessário).
Abrir os bagels ao meio e barrar a metade inferior com queijo creme. Sobrepor uma folha de alface, fatias de Peito de Peru Forno a Lenha, uma fatia de queijo cheddar, rodelas de tomate, aros de cebola, e terminar com um bom fio de molho de azeite, mostarda e mel.
Bom apetite!
Post patrocinado. No entanto, o conteúdo foi desenvolvido e escrito inteiramente por mim, expressando as minhas ideias e opiniões livres sobre o produto.
GOSTOU DESTE POST? SE SIM, ACHO QUE TAMBÉM VAI GOSTAR DESTES:
Se dúvidas houvesse, pelo menos para quem me segue há menos tempo ou de forma mais esporádica, a rubrica "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" - que conta com o apoio da Livraria Bertrand - prova que cá em casa se come de tudo e se gosta de experimentar tudo.
A semana passada trouxe um livro "vegan". Hoje, o livro não podia ser mais diferente. Ainda que também inclua opções vegetarianas, no segundo livro traduzido para português de Matt Preston [um dos famosos jurados do MasterChef Austrália] não faltam receitas que incluam proteína animal.
Falo do "Delicioso, Fácil, Rápido" - um livro portentoso, cheio de cor e sabor.
[Se quiserem ir já para as receitas, é só fazer scroll 😉]
Este é um "senhor livro". É grande e pesado, ou seja, não é dos livros mais práticos para consultar enquanto se cozinha [Dica: tirem uma foto com o telemóvel à receita que querem fazer e usem aquele em vez do livro 😁].
Aqui, estão quase 300 páginas de puro entretenimento. Sim: o livro vale para além das suas receitas, sobretudo para quem aprecia aspetos como o tom da escrita, a qualidade das fotografias ou o design gráfico. Quem segue o MasterChef Austrália sabe que Matt é um tipo com uma presença incrível e um humor refinado, e isso sente-se no livro.
Por falar no programa, imagino que saibam que a próxima temporada deste célebre concurso televisivo já não irá contar com o famoso trio de apresentadores. Depois de uma alegada negociação frustrada entre a produtora e os jurados, foi anunciado que o trio emblemático irá deixar o programa, após 11 temporadas de enorme sucesso. Notícias dão conta, porém, que o abandono se deveu a uma situação desconfortável e polémica protagonizada por George Calombaris, outro dos emblemáticos jurados. Apesar de não ter seguido as últimas edições do programa, fiquei um pouco triste e desiludida, sobretudo a ser verdade o que os media dizem de Calombaris. Os apresentadores eram a alma daquele programa e estou curiosa para ver quem os vai substituir.
Voltando ao livro. A capa promete que as refeições demoram "30 minutos ou menos a preparar". E a "rapidez" é mesmo um atributo destacado no título. Mas atenção: não confundam "30 minutos a preparar" com "ficarem prontas em 30 minutos" [há ainda o tempo de cozedura e, muitas vezes, o tempo de repouso para a marinada].
Mesmo sem prestar grande atenção à legenda do início das receitas (onde surgem todos os "tempos" necessários), é fácil ver pela quantidade de ingredientes e pela descrição, que o ponto forte da generalidade das receitas não é, definitivamente, a rapidez [ainda que as que reproduzo neste post sejam simples e relativamente rápidas - por isso as escolhi, que eu sou bem preguiçosa 😆].
Mas para quem gosta de ler livros de cozinha como se fossem romances [☝️], isso não é uma coisa má. E a verdade é que o livro apresenta algumas receitas mesmo fáceis e apetitosas. Na verdade, apetitosas parecem todas! A qualidade da fotografia, styling incluído, é excelente e a consequência é ficarmo-nos a babar ao folhear o livro.
E depois há o tom divertido com que Matt escreve (será mesmo ele ou será um ghost writer?), como as introduções cómicas feitas a cada receita. E há ainda o fantástico design gráfico do livro: rico e suculento, como uma boa receita de comida de conforto.
Este não é um livro de uma pessoa só. Uma produção destas é impossível ser feita apenas pelo autor, como muitas vezes acontece em Portugal. É um projeto cujo investimento envolvido por certo nos faria corar. O que se entende, tendo em conta a visibilidade de Matt e o potencial de distribuição à escala global. Aliás, o trabalho de equipa está espelhado na página dos agradecimentos, onde se percebe que Matt Preston esteve rodeado de profissionais, da fotografia ao desenvolvimento das receitas, do styling à confeção das mesmas. O resultado é um livro muito consistente e apelativo, mas que para mim tem um defeito enorme: só tem receitas salgadas 🤪!
