De facto, não sendo especialista na matéria, mas sendo consumidora ocasional, em contexto de festa ou num jantar mais caprichado, muitas vezes escolhi o vinho pelo rótulo e pelo nome, de forma apressada, a meio das compras. Ou seja, não sou daquelas pessoas que vão a uma garrafeira para se aconselharem ou têm uma app instalada no telemóvel com críticas e pontuações a vinho. E como não gosto de gastar fortunas, também presto atenção ao preço das garrafas.
No entanto, confesso que até agora olhava para muitos dos vinhos à venda no Lidl com alguma desconfiança. Porque não os conhecia e achava os preços (mesmo para mim, que olho para os preços e sou um pouco forreta, incrivelmente baixos). Too good to be true, conhecem a sensação?
Foi por isso uma agradável notícia, saber pela voz da especialista Maria João Almeida, que as marcas próprias e exclusivas do Lidl são vinhos com uma excecional relação qualidade-preço, sendo criados e produzidos por enólogos e quintas de referência.
Tanto na Essência do Vinho, evento que decorreu no Palácio da Bolsa, no Porto, como no jantar que se seguiu, pudemos provar vários dos vinhos Lidl e confirmar que não é preciso gastar muito dinheiro para servir um bom vinho aos nossos amigos e familiares, existindo opções adequadas aos mais diversos pratos e momentos.
Um exemplo é o Azinhaga de Ouro da região do Douro. Na versão 'branco' é um vinho leve e fresco, de acidez equilibrada. Combina as castas Malvasia Fina, Viosinho e Gouveio e, sendo um vinho seco, apresenta no entanto alguma doçura. Custa €2,29 a garrafa.
Já o Azinhaga de Ouro 'tinto reserva', feito de uvas Touriga Nacional, Touriga Francesa e Tinta Roriz apresenta uma intensidade média, mostrando-se seco e equilibrado. Cada garrafa custa €2,99.
São vinhos simples, para todos os dias, que podemos servir com pratos e petiscos leves, sendo o Azinhaga de Ouro Branco adequado, por exemplo, para acompanhar queijos suaves ou marisco cozido (ou o meu hummus de pimento), e o Azinhaga de Ouro Tinto Reserva apropriado para fazer companhia a umas espetadas de peru (ou a uma paleta de porco preto, digo eu).
Para além dos vinhos do Douro, nas prateleiras do Lidl há vinhos próprios e exclusivos igualmente económicos e 'corretos' de outras regiões: Dão, Alentejo, Setúbal, incluindo vinhos licorosos. Para saberem mais, espreitem aqui.
E antes de passarmos à minha receita de hummus de pimento e brindarmos com Azinhaga de Ouro aos dias mais luminosos que aí vêm, queria só partilhar algumas dicas que nos foram passadas pela Maria João no evento do Lidl, e que ajudam a decidir que vinho servir com os nossos pratos e receitas:
Um prato leve pede um vinho simples e fresco e um prato mais complexo e condimentado pede um vinho mais encorpado; isto para que o sabor da comida não anule o sabor do vinho nem vice-versa;
Os pratos mais fortes em gordura ficam bem acompanhados de um vinho com uma boa acidez, para ajudar a 'cortar' a gordura - exemplo: leitão e espumante;
O vinho que acompanha a sobremesa deve ser mais doce do que esta, caso contrário irá parecer amargo e sem sabor.
De seguida deixo-vos o meu hummus de pimento vermelho (na verdade, não sei se posso chamá-lo de hummus porque não leva tahini, a pasta de sésamo típica desta receita árabe), receita bastante pedida quando partilhei uma outra foto no IG.
Cheers!
HUMMUS DE PIMENTO VERMELHO [SEM TAHINI]
1 frasco de grão de bico cozido
130 g de pimento vermelho assado em conserva, bem escorrido
2 dentes de alho
75 g de azeite
1 fio de sumo de limão
Pimenta preta qb
Opcional: azeite, paprika e sementes de sésamo para decorar
Passar o grão por água e escorrer bem.
Colocar todos os ingredientes num robot de cozinha (à exceção dos ingredientes opcionais/para decorar), e pulsar até obter uma pasta espalhável.
Verificar a textura, provar e retificar algum ingrediente, se for necessário.
Notas:
- Normalmente não adiciono sal, mas é uma questão de provarem e verem se é necessário acrescentar.
- Aguenta bem até três ou quatro dias, bem fechado, no frigorífico.
Cá em casa todos gostamos de salame de chocolate. Mas a verdade é que as receitas clássicas são um atentado a qualquer tentativa de levar uma alimentação equilibrada e sem asneiras. Sim, porque quem é que consegue comer uma só fatia?!
Já testei várias receitas mais saudáveis, mas nunca fiquei tão satisfeita como com esta, que descobri no livro da cadeia de restaurantes Go Natural (um livro fantástico btw).
Confesso que fiz o salame a medo, tão inovadora me pareceu a receita, sem manteiga, sem ovos e sem açúcar. Como não podia deixar de ser, fiz algumas alterações ao original, mas foram mínimas: usei bolacha maria integral, dobrei as quantidades, troquei a maçã pela pêra e envolvi-o em açúcar em pó, para lhe dar um aspeto mais "credível" 🤣
Se fizerem este salame, digam-me se gostaram tanto dele como eu!
SALAME DE CHOCOLATE SAUDÁVEL
Adaptado ligeiramente a partir de uma receita do livro "Let's Go Natural"
220 g de bolacha maria integral (compro no Lidl)
100 g de pêra ralada
90 g de chocolate em pó
90 g de queijo creme (usei Philadelphia)
Açúcar em pó para envolver (opcional)
Triture a bolacha grosseiramente.
