À terceira tentativa, temos conteúdo para post. Este chocolate quente foi a terceira receita que testei deste livro. A primeira foi um tiramisù delicioso. Acontece que quando fui fotografá-lo, o tempo estava pior do que péssimo. Apesar de ser início da tarde, não havia praticamente luz, chovia desalmadamente. Ainda tirei algumas fotos, mas ficaram horríveis. Claro que podia ter tentado fotografar o tiramisù na manhã seguinte, mas... era demasiado bom para não o comermos de sobremesa ao jantar desse dia!
Na manhã seguinte, nova receita: galette des rois. Em vez de uma, decidi fazer várias mais pequenas. Nunca tinha feito esta receita natalícia francesa, mas tendo em conta a época, achei que seria perfeito. Parecia que iam ficar lindas... mas já no forno o recheio começou a sair furiosamente das empadas doces folhadas. Ficaram praticamente sem recheio. Provei-o: demasiado doce e a saber muito a manteiga.
Havia que escolher outra receita. Desta vez, a eleita foi o Chocolate quente espumoso. Uma receita descomplicada, a fazer jus ao título do livro (e eu simplifiquei-a ainda mais), deliciosa e mais saudável do que o chocolate quente tradicional, uma vez que é feito com bebida de coco e adoçado com geleia deste fruto.
Se vieram só pela receita, é fazer scroll e encontram-na mais abaixo. Se ficaram curiosos sobre este livro, está lançado o 18º #Dizmeoquelês - rubrica que conta, como sempre, com o apoio da livraria Bertrand.
Este é o que se pode chamar um Senhor Livro. São mais de 400 páginas com 200 receitas, acompanhadas da promessa de conseguirmos pô-las em prática sem complicações. Desde logo pela forma como são apresentadas: em vez da habitual listagem de ingredientes seguida do método de confeção, ingredientes e indicações estão condensados numa espécie de esquema. Uma linguagem mais gráfica e visual, que ajuda a pôr de lado o receio e a preguiça que eventualmente uma receita possa provocar.
Mas não se pense que não é preciso olhar para o esquema mais do que uma vez, até porque não estamos habituados a que nos apresentem assim as receitas. Se é original? É! [Atenção: este não é o primeiro livro a seguir este caminho, nomeadamente os livros de cozinha infantis usam muitas vezes esta fórmula] Se é prático na hora de sabermos quais os ingredientes de que precisamos? Nem por isso. Mas a verdade é que é uma questão de nos habituarmos a percorrer o esquema com o olhar; à terceira ou quarta receita, fica mais fácil. E podemos sempre anotar os ingredientes num papelinho.
Outra originalidade do livro é que as suas páginas não são numeradas, mas as receitas sim. Ou seja, no índice as receitas surgem por ordem alfabética e, à frente, em vez da indicação da página, surge o seu número de receita. Nada a opôr.
Quanto ao tipo de receitas, há de tudo um pouco:
Entradas
Carne
Peixe
Legumes
Sobremesas
Bebidas
São receitas relativamente consensuais, que recorrem a uma grande variedade de ingredientes e tipos de confeção, notando-se em muitas delas o gosto francês - este livro é uma tradução do livro "La cuisine sans bla bla" das edições Larousse. Há pratos de massa e de arroz; há comida de tacho e de forno; há sopas e saladas; há opções vegetarianas, há cocktails e bebidas quentes. E há muitas sobremesas onde já colei post-its [quero acreditar que o azar que tive com a receita de galette de rois se deveu ao facto de eu não ter deixado um rebordo suficientemente largo, sem recheio, a toda a volta; é um facto que não gostei muito do sabor, mas também acho que não foi a melhor maneira de provar a receita, por isso não descarto a hipótese de lhe dar uma segunda oportunidade].
Resumindo: "Cozinha descomplicada" é um livro giro, com design e fotografias apelativas e receitas apetitosas, com uma abordagem que junta o clássico ao contemporâneo, mas todas simples e rápidas. Agora que vem aí o Natal, pode ser uma ótima prenda para aquela filha que foi estudar e viver para fora, para aquele sobrinho que acabou de casar ou para aquele amigo para quem, como eu, a expressão "demasiados livros de cozinha" não existe!
