Não é à toa que o vinagre italiano de Modena é apelidado de "balsâmico". Experimente-o para temperar saladas e até mesmo carne. Encontra-se à venda nos hipermercados e nos bons supermercados. Quanto ao autor da frase, há um post mais abaixo, aqui no Lume Brando, que fala um pouco deste famoso gastrónomo fancês que viveu entre os séculos XVIII e XIX.
“Diz-me o que comes, eu dir-te-ei o que és.” Brillat-Savarin
Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826) foi um célebre gastrónomo francês, que aos prazeres da mesa juntou uma carreira de advogado e juiz. Adquire o seu último apelido, Savarin, quando uma tia morre e lhe deixa toda a fortuna na condição de ele usar o seu nome. "Physiologie du Goût" (“A Fisiologia do Gosto”) é o título abreviado da sua obra mais conhecida e foi editada apenas dois meses antes da sua morte. Por curiosidade, aqui fica o título completo do livro: Physicologie du Goût, ou Méditations de Gastronomie Transcendante; ouvrage théorique, historique et à l'ordre du jour, dédié aux Gastronomes parisiens, par un Professeur, membre de plusieurs sociétés littéraires et savantes".
height=150 src="http://www.geocities.com/Vienna/Strasse/8454/rossini.jpg"> Rossini (1792-1862), o famoso compositor de ópera italiano, compôs também alguns pratos culinários. Aliás, parece que muitas das árias das suas obras foram escritas entre garfadas. A paixão de Rossini pela boa comida - nomeadamente pela carne de qualidade, pelas trufas, pelo foie gras e pelo bom vinho, incluindo o da Madeira - levava-o a afirmar que só tinha chorado três vezes na vida: de humilhação quando foi vaiado na estreia do seu “Barbeiro de Sevilha”, de emoção quando ouviu Paganini tocar violino, e de tristeza e desolação quando uma sandes de peru recheado com trufas lhe caiu à água durante um passeio de barco. Quanto ao Tornedó Rossini, diz-se que nasceu quando o compositor estava um certo dia no Café Anglais, em Paris -cidade onde viveu grande parte da sua vida - e pediu que lhe preparassem um bife com uma fatia de foie gras por cima e sobre esta uma camada de trufas laminadas. Na altura a combinação foi considerada tão descabida que, por vergonha, o empregado passou o prato pela sala “de costas voltadas” para os outros clientes (en tournant dos). Mas no Le Guide Culinaire, escrito por aquele que muitos consideram o maior chef de cozinha de todos os tempos, Escoffier (1846-1935), surgem referências a muitos outros pratos cuja paternidade é confiada a Rossini. O que é natural, sabendo-se que este abandonou praticamente a composição e a música aos 37 anos, dedicando-se a partir daqui a outros interesses, tais como receber amigos em casa e empanturrá-los com as iguarias que ele, e sobretudo a sua segunda mulher, Olympe Pélissier, preparavam. Não é de admirar, por isso, que Rossini se tenha destacado mais pelas suas peças de ópera “buffa” (cómica), do que pelas suas composições mais sérias. Afinal, quem consegue pensar em dramas, tristezas e enredos infelizes em frente a um carpaccio de saumon à la truffe, a uma soupe au pistou provençale, a uns chaussons des montagnes au fromage de chèvre, ou mesmo a uma tarte soufflée aux marrons et à la poudre d’amand?
*Desabafo de Rossini a um amigo, quando já estava farto de responder a cartas e de assinar dedicatórias em fotografias. Frase que se pode explicar não só pela sua obsessão pelo prazer da carne (em todos os seus sentidos, pois ao que parece também foi um grande apreciador da beleza feminina), como pelo facto de, na sua infância, ter sido muitas vezes deixado ao cuidado de um talhante de Bolonha, enquanto os seus pais iam trabalhar, ele como músico, ela como cantora.
"I don't even butter my bread; I consider that cooking." Katherine Cebrian
Por vários meios tentei saber quem é, ou foi, Katherine Cebrian. Sem resultado. Mas também não faz muita diferença: alguém que despreza assim tanto a cozinha não cabe neste blog, certo?
“Um cheiro de cozinha pode evocar uma civilização inteira.” Fernand Braudel
O francês Fernand Braudel (1903-1985) foi um dos maiores historiadores do século XX, tendo ele próprio experimentado algumas das agruras do desenrolar da História, ao ser prisioneiro de guerra na Alemanha, nos anos 40. Antes disso, esteve três anos no Brasil onde ajudou a fundar a Universidade de São Paulo, e vários anos na Argélia a leccionar História. Em vida, foi sempre colocado fora do “establishment” - o seu pensamento era considerado, de forma desdenhosa, como pertencendo mais à Geografia Humana do que à História. Para além das várias obras publicadas, notabilizou-se, a partir do final dos anos sessenta, pelo debate de ideias que travou com outros grandes nomes da História, da Filosofia e da Sociologia moderna, como Lévi-Strauss e Foucault.