Resumindo: "Delicioso, Fácil, Rápido" é um livro fantástico de receitas salgadas, sobretudo para quem gosta de receitas que misturam 'cozinhas' com um toque de contemporaneidade. A enorme quantidade de receitas (a capa fala em 127 refeições, mas acho que o número total de receitas, contando com saladas e outros acompanhamentos, supera este número) é uma das suas virtudes, bem como a variedade ao nível de categorias, ao incluir pratos principais, acompanhamentos, 'pratos de festas', carne, peixe, vegetarianas, 'para comer no sofá', 'para usar sobras', 'para impressionar', etc. O design e a fotografia merecem nota máxima.
Definitivamente, um livro que nos empurra para a cozinha, mas que também se come com os olhos.
GRATINADO DE GNOCCHI COM SALADA DE CURGETE E ERVILHAS
Ligeiramente adaptado do livro "Delicioso, Fácil, Rápido" de Matt Preston
Para o gratinado:
(6 pessoas)
2 embalagens de gnocchi pré-feitos (500 g cada - na secção das massas)
70 g de manteiga
Cerca de 650 ml de leite
50 g de farinha sem fermento
70 g de queijo parmesão ralado
40 g de queijo cheddar ralado
1 colher de sopa de cebolinho picado
Pimenta preta acaba de moer
Cerca de 100 g de bacon em cubos ou às tirinhas
Para a salada:
2 chávenas de ervilhas congeladas
1 curgete finamente fatiada
Cerca de 1/2 chávena de nozes
3 colheres de sopa de salsa
2 colheres de sopa de azeite extravirgem
1 colher de sopa de sumo de limão
1 pitada de sal
Pimenta preta acabada de moer
Para os gnocchi, coza-os de acordo com as instruções da embalagem.
Escorra-os e reserve-os.
Ligue o forno nos 180º (ou 160º ventoinha)
Faça um béchamel, levando a derreter a manteiga num tacho. Junte a farinha e deixe cozinhar alguns minutos. Depois vá acrescentando o leite, mexendo sempre e cozinhando até obter um creme homogéneo.
Adicione os queijos, mexa bem e tempere com pimenta preta preta acabada de moer.
Retifique o sal, se achar necessário.
Envolva os gnocchi neste creme e coloque o preparado num ou mais recipientes próprios para forno.
Espalhe o bacon e leve ao forno durante cerca de 30 minutos ou até ficar dourado e a borbulhar.
Sirva com a salada.
Para a salada, mergulhe as ervilhas em água a ferver durante uns dois ou três minutos e passe-as por água fria para parar a cozedura. Passe-as para a taça de servir, junte os restantes ingredientes, envolva bem, para espalhar o tempero e está pronta a servir.
GOSTOU DO POST? SE SIM, ACHO QUE TAMBÉM VAI GOSTAR DESTES:
Mas, tal como prometido, aqui está um novo livro. E esta semana trago não uma, mas duas receitas: camarão com quiabos cozinhados num molho à base de leite de coco e tomate e chamuças vegetarianas. Sabores exóticos que nos chegam do Cantinho do Aziz - "o mais antigo restaurante moçambicano em Portugal" , através do livro "Cozinha Moçambicana", cuja autora é a chef responsável pelo restaurante.
Há já algum tempo que andava curiosa sobre este livro. Este ano, quando fui à Feira do Livro de Lisboa apresentar um showcooking Yämmi e dar a conhecer os livros de receitas deste robot de cozinha, o showcooking antes do meu foi precisamente o da Chef Jeny Sulemange. Não imaginam a fila que se formou para degustar os pratos que tinha cozinhado, notava-se que as pessoas estavam a adorar o que estavam a comer. Na altura, ocupada em preparar o showcooking, não pude provar as iguarias nem pude dar muita a atenção ao livro, em destaque na banquinha junto ao palco-cozinha da Feira do Livro. Mas adicionei-o à minha (interminável) wish list.
Cozinhar e provar pratos de outros países é uma forma maravilhosa de viajar e enriquecer a nossa cultura. Nas minhas estantes tenho uma prateleira dedicada à "cozinha do mundo" e é com o maior prazer que ali vou arranjar espaço para este livro colorido e "positivo".