A partir do livro "Cozinha Descomplicada" - Larousse
Para 2 copos/canecas
340 ml de bebida de coco ['leite vegetal' de coco e não 'leite de coco' em lata]
65 g de chocolate de culinária
1 colher sobremesa de geleia de coco [ou outro adoçante do género, tipo mel ou agave, a gosto]
4 ou 5 gotinhas de extrato de baunilha
Coloque no copo do processador de cozinha a bebida de coco e o chocolate partido em pedacinhos. Programe uns 5 minutos a 90ºC ou até o chocolate ter derretido.
Adicione os restantes ingredientes e pulse/triture durante uns bons segundos para que fique emulsionado e ganhe espuma.
Divida pelos copos e sirva.
Nota: a bebida de coco tem um sabor bastante neutro e discreto comparado com o leite de coco de lata; se gostar muito do sabor do coco, aconselho a seguir a receita original e usar leite de coco de lata e água de coco.
Depois de um excelente Natal em família, pelo qual estou profundamente agradecida, e ainda antes de começar os preparativos para o Ano Novo, estou de volta para vos mostrar um prato de bacalhau diferente, que desenvolvi a convite da Parmalat.
Em casa dos meus pais, na noite do dia 31 de dezembro, sempre se repetiu o menu da noite de consoada: bacalhau cozido com todos. Ora, este não é dos pratos favoritos das gerações mais novas. Sensível ao torcer de narizes, a minha mãe começou a ter sempre um prato alternativo, tanto no Natal como na passagem de ano: o seu famoso bacalhau coberto.
Mas a verdade é que este peixe tão apreciado pelos portugueses é tão versátil, que não precisamos de o apresentar sempre da mesma maneira. Aliás, já diz a frase popular que há mil e uma maneiras de cozinhar bacalhau.
A minha lasanha de bacalhau com béchamel de coentros é mais uma opção para essa comprida lista. Para além do fiel amigo, leva imensos legumes, unidos pela cremosidade do béchamel Parmalat, ao qual juntei os aromáticos coentros. Uma sugestão que podem já pôr em prática no jantar de réveillon, no caso de serem anfitriões nessa grande noite.
Resta-me desejar-vos que 2019 seja um ano verdadeiramente ímpar, que no final valha a pena recordar. Vamos fazer por isso?
LASANHA DE BACALHAU COM BÉCHAMEL DE COENTROS
Para 6 pessoas
3 lombos de bacalhau demolhado
1 cebola pequena
1 cebola grande
4 dentes de alho
1 folha de louro
1 cenoura grande
1 talo de alho francês
1 curgete pequena
5-6 tomates chucha maduros
750 ml de molho béchamel Parmalat
20 g de coentros (cerca de uma mão-cheia)
6 a 8 placas de lasanha frescas
Azeite q.b.
Sal q.b.
Pimenta preta q.b.
Noz-moscada q.b.
Comece por cozer os lombos de bacalhau em água abundante, juntamente com a cebola mais pequena, um dente de alho e a folha de louro.
Num tacho grande, coloque um fundo de azeite e adicione a outra cebola, picada. Deixe alourar um pouco e junte os restantes dentes de alho, picados. Passados alguns minutos, junte o alho francês partido às rodelas finas, a cenoura ralada e a curgete sem casca e partida em cubinhos. Tempere com sal, pimenta preta acabada de moer e noz moscada. Tape e deixe cozinhar até ficar bem macio, mexendo de vez em quando. Se achar que está a ficar seco, pode juntar um pouco de água (ou de vinho branco).
Depois de escorridos e arrefecidos, lasque os lombos de bacalhau e junte as lascas ao preparado de legumes, envolvendo bem e retificando os temperos, se necessário.
Pique bem os coentros e junte-os ao molho béchamel Parmalat (se preferir, pode colocar o béchamel e os coentros num robot de cozinha ou no copo da varinha mágica e triturar).
Corte os tomates em rodelas finas.
Ligue o forno nos 160º - função ventoinha.
Para montar:
Escolha uma assadeira de tamanho apropriado e coloque um pouco do molho béchamel com coentros no fundo. Cubra com uma ou mais placas de lasanha. Espalhe por cima 1/3 da mistura de bacalhau e legumes e disponha por cima rodelas de tomate. Espalhe um pouco de molho béchamel por todo. Volte a fazer uma camada de placas de lasanha, seguida de uma camada da mistura de bacalhau e legumes, de uma camada de tomate e cubra mais uma vez com béchamel. Repita a sequência, uma vez mais (se estiver muito alto, abdique da camada de rodelas de tomate). Termine com placas de lasanha e o restante molho béchamel por cima. Leve ao forno durante cerca de 25/30 minutos. Nos minutos finais, se lhe quiser dar mais cor, coloque a assadeira num nível superior e ligue alguns minutos a função grill. Sirva com uma salada de alface e rúcula ou com legumes verdes cozidos.