Junte a pêra ralada, o chocolate em pó e o queijo creme.
Molde em forma de salame e embrulhe em papel vegetal.
Leve ao frigorífico para ganhar consistência.
Se quiser, passe por açúcar em pó e ate o salame com um fio, para fingir que é um salame de carne.
Notas:
- Usei o robot de cozinha para triturar a bolacha e depois introduzi os restantes ingredientes e pulsei aos poucos até obter uma mistura moldável;
- Ralei a pêra num ralador manual;
- Não aconselho a trocarem o chocolate em pó por cacau: uma vez que não leva açúcar, poderia ficar amargo.
Este é o livro mais pequeno e fino - incluindo no preço - que até agora trouxe aqui à rubrica. O que não significa que seja aquele com menos valor. Apesar de ter vários livros com receitas de bolos e cupcakes, não tinha nenhum com a chancela do canal Food Tube, de Jamie Oliver. E queria perceber se a qualidade editorial dos livros do Jamie se mantinha nestas edições mais modestas, de autores que colaboram com o chef no desenvolvimento de receitas e vídeos.
A resposta é: sim. O bom gosto e o cuidado no design do livro mantêm-se e as fotografias têm igualmente a assinatura de David Loftus, essa lenda viva da fotografia de comida, ainda que se trate de um livro mais simples: cento e poucas páginas, tamanho A5 e capa 'mole'.
Se precisávamos de mais um livro de receitas de bolos e cupcakes? Bem, eu acho que há sempre qualquer coisa de novo e interessante em cada livro. Na clara impossibilidade de os termos todos, a escolha deve refletir os nossos gostos, as nossas preferências na hora de irmos para a cozinha ou até as nossas intolerâncias ou regimes alimentares específicos.
Diria que "O Livro dos Bolos & Cupcakes" é para quem ainda não tem um preconceito em relação às receitas com elevadas quantidades de manteiga e açúcar... quase que me atrevo que é um livro politicamente incorreto para os dias de hoje, tais as receitas calóricas que apresenta.
No entanto, conscientes de que estes ingredientes não são os mais saudáveis, podemos sempre guardar estas receitas para dias especiais, ou até partir delas e das combinações de sabores que propõem, para criarmos versões mais saudáveis (não é o caso dos cupcakes de torradas com canela cuja receita que segue mais abaixo, em que respeitei quase religiosamente a receita do livro!)
A autora do livro é Jemma Wilson, fundadora da Crumbs & Doilies e a cara do Cupcake Jemma, o canal de Jemma no YouTube. Jemma colabora ainda com o canal de YouTube de Jamie, o FoodTube, daí ter surgido o convite do chef inglês para que fizesse o livro.
Para além de um breve capítulo com truques e dicas e de outro com receitas básicas de massas e coberturas, que inclui receitas como a do 'molho de caramelo salgado', de 'ganache' e de 'merengue', entre outras, o livro apresenta as receitas divididas pelas 4 estações do ano. Assim, temos sugestões mais frutadas e frescas para o verão e primavera, e sabores mais reconfortantes para as estações frias. Algumas das sugestões que achei mais interessantes, são:
- Cupcakes de chá verde com caramelo crocante de sésamo
- Bolo de limão, pistácio e cardamomo
- Cupcakes vegan de fudge de baunilha
- Cupcakes de mojito
- Cupcakes de amêndoa e molho de cereja (na capa do livro)
- Cupcakes mexicanos de chocolate & malagueta
- Cupcakes de pipocas amanteigadas
- Bolo de Jaffa
- E os Cupcakes de torradas com canela, cuja receita deixo mais abaixo.
No total, "O Livro dos bolos & cupcakes" oferece-nos 50 receitas bem doces, que se comem também com os olhos.
Resumindo: Este é um livro prático, com boas receitas para quem ainda não afastou definitivamente o açúcar branco e a manteiga da sua cozinha. Está bem escrito, apresenta um design cuidado, colorido e algo 'feminino'. Todas as receitas surgem fotografadas e ainda que a abordagem fotográfica seja um pouco diferente da dos livros de Jamie, menos depurada, nota-se o clique experiente de David Loftus.
Antes de passarmos à receita, relembro que a rubrica "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" conta com o apoio da livraria Bertrand 💛
Ligeiramente adaptado do livro "O Livro dos Bolos & Cupcakes", de Cupcake Jemma
Para cerca de 12 queques
3 fatias de pão rústico
130 g de manteiga sem sal amolecida
100 g de açúcar
15 g de açúcar mascavado escuro
100 g de farinha com fermento
1/4 de colher de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de chá de canela em pó
2 ovos
1 colher de sopa de leite
Para a cobertura:
150 g de manteiga sem sal amolecida
300 g de açúcar em pó
Canela moída a gosto
2 colheres de sopa de leite
Ligue o forno nos 170ºC.
Torre as fatias de pão, barre-as com manteiga e volte a levá-las ao forno ou à torradeira até estarem bem tostatinhas e possam ser trituradas no robot de cozinha. Deixe arrefecê-las, triture-as e reserve.
Forre uma forma de queques com formas de papel.
Na taça da batedeira, junte os açúcares e bata pata desfazer eventuais grumos.
Adicione, peneirando, os restantes ingredientes secos.
Junto os ovos, a manteiga e 25 g das torradas e bata com a batedeira durante 1 minuto.
Adicione o leite e bata até estar bem integrado.
Distribua a massa pelas formas de papel - não encha demasiado, apenas até 1/3 da forma de papel (é capaz de obter mais do que 12 queques).
Leve ao forno durante cerca de 20 minutos.