Sim, este é um livro cheio de boas energias, que vale pelas receitas simples que nos dão a conhecer um pouco da gastronomia moçambicana, mas sobretudo pela história - ou histórias - que nos conta. Nunca estive no Cantinho do Aziz (Aziz é o apelido do marido de Jeny, filho dos fundadores do restaurante), mas gostei de saber que este restaurante existe em Lisboa desde 1983 e que foi, sobretudo nos primeiros tempos, um porto de abrigo, onde muitos moçambicanos iam para matar as saudades do seu país e para desabafarem sobre política. Hoje em dia é um restaurante procurado pelos comensais mais diversos, incluindo imensos turistas, atraídos pelas várias reportagens publicadas no estrangeiro.
Um sucesso tal, que hoje já existe um Cantinho do Aziz em Leeds, Inglaterra, e, depois de uma experiência em formato pop-up, é bem provável que o Cantinho do Aziz abra brevemente em Nova Iorque.
Este não é um livro extenso, são pouco mais de 50 receitas, entre entradas, pratos principais, acompanhamentos, cocktails e sobremesas. São bastante simples de executar, sendo que algumas são muito parecidas, quase que variando apenas a proteína utilizada. Uma das coisas giras do livro é o facto de muitos pratos terem nomes vindos de dialetos moçambicanos. "Matapa de Amendoim", "Yuca Malaku", "Yuca Miamba", "Miamba Macua", "Ikala", etc. Muitos destes nomes remetem para os ingredientes: "miamba" é camarão e "ikala" é caranguejo, por exemplo.
Há um aspeto, comum a várias receitas, de que gostei bastante. A maior parte dos pratos principais são pratos "caldosos", ou seja, com os ingredientes principais (camarão, frango, legumes, etc.) envolvidos em molho, quase sempre feito à base de leite de coco, cebola e tomate. O curioso é que este molho se prepara, em quase todos os casos, sem refogado e sem qualquer gordura para além da naturalmente presente no leite de coco. É só ferver o leite de coco com a cebola e o tomate, triturar, e depois colocar aí a cozer os restantes ingredientes. Saudável, certo?
Não foi fácil escolher a primeira receita a experimentar, por isso, resolvi fazer duas. A verdade é que, se por um lado há várias receitas que pedem ingredientes básicos e fáceis de encontrar, outras há, mais exóticas, cujos ingredientes só se arranjam nos grandes hipermercados, como é o caso dos quiabos - que comprei e usei aqui pela primeira vez - os caranguejos ou a banana-pão.
Resumindo: é um livro que transmite autenticidade e que nos enriquece do ponto de vista gastronómico. Perfeito para quem adora leite de coco, amendoim e camarão - são várias as receitas que os incluem. Numa próxima edição talvez fosse interessante explicar onde se podem encontrar alguns ingredientes (como aguardente de caju ou massa para chamuças - nas chamuças deste post usei massa filo, mas fiquei a pensar se não haverá à venda uma massa específica para chamuças, apesar de uma pesquisa rápida não me ter elucidado).
As fotografias (já sabem que valorizo muito esta componente) não são extraordinárias, mas são honestas, mostrando o essencial do prato, e todas as receitas vêm acompanhadas de imagem, o que eu aprecio. As receitas são bastante simples e permitem-nos dar o nosso toque pessoal.
Vamos cozinhar?
CHAMUÇAS VEGETARIANAS [NO FORNO] [adaptado do livro "Cozinha Moçambicana", de Jeny Sulemange]
Para cerca de 24
65 ml de água 25 g de farinha de trigo 1 molho pequeno de coentros 1 cebola grande 200 g de milho cozido 200 g de queijo mozzarella ralado 8 folhas de massa filo Óleo ou azeite qb
Numa tacinha, junte a farinha e a água, mexa bem e reserve (é a "cola" para fechar as chamuças). Pique os coentros e a cebola. Coloque numa taça grande e junte o milho e o queijo. Ligue o forno nos 180º Desenrole as folhas de massa filo. Corte-as ao comprimento em 4 tiras cada folha. Coloque um montinho de massa na ponta inferior de cada tira e vá dobrando em triângulo até terminar a massa - veja aqui o tutorial fantástico da Clara de Sousa. No final, cole a ponta de massa filo com a mistura de água e farinha. Coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal. Pincele-as levemente com um pouco de óleo ou azeite. Leve ao forno numa posição central - função ventoinha, se tiver - cerca de 20 minutos ou até estarem bem coradas e estaladiças. Devem ser servidas ainda quentes, para o queijo não endurecer.