Nota: o tempo de cozedura e a temperatura do forno variam consoante a marca e o tipo de placas de lasanha que utilizar. Se for fresca, o cozimento é normalmente rápido, tal como descrito na receita; se usar das secas, mesmo que pré-cozidas, vai demorar mais tempo e talvez seja melhor aumentar a temperatura de forno e usar mais um pouco de molho béchamel.
Faltam apenas três dias para o Natal e, por aqui, já se vive a quadra em pleno, alinhavando sobremesas e planeando um apetitoso recheio para o peru que este ano me toca a mim preparar.
Relativamente aos doces, confesso que não sou muito fã das sobremesas tradicionais de Natal, ainda que goste das rabanadas da minha mãe, da aletria com ovos da minha sogra e de bolo-rei torrado comido ao pequeno-almoço nos dias a seguir ao Natal.
Mas há uma sobremesa natalícia importada de que gosto bastante: o Tronco de Natal. Não só pelo chocolate (claro que ter chocolate faz este bolo ganhar muitos pontos na minha lista de favoritos), mas também pela sua forma tão rústica, um pouco infantil até. Na minha família é sempre uma tia que o faz, por isso nunca me tinha dado para meter as mãos na massa.
Mas andava curiosa, até para ver como me desenrascava com a decoração. Assim, este ano resolvi juntar duas receitas infalíveis: torta de Viana e ganache de chocolate e fazer o meu próprio Tronco de Natal. Sim, esta é uma receita de Tronco muito simples (há versões mais ricas, em que o recheio e a cobertura levam doce de castanha, ou em que a própria massa é de chocolate, por exemplo).
O resultado do primeiro teste foi este e acho que ficou bem catita. Uma dica que acho mesmo importante é aplicar a cobertura com saco e bico pasteleiro, para evitar levantar massa de bolo com a espátula (aproveitei e fiz 2 em 1: usei um bico serrilhado e fiz logo as estrias do tronco). Para a próxima, irei usar um bico pasteleiro para distribuir o creme, mas depois tentarei fazer uns desenhos mais orgânicos.
Também fiz uns cogumelos de suspiro, com umas claras que andavam perdidas no frigorífico, para decorar, mas é totalmente opcional. Aliás, com a humidade que anda no ar por estes dias, fazer suspiros não é uma tarefa fácil, pois ficam muito frágeis, desfazendo-se facilmente.
Antes de passarmos à receita, resta-me desejar-vos um Feliz Natal e um 2019 repleto de bons momentos à mesa (e fora dela!).
O TRONCO DE NATAL DO LUME BRANDO
Para a massa:
6 ovos
125 g de açúcar
100 g farinha sem fermento
1 vagem de baunilha
Açúcar em pó qb
Para o recheio e cobertura:
300 g de natas para bater
300 g de chocolate de culinária
Açúcar em pó e/ou cacau para decorar
Outra decoração a gosto
Começe por preparar a ganache de chocolate: parta o chocolate em pedacinhos para uma taça resistente ao calor.
Leve as natas ao lume num tachinho e assim que começar a fervilhar, retire do lume e coe ao mesmo tempo que as verte para a taça do chocolate. Espere alguns minutos e mexa bem com um batedor de varas até obter um creme liso e brilhante. Reserve.
Entretanto, ligue o forno nos 200º. Forre um tabuleiro com papel vegetal (usei o tabuleiro do forno, com cerca de 40 cm x 30 cm) e unte com manteiga/polvilhe com farinha ou aplique spray desmoldante. Numa taça, junte as gemas, o açúcar e as sementes do interior de uma vagem de baunilha. Bata durante cerca de cinco minutos com colher de pau ou um batedor de varas. Bata as claras em castelo e envolva-as na mistura das gemas. Adicione a farinha peneirada aos poucos e envolve bem para que fique integrada na massa. Verta sobre a forma, alise e leve ao forno cerca de 12-14 minutos ou até o palito sair seco do seu interior. Desenforme sobre um pano de cozinha húmido e polvilhado com açúcar em pó. Aguarde uns minutos e retire o papel vegetal com cuidado.