Deixe arrefecer um pouco, retire da forma de queques e deixe arrefecer sobre uma rede.
Para a cobertura, bata a manteiga até estar lisa e brilhante e depois vá juntando o açúcar em pó e a canela, batendo bem. Junte o leite - veja se necessita de adicionar mais açúcar ou mais leite, até obter um creme macio, mas com firmeza para se usar o bico pasteleiro (opcional) e aguentar a forma.
Termine polvilhando os queques com o pão torrado triturado e, se desejar, um pouco da mistura de açúcar granulado com canela.
Descobri (depois de os fazer!), que a Jemma tem um vídeo com esta receita! Cliquem aqui para ver.
Este ano, voltei a dar ao meu aniversário o sabor do limão. Afinal, é o meu ingrediente favorito para bolos e sobremesas. E hoje, quem manda sou eu 🤩
A-D-O-R-O esta forma de bolo [modelo 'Charlotte' da Nordic Ware], que me veio parar às mãos através da loja lecuine.com No instagram já tinha partilhado uma foto de um bolo de laranja, cenoura e chocolate em que a tinha usado e, depois da versão que vos trago hoje, continuo com imensas ideias para outras combinações vistosas nesta forma incrível.
Para a massa, adaptei [ou melhor, simplifiquei ainda mais] a receita de bolo de limão merengado do livro "Um bolo por semana" de Rita Nascimento, aka La Dolce Rita. Depois, reguei-o com uma calda de limão e açúcar, enchi a cavidade da forma com lemon curd*, fazendo com que escorresse pelas laterais, e por fim decorei com uma camada generosa de merengue suiço* que queimei com o maçarico.
Pode parecer complicado, mas não é! Se forem fãs de limão, como eu, guardem esta receita e ponham-na em prática assim que conseguirem: prometo que não se irão arrepender.
*Também encontram estas receitas no meu livro "Estava tudo ótimo!".
O MEU BOLO DE LIMÃO MERENGADO
Para o bolo:
200 g de açúcar
Raspas de 1 limão grande
4 ovos
1 iogurte natural
120 ml de azeite extravirgem
180 g de farinha sem fermento
1 colher de chá de fermento em pó
Para a calda:
Sumo de 1 limão + a mesma quantidade de água
4 colheres de sopa de açúcar
Para o lemon curd:
2 ovos L 100 ml de sumo de limão 140 g de açúcar 50 g de manteiga à temperatura ambiente 1 colher de sopa de raspa de limão
Para o merengue suiço
2 claras de ovos L
90 g de açúcar
Comece por fazer o lemon curd (pode fazê-lo com alguns vários dias de antecedência e mantê-lo guardado bem fechado no frigorífico): num tachinho de fundo espesso, misture bem os ovos com o açúcar e o sumo de limão. Leve ao lume médio, mexendo sempre com um batedor de varas, para não ganhar grumos, até engrossar, o que deve demorar menos de 10 minutos (deve ficar um creme não demasiado espesso, uniforme e brilhante, que irá ficar mais consistente depois de arrefecido). Retire do lume e incorpore a manteiga e a raspa de limão. Espere um ou dois minutos e mexa com um batedor e varas, até a manteiga estar bem derretida e bem distribuída pelo creme. Verta para frascos limpos, deixe arrefecer, tape e guarde no frigorífico até usar. Conserva-se bem tapado no frigorífico cerca de 15 dias.
Para o bolo, comece por ligar o forno nos 180ºC.
Unte muito bem a forma (idealmente, deve usar-se a forma 'Charlotte' da Nordic Ware, no entanto, pode usar-se uma forma redonda normal, com 20 cm de diâmetro e, depois de cozido e arrefecido, abre-se uma cavidade no bolo, retirando massa e criando espaço para o lemon curd).
Numa taça, bata o açúcar com o iogurte e as raspas de limão
Junte os ovos e bata bem.
Adicione o azeite e mexa bem.
Peneire a farinha e o fermento para a taça e envolva com cuidado.
Verta para a forma e deixe cozer cerca de 40 minutos ou até um palito sair limpo.
Retire, deixe arrefecer um pouco e desenforme.
Faça a calda, misturando o açúcar com o sumo de limão e a água e levando ao lume uns 5 minutos, até engrossar um pouco.
Pique o bolo já frio e regue com a calda quente. Deixe arrefecer.
Entretanto, prepare o merengue suiço: na taça da batedeira junte as claras e o açúcar e leve ao lume em banho-maria (a taça das claras não deve tocar na água da panela). Vá mexendo sempre até o açúcar se ter dissolvido e a mistura estar quente ao toque.
Leve a taça para a batedeira e comece a bater, primeiro numa velocidade baixa e depois em velocidade média alta, até o merengue ter quase arrefecido e ficar brilhante, uniforme e bastante firme - no total serão cerca de 7 minutos a bater.
Para decorar o bolo, espalhe uma dose generosa de lemon curd na cavidade do bolo (é provável que lhe sobre lemon curd), fazendo escorrer pelas laterais, e espalhe por cima o merengue, dando-lhe uma forma algo rústica (se preferir, pode usar bico pasteleiro, como fiz com o chocolate aqui).
Queime a gosto com o maçarico.
Pode fazer o bolo e regá-lo com a calda de véspera (fica ainda melhor). No dia, faça o merengue e siga os passos descritos acima.
O meu postal de Boas Festas este ano tem o carimbo da Parmalat.
Para esta marca, desenvolvi uma receita ótima para dias de festa e convívios com muita gente: estes Folhadinhos cremosos de camarão, feitos com o Béchamel Clássico Parmalat. Uma receita que rende imenso e que agrada a todos os que gostam de marisco.