CAMARÃO COM QUIABOS [do livro "Cozinha Moçambicana", de Jeny Sulemange]
Para 4 pessoas
5 tomates pequenos 1 cebola 800 ml de leite de coco 100 g de quiabos frescos 500 g de camarão sem casca (cerca de 1 kg de camarão com casca) Sal qb Pimenta preta acabada de moer (opcional)
Coloque o leite de coco numa panela (ou no copo do robot de cozinha), junte o tomate e a cebola partidos em quartos e deixe cozinhar uns cinco minutos. Retire do lume e triture. Nesse molho coloque os quiabos e deixe ferver 3 a 5 minutos. Junte o camarão e cozinhe mais 2 a 3 minutos. Prove e retifique o sal, à partida terá de adicionar bastante sal (para cortar com a doçura do leite de coco, também adicionei pimenta preta acabada de moer). O livro sugere que se sirva com "shima de milho" (uma papa feita com farinha de milho e água) ou arroz de coco (arroz basmati cozido em leite de coco). Eu servi com arroz basmati simples.
SE GOSTA DESTA RUBRICA, VAI GOSTAR TAMBÉM DESTE POST:
Eu, batateira, me confesso. Adoro batatas. Normais e doces. Fritas, assadas ou em puré.
E há muito que queria experimentar fazer as famosas batatas Hasselback - estas batatas assadas que parecem um acordeão e cujo nome se deve ao facto de terem sido inventadas, na década de 50 do século passado, por um cozinheiro sueco que trabalhava no restaurante 'Hasselbacken', em Estocolmo.
Desafiada pela Primor a cozinhar com os seus fios de bacon, lembrei-me de que este era um ótimo pretexto para, finalmente, fazer estas batatas. Sabiam que os fios de bacon Primor têm sido distinguidos com o prémio "Escolha do Consumidor" há já seis anos consecutivos? Para além de um excelente sabor, este produto, apresentado de forma inovadora, oferece versatilidade, permitindo mil e uma utilizações: pizzas, folhados, topping de sopas, sanduíches, quiches... e, claro, batatas Hasselback!
O ideal é usarem batatas novas para esta receita, para terem uma casca fina e assarem mais rapidamente e também terem todas um tamanho semelhante, para que o tempo de assadura seja o mesmo. Eu gosto delas bem assadas e douradas, por isso, mesmo não sendo muito grandes as batatas que eu usei, estas estiveram no forno cerca de uma hora, ainda antes de adicionar o bacon e o queijo. Numa palavra: de-li-ci-o-sas!
BATATAS HASSELBACK COM BACON E PARMESÃO
Para 4 pessoas, como acompanhamento
12 batatinhas novas médias
75 g de bacon em fios Primor
2 colheres de sopa de azeite
1 colher de sopa bem cheia de manteiga
Sal e pimenta preta qb
Queijo parmesão ralado qb
Salsa ou outra erva aromática para polvilhar
Pré-aqueça o forno nos 200º.
Lave bem as batatas.
Apare a base de cada batata, de modo a ficarem bem pousadas.
Apoiando cada batata numa tábua, faça uma sequência de golpes fundos à sua largura - como se fosse cortar às rodelas, mas sem chegar a cortar completamente - obtendo uma espécie de acordeão fechado.
Forre um tabuleiro de ir ao forno com papel vegetal e pincele-o com o azeite.
Esfregue um pedacinho de manteiga em cada batata.
Tempere-as com sal e pimenta e leve ao forno durante cerca de 1 hora.
Vá vigiando. Quando estiverem praticamente prontas (espete uma faca na polpa da batata para confirmar), retire do forno, deixe arrefecer até poder tocar-lhes e distribua os fios de bacon pelas ranhuras das batatas.
Espalhe parmesão ralado por cima e leve de novo ao forno durante uns 5 minutos, até o bacon ganhar cor e ficar estaladiço.
Decore com salsa picada fresca.
Excelentes como acompanhamento de carne grelhada ou servidas com salada para uma refeição mais leve.
Post patrocinado. No entanto, o conteúdo foi desenvolvido e escrito inteiramente por mim, expressando as minhas ideias e opiniões livres sobre o produto.