Espere mais uns três ou quatro minutos, para que arrefeça mais um pouco, e espalhe uma camada de ganache, alisando com uma espátula ou as costas de uma colher. Enrole a placa de bolo a partir de um dos lados mais compridos, com a ajuda do pano. Deixe que arrefeça completamente, ao mesmo tempo que a ganache sobrante, a usar na cobertura, vai ficando mais espessa.
Quando a ganache sobrante tiver adquirido a textura ideal (espessa mas moldável - pode acelerar o processo colocando-a no frigorífico, mas tenha atenção para que não fique demasiado dura), prepare um saco com bico pasteleiro e encha o saco com ganache.
Apare as pontas do rolo e corte ainda duas fatias grossas, mas de tamanho diferentes, para fazerem de "braços cortados" do tronco (ficam muito bem cortados de forma enviesada). Passe o rolo maior para o prato de servir e disponha as fatias grossas ao seu gosto.
Disponha a ganache por todo o bolo, dando-lhe o efeito pretendido (pode distribuir a ganache por todo e depois alisar e fazer desenhos com uma espátula ou um garfo).
Termine com açúcar e cacau em pó, azevinho, pinhas, ramos de pinheiro, cogumelos de suspiro ou outra decoração a gosto.
No post anterior, falei no meu desejo de em 2019 experimentar receitas que tenho listadas há muito, como alguns pratos clássicos que por um ou outro motivo nunca cozinhei. Uma delas era o Paris-Brest, uma sobremesa francesa elaborada com massa choux. Com esta massa já fiz profiteroles (tenho uma receita no meu livro, "Estava tudo ótimo!") e já fiz éclairs. Mas nunca tinha experimentado fazer o Paris-Brest.
Sempre que ouvia falar neste clássico da pastelaria francesa, achava que o nome se devia a um qualquer itinerário de comboio, entre Paris e uma cidade russa, talvez porque associasse a sua forma circular a uma pista de comboio de brincar. Mas sabem uma coisa? Estava redondamente enganada (trocadilho 100% acidental ;)!
Afinal, a forma da sobremesa pretende lembrar a roda de uma bicicleta, tendo sido criada por um pasteleiro chamado Louis Durand, em 1910, a pedido do fundador e organizador de uma importante prova de ciclismo entre Paris e a cidade francesa de Brest. A sobremesa fez imenso sucesso logo na altura, nomeadamente entre os ciclistas, devido ao aporte calórico que lhes oferecia. O recheio original terá sido um creme praliné, uma espécie de creme pasteleiro com amêndoas ou avelãs, mas depressa começaram a surgir variações.
Aliás, o Paris-Brest que me fez antecipar este projeto foi o incrível Paris-Brest de framboesa que vi no Instagram da Zoë François. Quando o vi, pensei: parece uma coroa, por que não transformá-lo numa sobremesa natalícia? Daí a chegar ao recheio de castanha, não demorou muito. E pronto, a minha primeira resolução para 2019 começou a ser cumprida ainda em 2018. E parece que bem cumprida: fez bastante sucesso e desconfio que até ao réveillon ainda vão sair mais Paris-Brests desta cozinha...
PARIS-BREST COM RECHEIO DE CASTANHA E MASCARPONE
Para a massa:
(Segui a receita da massa de profiteroles do meu livro, que é feita com água e azeite, sem leite ou manteiga, mas podem usar qualquer outra receita de massa choux)
180 ml de água
70 ml de azeite
100 g de farinha sem fermento
3 ovos à temp. ambiente
1 pitada de sal
1 pitada de açúcar
Ovo para pincelar
Amêndoas laminadas ou palitadas
Para o recheio:
200 g de creme/doce de castanha (usei da marca Bonne Maman)
200 g de mascarpone bem frio
140 g de natas para bater bem frias
1 fio de sumo de limão
Açúcar em pó para decorar
Molho de chocolate para servir (opcional mas recomendável!)
Comece por fazer a massa: leve um tacho ao lume com a água, o azeite, o sal e o açúcar.
Assim que começar a fervilhar, adicione a farinha toda de uma vez e mexa bem com uma colher de pau. Vá mexendo até se formar uma bola de massa uniforme que se descola do tacho, o que deve demorar poucos minutos.