Convido-vos a conhecer a receita aqui - no site de receitas Parmalat - e desejo a todos um Feliz Natal e um excelente 2020!
"Um blog. Tenho um blog, nem acredito. Achava que esta modernice não tinha nada a ver comigo. E se calhar não tem. Estive a pensar e cheguei à conclusão que esta vontade súbita de criar um blog é uma espécie de “desejo de gravidez”. Como ainda nem sequer sei se é um feijão ou uma ervilha, aquela coisa bonita que está a crescer na minha barriga, uma vozinha disse-me que o melhor era dar jà à luz qualquer coisa. E pronto: nasceu o lume brando, que é como quem diz, um blog para ir cozinhando e digerindo sem grandes pressas."
O que acabaram de ler foi o meu primeiro post. O meu primeiro texto. Sem qualquer fotografia a acompanhar. Era o dia sete de setembro de 2004 e estava grávida pela primeira vez. Não sei muito bem por quê, mas nunca, ao longo destes 15 anos, celebrei o aniversário do blog. Ou porque quando me lembrava a data já tinha passado, ou porque, quando me lembrava a tempo, me dava uma certa preguiça e desvalorizava o facto.
Mas este ano apeteceu-me assinalar o momento. Quando dei início ao blog, não fazia ideia de que passado tanto tempo o projeto ainda estaria online. Na verdade, não tinha quaisquer expectativas, só queria ter um espaço onde pudesse escrever e falar sobre comida.
Quinze anos depois, a paixão pela culinária mantém-se e entretanto foi surgindo uma nova: pela fotografia de comida. Pelo meio, tive outro filho, conheci pessoas incríveis com quem partilho o entusiasmo por estes temas, tornei-me redatora freelancer, provei ingredientes novos, nem tudo o que cozinhei saiu bem, fiz bolos decorados e cozinhei "para fora", escrevi e fotografei um livro de receitas, fui aluna de vários workshops e dinamizei outros tantos, reuni uma considerável coleção de livros de cozinha, engordei alguns quilos 🤪
Apesar de quinze anos depois, o Lume Brando continuar a ser um projeto muito pessoal, a verdade é que sem o feedback positivo de quem está do outro lado - vocês! - hoje não estaria aqui a celebrar o aniversário do blog. Por isso, obrigada por cada visita, por cada um dos vossos comentários aqui, por cada like e comentário nas publicações do Facebook e do Instagram, por cada mensagem a dizer que fizeram uma das minhas receitas e que gostaram, por cada dica partilhada, por cada palavra carinhosa e motivadora relativamente às minhas fotografias, ao longo desta década e meia.
O-B-R-I-G-A-D-A 💛
E como não há festa sem bolo (a receita segue mais abaixo) e sem presentes, estou a dinamizar dois passatempos: um na página do Lume Brando no Facebook e outro no Instagram, cujo prémio em cada uma das plataformas é um exemplar do meu livro "Estava tudo ótimo!". É muito fácil participar e tentar ganhar! Mas enquanto fazia este post, resolvi oferecer um terceiro livro! Sabem a quem? À primeira pessoa que aqui nos comentários me disser o que está mal numa das imagens deste post 😉 [uma pista: a resposta não é um aspeto técnico - não é a exposição exagerada 😆 - mas sim uma, digamos, "incongruência"].
Uma vez mais, O-B-R-I-G-A-D-A💛 por continuarem desse lado e terem tornado esta caminhada tão doce e colorida!
BOLO DE CHOCOLATE RUBY COM RECHEIO DE LEMON CURD E COBERTURA DE MASCARPONE E NATAS
[a partir da receita do bolo Yang do livro Estava tudo ótimo!]
4 ovos, separados
85 ml de azeite extravirgem suave
100 g de açúcar branco
100 g de chocolate ruby picado (usei o novo da Pantagruel, mas também podem usar chocolate branco)
150 g de farinha sem fermento
1,5 colheres de chá de fermento em pó
1 colher de chá de extrato de baunilha
Para o recheio:
4 colheres de sopa de lemon curd (usei o que me tinha sobrado destas panacotas)
Para a calda:
3 colheres de sopa bem cheias de doce de pêssego
O mesmo peso em água
Para a cobertura:
1 pacote de natas para bater bem frias
1 pacote de mascarpone bem frio
1 colher de sopa de açúcar
1 colher de café de extrato de baunilha
Umas gotinhas de sumo de limão
Ligue o forno nos 170º.
Unte muito bem uma forma alta de 14 cm de diâmetro (ou duas mais baixas com este diâmetro) e forre o fundo com papel vegetal, untando novamente.
Bata as gemas com o açúcar, o azeite e a baunilha.
Junte o chocolate picado.
Bata as claras em castelo com uma pitada de sal e envolva no preparado anterior.
Por fim, junte aos poucos, sem mexer demasiado, a farinha e o fermento peneirados.
Verta para a(s) forma(s) e leve ao forno entre 30 a 45 minutos, dependendo das formas (se usar uma só, alta, vai demorar mais a cozer; fique atento e faça o teste do palito antes de retirar do forno, aquele deve sair limpo).
Passe uma faca de manteiga à volta da forma e desenforme sobre uma rede forrada com papel vegetal. Deixe arrefecer.
Entretanto faça a calda levando a ferver o doce de pêssego com a água. Coe e reserve.
Bata as natas e o mascarpone em chantilly com um pouco de açúcar (para mim uma colher de sopa é mais do que suficiente) e o extrato de baunilha . Para ajudar a prender adicione a meio do processo umas gotinhas de limão.
Para rechear e montar:
Corte o bolo em três (se fizer em duas formas, pode tentar partir cada bolo em dois e obter três camadas de recheio). Coloque a primeira camada no prato de servir, pique com um garfo e regue com um parte da calda. Recheie com o lemon curd.