Depois de um excelente Natal em família, pelo qual estou profundamente agradecida, e ainda antes de começar os preparativos para o Ano Novo, estou de volta para vos mostrar um prato de bacalhau diferente, que desenvolvi a convite da Parmalat.
Em casa dos meus pais, na noite do dia 31 de dezembro, sempre se repetiu o menu da noite de consoada: bacalhau cozido com todos. Ora, este não é dos pratos favoritos das gerações mais novas. Sensível ao torcer de narizes, a minha mãe começou a ter sempre um prato alternativo, tanto no Natal como na passagem de ano: o seu famoso bacalhau coberto.
Mas a verdade é que este peixe tão apreciado pelos portugueses é tão versátil, que não precisamos de o apresentar sempre da mesma maneira. Aliás, já diz a frase popular que há mil e uma maneiras de cozinhar bacalhau.
A minha lasanha de bacalhau com béchamel de coentros é mais uma opção para essa comprida lista. Para além do fiel amigo, leva imensos legumes, unidos pela cremosidade do béchamel Parmalat, ao qual juntei os aromáticos coentros. Uma sugestão que podem já pôr em prática no jantar de réveillon, no caso de serem anfitriões nessa grande noite.
Resta-me desejar-vos que 2019 seja um ano verdadeiramente ímpar, que no final valha a pena recordar. Vamos fazer por isso?
LASANHA DE BACALHAU COM BÉCHAMEL DE COENTROS
Para 6 pessoas
3 lombos de bacalhau demolhado
1 cebola pequena
1 cebola grande
4 dentes de alho
1 folha de louro
1 cenoura grande
1 talo de alho francês
1 curgete pequena
5-6 tomates chucha maduros
750 ml de molho béchamel Parmalat
20 g de coentros (cerca de uma mão-cheia)
6 a 8 placas de lasanha frescas
Azeite q.b.
Sal q.b.
Pimenta preta q.b.
Noz-moscada q.b.
Comece por cozer os lombos de bacalhau em água abundante, juntamente com a cebola mais pequena, um dente de alho e a folha de louro.
Num tacho grande, coloque um fundo de azeite e adicione a outra cebola, picada. Deixe alourar um pouco e junte os restantes dentes de alho, picados. Passados alguns minutos, junte o alho francês partido às rodelas finas, a cenoura ralada e a curgete sem casca e partida em cubinhos. Tempere com sal, pimenta preta acabada de moer e noz moscada. Tape e deixe cozinhar até ficar bem macio, mexendo de vez em quando. Se achar que está a ficar seco, pode juntar um pouco de água (ou de vinho branco).
Depois de escorridos e arrefecidos, lasque os lombos de bacalhau e junte as lascas ao preparado de legumes, envolvendo bem e retificando os temperos, se necessário.
Pique bem os coentros e junte-os ao molho béchamel Parmalat (se preferir, pode colocar o béchamel e os coentros num robot de cozinha ou no copo da varinha mágica e triturar).
Corte os tomates em rodelas finas.
Ligue o forno nos 160º - função ventoinha.
Para montar:
Escolha uma assadeira de tamanho apropriado e coloque um pouco do molho béchamel com coentros no fundo. Cubra com uma ou mais placas de lasanha. Espalhe por cima 1/3 da mistura de bacalhau e legumes e disponha por cima rodelas de tomate. Espalhe um pouco de molho béchamel por todo. Volte a fazer uma camada de placas de lasanha, seguida de uma camada da mistura de bacalhau e legumes, de uma camada de tomate e cubra mais uma vez com béchamel. Repita a sequência, uma vez mais (se estiver muito alto, abdique da camada de rodelas de tomate). Termine com placas de lasanha e o restante molho béchamel por cima. Leve ao forno durante cerca de 25/30 minutos. Nos minutos finais, se lhe quiser dar mais cor, coloque a assadeira num nível superior e ligue alguns minutos a função grill. Sirva com uma salada de alface e rúcula ou com legumes verdes cozidos.
Nota: o tempo de cozedura e a temperatura do forno variam consoante a marca e o tipo de placas de lasanha que utilizar. Se for fresca, o cozimento é normalmente rápido, tal como descrito na receita; se usar das secas, mesmo que pré-cozidas, vai demorar mais tempo e talvez seja melhor aumentar a temperatura de forno e usar mais um pouco de molho béchamel.