Retire do lume e passe a massa para a taça da batedeira elétrica, deixando-a arrefecer durante cerca de 10 minutos.
Pré-aqueça o forno nos 210º.
Numa folha de papel vegetal, marque bem, com um lápis, um círculo com cerca de 16 cm de diâmetro. Forre um tabuleiro com esta folha virada ao contrário.
Ligue a batedeira numa velocidade média (preferencialmente com o acessório das massas e não das claras em castelo), e vá juntando os ovos, um a um, batendo sempre até obter uma massa macia, brilhante e uniforme.
Coloque a massa num saco munido de um bico pasteleiro liso (o meu bico tinha 1 cm de diâmetro) e faça um círculo de massa sobre a marcação do papel. De seguida, faça um novo círculo de massa no interior do círculo e colado a este. Termine com um círculo por cima da união dos dois primeiros (podem ver como se faz nos destaques das stories da Zoë François, ou então num dos muitos vídeos que há no YouTube).
Com a massa sobrante pode fazer um Paris-Brest mais pequeno ou alguns profiteroles.
Pincele a massa com ovo batido, salpique com amêndoas laminadas ou palitadas e leve ao forno durante cerca de 20-22 minutos ou até se aperceber que está bem insuflado e que descola bem do papel (sinal de que está bem cozido).
Entreabra a porta do forno (coloque um pano de cozinha dobrado ou o cabo de uma colher de pau para criar uma frincha) e deixe arrefecer lá dentro.
Para o recheio, coloque na taça da batedeira o queijo mascarpone e as natas e comece a bater para obter chantilly. A meio, adicione um fio de sumo de limão (ajuda a prender). Quando estiver bem firme, junte aos poucos o doce de castanha e continue a bater (vá provando e ajustando a quantidade de doce de castanha ao seu gosto). Deve obter um creme macio mas espesso.
Entretanto, corte o Paris-Brest a meio com uma faca de serrilha (corte pela união do círculo de cima aos de baixo).
Coloque o creme de castanha numa saco munido de um bico pasteleiro em estrela e disponha creme por toda a base do Paris-Brest. Coloque a tampa de massa e polvilhe com açúcar em pó. Repita o processo com os profiteroles ou a outra coroa.
Eu servi com molho de chocolate e aconselho (basta derreter no microondas alguns quadrados de chocolate preto ou de culinária com um pouco de leite, mexer bem e já está!).
Nota: esta é uma sobremesa que se deve comer no próprio dia; se pretender cozer a massa de véspera, guarde-a depois numa caixa hermética e no dia leve-a de novo ao forno durante alguns minutos; o ideal é rechear apenas antes de servir, para que a massa se mantenha seca e crocante. Caso esteja recheado e não vá servir logo, guarde no frigorífico.
Parece-me incrível que faltem apenas duas semanas para o Natal. Normalmente, começo a entrar no espírito da quadra de cada ano fazendo muitos planos: de decoração, de receitas para as festas de família, de presentes comestíveis. Mas depois, os dias começam a atropelar-se e nunca consigo fazer tudo o que tinha idealizado.
Este ano, com o atraso das obras que estamos a fazer no nosso apartamento – era suposto já estarem prontas, mas ainda nem sequer sei se poderei acordar no dia de Natal em casa, o que me tem deixado os nervos em franja - os planos ficaram ainda mais em suspenso.
Estando a viver em casa de um dos meus irmãos, tenho uma cozinha à minha disposição, mas fazem-me falta as minhas coisas, o meu forno, as minhas formas, os meus utensílios. Digamos que trouxe comigo um kit de sobrevivência, mas estou limitada a receitas mais simples, sobretudo no que toca a bolos e sobremesas.
Fazer bolachas, por exemplo, não é muito prático, pois não tenho uma grande área de trabalho. Pelo que andei a pensar numa lembrança de Natal que não exigisse grande “produção”, mas que fosse deliciosa. E aqui está ela: alperces secos banhados em chocolate negro.
Aviso já de que são altamente viciantes, por isso sugiro que façam uma dose bem generosa, para poderem ficar com alguns. Pensando bem, nem é preciso o pretexto do Natal e dos presentes para experimentar esta coisa boa: estes alperces com chocolate funcionam na perfeição como um snack ou como um pequeno mimo para acompanhar o café. Yummy!
ALPERCES SECOS COM CHOCOLATE NEGRO
Para 50
50 alperces secos – cerca de 400 g
160 g de chocolate negro
Forre um tabuleiro com papel vegetal. Leve a derreter o chocolate em banho-maria.