Coloque a camada do meio e volte a picar/regar com a calda. Coloque uma camada de lemon curd e termine com a última camada de bolo, picando e regando.
Barre todo o bolo com uma primeira camada do chantilly de mascarpone. Leve ao frigorífico durante cerca de 25 minutos e volte a barrar, decorando ao seu gosto.
Nota: o ideal é fazer o bolo de véspera, fica melhor ;)
Apesar do calendário o desmentir, as temperaturas dos últimos dias dizem-nos que estamos no pico do verão. As tartes e os crumbles de outono vão ter de esperar. A boa notícia é que o livro desta semana do "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" tem receitas para todas as estações do ano.
Falo do livro "As receitas de Cristina Manso Preto", da popular colaboradora do programa Praça da Alegria da RTP, onde há vários anos apresenta uma rubrica de culinária.
Sabiam que este é já o 8º livro no âmbito do #dizmeoquelês, iniciativa que conta com apoio da Livraria Bertrand? Onde, aliás, podem encontrar todos os livros de que falo aqui [para saberem mais sobre os livros anteriores, é só clicar nos links no final deste post].
Mal comecei a folhear o livro, fiquei com a sensação de que se iria converter num dos meus favoritos. Porque adoro comida de conforto (quem não gosta?) e se tivesse de descrever o conteúdo do livro da Cristina numa só frase seria "comida de conforto à portuguesa". Porque mesmo que apresente alguns clássicos que vieram lá de fora, como os scones, a charlotte, o risotto ou o chilli, todos ganharam um toque português, seja nos ingredientes ou na confeção simplificada.
É um livro suculento, cheio daquelas receitas que só de ler sabemos que vão ser um "crowd-pleaser", com recurso aos ingredientes que tradicionalmente nos são familiares, incluindo aqueles que agora estão ausentes de muitos regimes: manteiga, natas, farinha de trigo, carne, peixe, enchidos. Apesar destes ingredientes estarem atualmente quase "demonizados", não se pense que o livro é um elogio à alimentação pouco saudável, nada disso. Se não tivermos qualquer impedimento de saúde ou ideológico e os consumirmos com equilíbrio, não há porque retirá-los da nossa dieta.
Estas são receitas que seguem o estilo de cozinha da maioria das nossas mães e que continuam a agradar a miúdos e graúdos que não tenham nenhum tipo de restrição alimentar. E há receitas simples e saudáveis, como a "Sopa fria de meloa com hortelã" ou as "Bolachas de requeijão e alecrim", e outras que nós e a Cristina sabemos que são apenas para dias especiais, como os "Jesuítas" ou a "Tarte merengada de frutos vermelhos". O livro inclui ainda algumas receitas "sem glúten".
São sete as categorias em que estão agrupadas: "Super fácil", "Para aquecer a alma", "Para refrescar os dias", "Para momentos de gula", "Mãos na massa", "As preferidas cá de casa" e ainda "Para nada desperdiçar", com sugestões para aproveitamento de sobras.
Se gosta de receber em casa, este livro é para si. Tenho a certeza de que começará logo a imaginar as festas e os jantares onde poderá servir estas propostas. E se as receitas salgadas prometem ser deliciosas, as doces são uma verdadeira tentação. Deixo aqui alguns exemplos: "Bolo merengue de chocolate", "Pudinzinhos de café", "Charlote de chocolate e frutos vermelhos", "Mousse de coco e lima", "Embrulhos de maçã caramelizada", "Tarte de damascos e amêndoas", "Panacota de limão" [cuja receita apresento mais abaixo, numa versão que inclui também lima], "Bolo de São Martinho", "Bolo de mil-camadas"... e a lista poderia continuar bem gulosa.
Resumindo:"As receitas da Cristina Manso Preto" é um daqueles livros que encaixa como uma luva nas prateleiras de uma cozinha familiar, onde a azáfama se instala não só em dia de celebrações maiores como num jantar de amigos. Um livro para quem come de tudo e gosta de cozinhar de tudo. São mais de 80 receitas, que vão desde pão para o pequeno-almoço a sobremesas vistosas, passando por pratos principais de substância. Tem fotografias para todas as receitas, de Rui Bandeira, e a descrição daquelas é clara e detalhada o suficiente para que as possamos confecionar com sucesso.
Saber mais sobre "As receitas de Cristina Manso Preto" >>>> Livraria Bertrand
De seguida, deixo-vos a receita de Panacota de [lima] limão, perfeita para este setembro quente e luminoso.
PANACOTA DE LIMA E LIMÃO
Adaptado do livro "As receitas de Cristina Manso Preto"
Para 6
Para as panacotas:
600 ml de natas (3 embalagens)
100 g de açúcar
3 pedaços de casca de limão
3 pedaços de casca de lima
1 colher de sopa de sumo de limão
1 colher de sobremesa de sumo de lima
4,5 folhas de gelatina (use uma tesoura para cortar a folha)
Folhas de hortelã para decorar (opcional)
Para o curd de lima e limão da cobertura*:
2 ovos L
50 ml de sumo de limão
50 ml de sumo de lima
120 g de açúcar
50 g de manteiga à temperatura ambiente
1 colher de sopa de raspa de limão e lima
*O livro tem uma receita ligeiramente diferente para a cobertura, um pouco mais complexa, e por isso decidi seguir a minha receita infalível de lemon curd, numa variação com lima.
Comece por fazer o curd de lima e limão: num tachinho, leve ao lume os ovos bem batidos com o açúcar e o sumo de lima e limão. Vá mexendo até engrossar, o que deve demorar cerca de 10 minutos.