Mergulhe metade de cada alperce no chocolate e coloque a secar sobre o papel vegetal. Repita com os restantes alperces. Deixe secar bem o chocolate antes de guardá-los em frascos ou sacos de celofane.
Já há muito que queria partilhar convosco uma das receitas de família que me são mais queridas. O “Bacalhau coberto” da minha mãe - e o nome do prato é mesmo assim, curto e simples - é uma instituição. Desde pequena que o vejo a ser servido na véspera de Natal - feito sobretudo a pensar nos mais novos, que torciam o nariz ao bacalhau cozido com todos. Mimos de mãe e de avó.
E se é verdade que volta e meia a minha mãe prepara esta receita, é no Natal e nos dias mais frios que esta comida de conforto nos sabe melhor. Desafiada pelo Bacalhau da Islândia a apresentar uma receita onde o fiel amigo fosse a estrela*, lembrei-me então de cozinhar o ‘Bacalhau coberto’, elogiado por todos os que já o provaram. Uma receita que tem atravessado gerações, pois a minha mãe aprendeu a fazê-la com a minha avó paterna.
É natural que a minha mãe lhe tenha dado o seu toque pessoal e eu, depois de apontar a receita, decidi também introduzir um ou outro detalhe, que não altera em nada a sua essência: puré, cebolada em azeite generoso, bacalhau cozido lascado, ovo cozido, puré, azeitonas. Ou seja, um empadão de bacalhau, mas que já a minha avó Luísa designava por “Bacalhau coberto”.
A qualidade do bacalhau é essencial para a qualidade final da receita e com o Bacalhau da Islândia, não há como não ficar um prato delicioso. Não é à toa que lhe chamam “o melhor bacalhau do mundo”. Pescado de forma sustentável nas águas geladas islandesas e salgado de acordo com o saber transmitido de geração em geração nas aldeias piscatórias desta ilha do norte da Europa, o Bacalhau da Islândia apresenta uma lasca perfeita e um sabor irrepreensível, depois de corretamente demolhado.
Um peixe que nos chega de um país frio e cheio de maravilhas naturais (a Islândia está no topo da minha wishlist de viagens), e que vem aquecer as nossas mesas com um mundo de possibilidades em termos de receitas. Este “Bacalhau coberto” é apenas uma das mil e uma formas de cozinhar este ingrediente nobre, e o meu desejo é que que sirva de mote para momentos felizes à volta da mesa.
BACALHAU COBERTO
Para 5/6 pessoas
Para o puré:
1 kg de batatas descascadas e cortadas aos pedaços
200 g de cenoura descascada e ralada
400 ml de leite meio-gordo
Sal, pimenta preta e noz-moscada qb
1 colher de sopa bem cheia de manteiga
Para o recheio:
3 lombos de Bacalhau da Islândia demolhado
4 dentes de alho
2 folhas de louro
1 cebola pequena + 2 cebolas grandes
3 ovos
2 colheres de sopa de pimento vermelho em conserva
Azeite
Para finalizar:
1 ovo batido
1 punhado de azeitonas descaroçadas
Comece por fazer o puré, usando um robot de cozinha ou uma panela tradicional. Leve a cozer no leite a batata e a cenoura (esta deve ser ralada, para que fique cozida ao mesmo tempo que a batata), temperando com sal, pimenta preta e noz-moscada. Quando estiver tudo bem cozido, junte a manteiga e reduza a puré.
Entretanto leve a cozer os lombos de bacalhau com um dente de alho esmagado, uma cebola e uma folha de louro. Noutro tacho com água, leve a cozer três ovos – coloque na água um fio de vinagre para que depois seja mais fácil descascá-los.
Numa frigideira ou tacho baixo e largo, coloque um bom fundo de azeite e leve a refogar as restantes cebolas cortadas em meias-luas e os restantes dentes de alho laminados e uma folha de louro. Deixe cozinhar até a cebola estar bem macia e a ficar translúcida.
Pré-aqueça o forno nos 180º. Antes de começar a montar o empadão, lasque o bacalhau, eliminando peles e espinhas e descasque e parta os ovos em rodelas.
Pincele uma assadeira com azeite e faça uma camada com cerca de metade do puré. Regue com a maior parte da cebolada e faça uma camada com as lascas do bacalhau. Disponha por cima as rodelas de ovo cozido, espalhe tirinhas de pimento vermelho assado em conserva e salpique com mais um pouco da cebolada. Tape com o restante puré.
Espalhe por cima algumas azeitonas descaroçadas e pincele com ovo batido. Leve ao forno até sentir que está bem quente, a borbulhar e com uma cor dourada. Sirva com legumes cozidos.
Notas:
- Este é daqueles pratos práticos de forno, que pode ser preparado com antecedência e depois é só colocar no forno, sem stress ou cozinha desarrumada;
- Continuo sem cozinha (e sem casa, na verdade). Esta sessão fotográfica foi, por isso, feita em casa dos meus pais. O que, tendo em conta a receita, fez todo o sentido ;)
Uma viagem de trabalho do G. a Viena, há umas semanas atrás, transformou-se numas miniférias a dois.
A altura não podia ter sido melhor, com a cidade já envolta numa alegre e colorida atmosfera natalícia.
Deu para perceber que esta é uma época muito importante para os austríacos, na sua maioria católicos. Nas ruas do centro não faltam iluminações, as coroas de advento vendem-se em todo o lado e os mercados de natal surpreendem-nos a cada esquina. Estes são uma espécie de feiras de artesanato, onde se destacam as bancas que vendem bolas e outros enfeites de natal - lindos mas caríssimos - e as bancas que servem os famosos punsch e glühwein, as bebidas quentes que ajudam os grupos de amigos e as famílias que se juntam nas praças ao fim da tarde, a afastar o frio.
Já não nos lembrávamos de andar tanto a pé. A cidade é bem maior do que imaginávamos e, apesar da excelente rede de transportes públicos, caminhar pareceu-nos a melhor maneira de ficar a conhecê-la. O resultado, para além dos músculos cansados e da alma cheia de mundo, foram centenas de fotografias, que só agora consegui seleccionar.
Algumas ajudam a ilustrar o meu toptwelve desta visita a Viena:
1. Os mercados de natal e o ambiente mágico que neles se vive, com destaque para o da Rathaus; 2. Os cafés e o café (gostei especialmente do Kleines Café, com uma atmosfera muito informal e intimista e onde, só agora descobri, foi filmada uma cena do filme 'Antes do Amanhecer', com o Ethan Hawke e a Julie Delpy); 3. A missa de domingo na Capela Imperial do Palácio Hofburg, com um grupo de canto gregoriano, os Pequenos Cantores de Viena e um organista da Filarmónica de Viena; 4. A divertida visita guiada ao edifício da Ópera (acho que tivemos sorte com o guia); 5. Os mercados, especialmente o Naschmarkt; 6. A subida à cúpula da Karlskirche, onde se podem apreciar os frescos a muito pouca distância e ainda ter uma panorâmica sobre a cidade (ainda que seja aos quadradinhos, devido à rede de segurança); 7. O Museum Quartier, com vários museus, lojas e um ambiente cosmopolita fresco e moderno que contrasta com as clássicas atracções da cidade; 8. Os Palácios Schloss Schönbrunn e Belvedere, sobretudo pela forma como foram implantados, com espaço à volta e vista sobre a cidade (num dos Palácios Belvedere pode ver-se o beijo mais famoso do mundo, de Gustav Klimt e no Schönbrunn há esquilos simpáticos); 9. A simpatia dos austríacos, que fisicamente são mais parecidos connosco do aquilo que eu poderia imaginar; 10. As lojas Blaulicht e Kokon, onde me senti uma criança numa grande loja de brinquedos, com vontade de comprar tudo, mas onde comprei apenas duas singelas colheres de café e uma pequena rena prateada; 11. As castanhas que se vendem na rua, enormes e doces, que não sujam as mãos pois são assadas em fogareiros a gás; 12. O jantar inesperado no Zweitbester, um restaurante industrial chic que encontrámos por acaso e onde comemos muito bem sem pagar muito - o meu risotto de castanha estava delicioso e o peixe, de rio, que o G. escolheu, também.