Junte as raspas de lima e limão e a manteiga. Mexa bem, verta para frascos bem limpos, tape, deixe arrefecer e leve ao frigorífico.
Para as panacotas, leve as natas ao lume com as cascas e o açúcar.
Deixe aquecer bem, mexendo com uma vara de arames, mas não deixe ferver.
Retire do lume, e deixe repousar com as cascas, para ganhar sabor, cerca de uma hora.
Entretanto demolhe a gelatina em água durante 5 a 8 minutos. Escorra e reserve.
Esprema o limão e a lima nas quantidades pedidas. Reserve.
Retire as cascas da mistura de natas e leve de novo ao lume até aquecer bem, mas sem atingir o ponto de fervura.
Desligue o lume e junte a gelatina escorrida e o sumo de lima e de limão. Mexa bem com as varas.
Verta para formas adequadas (usei umas formas de queque metálicas com revestimento anti-aderente) ou frasquinhos. Deixe amornar e leve ao frio para solidificar.
Quando for para servir, se tiver usado formas, mergulhe-as rapidamente em água quente e vire-as para um pratinho. Espere alguns minutos e abane, segurando bem no prato junto à forma, caso não tenha descido naturalmente.
Sirva com o curd de lima e limão e decore com folhas de hortelã.
Ah! Pode usar o curd que sobrar para rechear um bolo, comer com scones ou com iogurte [ou simplesmente comer às colheradas, mas vamos fazer de conta que eu não disse isto 😁].
Se só vieram por causa da receita do bolo, é melhor fazerem scroll e apanhá-la ali em baixo. Mas se gostam de fotografia de comida tanto como eu, o que conto já a seguir talvez seja do vosso interesse ;)
Já aqui tinha falado, e quem me segue no Instagram tem acompanhado, que este ano decidi fazer um curso online de fotografia de comida e food styling. No final de 2018, descobri o blog The Little Plantation e comecei a seguir a sua autora, Kimberly Espinel, no Instagram e no Facebook. Apesar de eu ligar cada vez menos ao Facebook, é aqui que a Kimberly, que vive em Londres, dinamiza um grupo fechado, reunindo uma simpática comunidade à volta dos temas de food photography e food styling e de tópicos complementares, tais como dicas para crescer no Instagram, como cobrar um trabalho de fotografia, etc.
Gosto muito do trabalho consistente da Kimberly e da forma simpática, generosa e entusiástica com que partilha as suas ideias e o seu conhecimento sobre esta área. Quando me apercebi que ministrava cursos online, pedi mais informações e não demorei muito a inscrever-me. Sei que há muitos outros bloggers e fotógrafos a disponibilizar cursos online de fotografia de comida, mas sinceramente não pesquisei nem fiz comparativos. Gostei da abordagem da Kimberly, o preço pareceu-me razoável, estava decidido.
O curso está estruturado em 5 aulas + 1 aula opcional sobre Instagram. Os temas vão desde técnica fotográfica à composição e ao food styling, passando pela teoria da cor e pela edição em Lightroom (foi a minha aula favorita) e o mais interessante é que as aulas são "presenciais": através da app Zoom (tipo Skype), vemos e falamos com a Kimberly podendo ainda interagir com os outros alunos. Recebemos com antecedência o plano de cada aula, com a "teoria", e depois na aula a Kimberly fala mais detalhadamente sobre esses conteúdos e responde às nossas questões. Há trabalhos de casa e um trabalho maior, final, que é discutido depois numa sessão individual, sendo-nos dado bastante tempo para concretizar o projeto.
As fotos deste post fazem parte desse "final assignment". Fazer o curso foi uma decisão acertada, uma experiência fantástica, que recomendo. Obrigou-me a fotografar coisas diferentes, de ângulos diferentes. Obrigou-me a praticar. Nunca foi tão fácil como hoje aprendermos o que quer que seja sozinhos. Há artigos, vídeos, tutoriais... não faltam recursos grátis na internet para aprender a fotografar melhor, mas eu adoro aprender com pessoas, gosto da interação direta, é mais enriquecedor. Ficamos mais comprometidos, dedicamo-nos mais. Fosse eu rica e inscrevia-me já noutro curso.
Voltando ao trabalho final, cada aluno teve de começar por apresentar um mood board (fiz o meu no Pinterest, podem vê-lo aqui.), este devia contemplar diferentes ângulos (de frente, de cima, 3/4) e imagens ao alto e ao baixo. Depois de feita a sessão, guiada pelo tal mood board, e editadas as fotos, selecionei as que queria apresentar à Kimberly, enviei-as e, na já referida sessão 1-2-1, falámos sobre elas, sobre as dificuldades e dúvidas que tive, e recebi o seu feedback sincero, que incluiu tanto elogios como várias críticas construtivas. Estas fotos ainda não estão no nível que eu gostaria, mas se olhar para imagens minhas antigas (e não é preciso recuar muito no tempo), sinto que tenho evoluído e isso deixa-me mais confiante.
Escolhi um bolo para "estrela" do projeto final, porque é das coisas que mais gosto de cozinhar e fotografar e é o tipo de receita que as pessoas mais associam ao Lume Brando. Um bolo de iogurte e limão, recheado e coberto com um creme de mascarpone, natas e framboesas. Espero que não só gostem das fotografias, como da receita, que partilho mais abaixo.
E se quiserem saber mais sobre fotografia de comida, food styling, food blogging, redes sociais, criatividade e outros tópicos associados, não deixem de ouvir o podcast da Kimberly, chamado Eat Capture Share, já com duas temporadas. Eat Capture Share é também o nome da sua comunidade no Facebook e a hashtag #EatCaptureShare é a que une as participações nos interessantes desafios de fotografia que costuma organizar no Instagram.
Vamos ao bolo?
BOLO DE IOGURTE E LIMÃO COM COBERTURA E RECHEIO DE MASCARPONE E FRAMBOESAS
Para o bolo:
1 iogurte grego natural
130 g de açúcar amarelo
3 ovos
80 g de azeite extravirgem
Raspa e sumo de 1/2 limão
150 g de farinha peneirada
1 colher de sopa de fermento em pó
1 pitada de sal
Para a calda:
Sumo de dois limões
Açúcar amarelo a gosto
Para o recheio e cobertura:
2 embalagens de queijo mascarpone (deve estar bem frio)
1 embalagem de natas (devem estar bem frias - mínimo 12 horas no frigorífico)
Coulis de framboesa qb*
Cerca de 2 colheres de sopa de açúcar ou a gosto
Framboesas frescas - cerca de 250 g
Untar bem e forrar o fundo de duas formas com 14 ou 16 cm de diâmetro com papel vegetal. Voltar a untar com manteiga/polvilhar com farinha.
Ligar o forno nos 180º
Separar as gemas das claras. Bater estas em castelo, com uma pitada de sal.
Juntar às gemas o açúcar e bater bem. Adicionar o iogurte, o azeite, o sumo e a raspa de limão. Mexer bem. Envolver as claras em castelo e, por fim, envolver a farinha e o fermento peneirados (eu costumo peneirar diretamente para a massa do bolo, ao mesmo tempo que vou envolvendo).
Dividir pelas formas e levar ao forno durante cerca de 25-30 minutos - vigiar e fazer o teste do palito para confirmar que estão cozidos.
Desenformar os bolos sobre uma rede forrada com papel vegetal e deixar arrefecer.
Para preparar o creme do recheio e cobertura, bater com a batedeira elétrica as natas, o mascarpone e o açúcar, até estar bem uniforme e macio. A meio do processo, juntar um pouco de sumo de limão, que ajudará a tornar o creme mais firme. Por fim, ir juntando umas colheres de sobremesa de coulis e continuar a bater, até atingir o tom de rosa pretendido e provando para ver se necessita de adoçar mais (eu acho que o mascarpone não pede muito açúcar, mas o ideal é provarem e ajustarem ao vosso gosto). O coulis que sobrar, podem servir depois com o bolo.
Entretanto fazer a calda com o sumo de limão e o açúcar. Deixar borbulhar lentamente até atingir um ponto fraco.
Colocar um dos bolos no prato de servir, picá-lo com um palito e regar com metade da calda. Colocar uma camada de creme de mascarpone e framboesa, espalhar algumas framboesas e tapá-las com mais creme, reservando framboesas para a decoração final. Colocar o outro bolo por cima. Picar e regar com a restante calda. Cubrir o bolo com o creme e acabar de decorá-lo ao vosso gosto. O bolo fica melhor no dia seguinte, por isso, o ideal é fazê-lo de véspera e guardá-lo no frigorífico.
*Leve ao lume cerca de 200 g de framboesas congeladas. Deixe cozinhar bem até ficarem desfeitas e largarem todo o sumo, deixando este reduzir um pouco. Passe por um coador, descarte as grainhas e reserve o coulis, que para esta receita deve ser usado frio.
Amanhã é o Dia da Mãe. Como acontece há já vários anos, o almoço será cá em casa, com as nossas mães e irmãos.
Somos uns felizardos por ainda podermos juntar todos à mesa, sendo que a pessoa mais velha - o meu pai - já fez 80 anos este ano.
Gosto muito deste dia. Sendo eu mãe, poderia querer celebrá-lo de outra forma, indo almoçar fora, por exemplo, para não ter trabalho. Mas para mim faz mais sentido assim. Gosto de preparar uma mesa bonita, ter ser sempre jarras com flores naturais, apresentar uma sobremesa especial. Uma forma de mimar as mães da minha vida, que ainda hoje nos recebem mais vezes do que as vezes que as recebemos a elas.
Normalmente é a partir do Dia da Mãe que a primavera se instala definitivamente cá em casa. O bom tempo que costuma fazer-se sentir já não volta atrás (pelo menos já não voltamos aos casacos grossos), há uma energia boa no ar e na rua ouvem-se as vozes alegres de universitários trajados a caminho da Queima. Maio é um mês que começa bem e que segue em festa, com vários aniversários na família. E não há nada melhor do que ter motivos para celebrar.
Para o almoço de amanhã, pensei em fazer uns profiteroles mimosos, recheados com creme de lemon curd e mascarpone e uma cobertura simples de chocolate branco. Uma experiência que tinha tudo para dar certo e as expectativas confirmaram-se: combinação deliciosa (pelo menos para os fãs de sobremesas de limão, como eu).
E ficaram com um aspeto tão doce e delicado, não concordam? Sei que sou suspeita, mas acho-os perfeitos tendo em conta a ocasião. Feliz Dia da Mãe!
PROFITEROLES COM RECHEIO DE LIMÃO E COBERTURA DE CHOCOLATE BRANCO
Para cerca de 30 profiteroles tamanho médio/normal
Se não tiver lemon curd feito, deve começar por aí, para que tenha tempo de refrigerar.
Para fazer os profiteroles, coloque num tacho a água, o azeite, o sal, o açúcar e a casca de limão e leve ao lume. Assim que ferver, descarte o limão e junte a farinha toda de uma vez. Mexa bem com a colher de pau, até a massa formar uma espécie de bola lisa e descolar-se das paredes do tacho, o que deve demorar uns dois ou três minutos. Retire do lume e passe para a taça da batedeira. Deixe arrefecer uns 10 minutos, ligue a batedeira numa velocidade média (se tiver, use a pá das massas e não a ‘pinha’ das claras em castelo) e vá acrescentando os ovos, um a um, continuando a bater para os incorporar bem. A massa estará pronta quando estiver uniforme, brilhante e macia.