E agora a receita. Inspirada nesta viagem. Na segunda visita que fiz ao Naschmarkt, descobri uma banquinha liderada por dois rapazes novos que vendiam doces com aspecto caseiro. Os que mais me chamaram a atenção foram umas rodelas rústicas de chocolate cobertas com amêndoa caramelizada, o tamanho era pouco maior do que uma bolacha maria. Havia em todas as versões: chocolate preto, branco e de leite. Perguntei quanto custavam e disseram-me que era ao peso. Pegaram numa, como exemplo, e colocaram na balança, informando-me de que aquela passava dos 3 Euros. Sorri de olhos arregalados, agradeci, mas não comprei, decidida a tentar fazê-las eu, assim que voltasse.
Aqui estão elas: uma espécie de florentinas simplificadas, quem nem de forno precisam e que podem transformar-se num mimo de natal, com imensas variações. Desta vez fiz só com chocolate preto e amêndoa, mas já estou a magicar usar pistáchios, sultanas e casca de laranja cristalizada...
'Pseudoflorentinas' de chocolate e amêndoa
Para cerca de 10
200 g de chocolate de culinária 50 g de miolo de amêndoa laminado (ou aos palitos) 1/2 colher de sopa de manteiga ou margarina 1 a 2 colheres de sopa de açúcar amarelo
Numa sertã, colocar o açúcar e a manteiga. Deixar derreter a manteiga, mexer bem e juntar a amêndoa. Deixar cozinhar em lume médio, até a amêndoa começar a caramelizar e ganhar uma cor bonita, mexendo sempre com cuidado, para não partir as láminas de amêndoa e ficarem douradas por todo. Retirar do lume e deixar arrefecer sobre uma folha de papel vegetal. Levar o chocolate a derreter em banho-maria, tendo atenção para que a água do tacho não toque no recipiente do chocolate. Quando o chocolate estiver bem derretido, verter colheradas sobre papel vegetal (usei uma colher de sopa, para círculos com cerca de 6 cm. Espalhar por cima a amêndoa já arrefecida. Se sobrar chocolate, passar uns fios sobre as bolachas para 'prender' melhor a amêndoa. Deixar secar bem. Destacar do papel vegetal com cuidado, embrulhar e oferecer!
As cores e os sabores do passado fim-de-semana. Bacalhau e polvo na véspera, em casa dos meus pais. Rolo de peru com recheio de castanhas no dia seguinte, aqui em casa. Doces e mais doces, dos ovos moles de Aveiro às trouxas de ovos de Amarante. Tudo vindo directamente da origem ou caseiro, como as deliciosas orangettes da minha sogra ou as melhores rabanadas do mundo, feitas pela minha mãe. Mesas simples mas cuidadas e muita gente à sua volta. Brindes, sorrisos e crianças felizes. Tradição e novos hábitos. Foi um bom Natal, este de 2011.
As renas (ou serão alces?) que têm saído da cozinha do Lume Brando. As mensageiras perfeitas dos meus desejos de Boas Festas. Para todos!
E agora vou ali preparar o menu de amanhã: pela primeira vez, o almoço do dia de natal será em minha casa. Com pais, sogros, irmãos, cunhados, tias, sobrinhos.... Uma aventura que me entusiasma, pois estarmos todos juntos é sempre muito bom.
A Oficina da Pequenada é um novo espaço para festas infantis (a cinco minutos do Instituto Superior da Maia), cuja filosofia é ter apenas uma festa de cada vez e onde as crianças são sempre convidadas a participar num atelier, que pode ir desde as artes plásticas à culinária.
Há umas semanas, fui convidada pela Isabel, a responsável pelo projecto, para, entre outras coisas, colaborar numa espécie de evento de apresentação associado ao Natal, até porque a Oficina da Pequenada também vende bolos, lembranças e outros artigos para crianças e festas, mesmo que estas não se realizem no espaço.
Foi um desafio cansativo, mas muito giro!
Tal como podem ver pelas imagens, o Lume Brando tratou da decoração da mesa e forneceu muitas das coisas boas que lá estavam, quer para venda quer para degustação: cupcakes, bolachinhas de manteiga, bolachinhas de chocolate, biscoitos de canela, minibolos em forma de gingerbreadmen, bolachas lollipop de natal...
Os miúdos puderam brincar nas diferentes zonas existentes para o efeito e os pais, para além de terem provado os doces e tomado um café ou um Porto, ficaram a conhecer este espaço alternativo para as festas dos seus piratas.
Entretanto, fiquem atentos à próxima missão do Lume Brando: mesa e doces para um baby shower!
PS: não sei o que se passa com o blogger :( Por mais que tente o post fica todo desformatado! Já estive mais longe de migrar para o Sapo...