Pré-aqueça o forno nos 210º (se for usar os dois níveis de forno ao mesmo tempo, reduza para 190º e coloque na função ventoinha).
Um tabuleiro não deve chegar, por isso forre dois tabuleiros de forno com papel vegetal (use um pouco de massa para colar as pontas do papel ao tabuleiro).
Coloque a massa num saco de pasteleiro equipado com um bico largo liso e faça os profiteroles. Com a ponta do dedo indicador molhada, pressione ligeiramente o centro dos profiteroles, para abater o eventual ‘bico’ com que tenham ficado.
Leve ao forno cerca de 20 minutos, sem abrir a porta durante a cozedura. Depois de cozidos, mantenha-os no forno até arrefecerem, com a porta entreaberta (use o cabo de uma colher de pau ou um pano de cozinha dobrado para criar a frincha na porta do forno). Guarde-os numa caixa hermética até serem recheados e cobertos.
Prepare a cobertura levando a derreter o chocolate branco em banho-maria. Junte um pouco de óleo vegetal e mexa bem, para torná-lo mais fluído. Se lhe quiser dar um tom rosado, junte umas gotinhas de corante rosa ou cerca de uma colher de café de beterraba em pó, mexendo bem (eu não tinha corante rosa em casa e então lembrei-me de um frasquinho de beterraba em pó que tinha comprado na Kinda Home; a cor não fica totalmente uniforme, mas acho consegui o efeito pretendido e o sabor não comprometeu; no entanto, se tivesse corante, teria usado o corante).
Prepare o recheio, batendo bem o mascarpone com o lemon curd.
Com uma faca de serrilha abra os profiteroles a meio (cuidado para que as partes não fiquem separadas). Com uma colher de chá encha a cavidade com creme de limão. Por fim coloque um pouco do chocolate branco em cima de cada profiterole.
Leve ao frigorífico umas duas horas antes de servir.
Fiz anos a semana passada. Um número gordo que sempre associei às pessoas "mais velhas". Sinto isso desde que fiz quarenta. Parece que a idade não encaixa, não me sinto como sempre pensei que se sentiriam as pessoas com mais de quarenta: maduras, sérias, sábias.
Pelo contrário, sinto-me uma miúda, alguém que não se leva demasiado a sério, com muito para aprender. Que diabo, quarenta era a idade das mães, das tias, daquela vizinha já com filhos grandes. Como é que, de repente, eu própria já tenho 45?!
Bom, o cartão de cidadão não engana e foi já há uma semana que soprei essas velas todas. E na verdade, apesar do número custar um nadinha a engolir, não podia estar mais feliz. Tenho uma família fantástica, incluindo um marido e dois filhos maravilhosos, amigos, faço o que gosto, tenho o que preciso e, este ano, até a meteorologia resolveu dar-me um dia de sol (quando fiz quarenta, por exemplo, o tempo estava péssimo, chovia imenso). Não me posso queixar, pois não?
Para celebrar, fiz um bolo de limão diferente mas delicioso. Diferente porque decidi cozer a massa de bolo de anjo (ou angel food cake) numa forma alta normal, ou seja, sem buraco/ sem chaminé.
Adoro a textura e a humidade deste bolo, que a tradição manda cozer numa forma de alumínio com chaminé e com umas "patinhas", que servem para que, depois de cozido, ele fique a arrefecer na forma, virado ao contrário, mas com ar a circular por baixo. Como não tenho uma forma dessas, sempre fiz o bolo numa forma de chaminé tipo pão de ló e depois colocava a forma virada para baixo, com a chaminé apoiada num frasco estreito, para ficar acima da superfície (para verem o meu bolo de anjo coberto com doce de ovos e ver a receita original, cliquem aqui.)
Desta vez queria um bolo relativamente alto e liso e resolvi arriscar. Troquei ainda a baunilha da receita original por raspa de limão. Depois de frio e desenformado (mais abaixo, na descrição da receita, explico como fiz para que o ar circulasse debaixo da forma durante o arrefecimento), barreio-o todo com um creme de mascarpone e lemon curd. D-e-l-i-c-i-o--s-o!
A única desvantagem que senti ao usar esta forma foi que o bolo abate um pouco no topo, no centro. Mas como a ideia era decorar, enchi a cavidade de creme e não dá para notar ;)
Esta é uma receita para um bolo relativamente grande e não é muito fácil dividir em duas para fazer apenas metade, por isso o que fiz foi cozer dois bolos: o outro cobri-o com doce de ovos, na continuação dos festejos 🙈. Afinal, se o número é grande, que se celebre em grande também 😆.
Ah, se experimentarem este bolo, digam-me como correu. Podem deixar um comentário aqui, no facebook ou no Instagram, como preferirem ;)
BOLO ANJO DE LIMÃO COM COBERTURA DE MASCARPONE E LEMON CURD
Para a massa:
Adaptado do livro "Martha Stweart's Baking Handbook"
Estas quantidades dão para 1 bolo grande ou 2 bolos pequenos (usei 1 forma com 16 cm de diâmetro e outra com 14 cm, ambas altas - 10 cm de altura)
1 chávena de farinha sem fermento 1 + 1/2 chávenas de açúcar 13 claras L à temp. ambiente 1 colher de sopa de água morna 1/2 colher de chá de sal 1 colher de chá de cremor tártaro 2 colheres de sopa de raspa de limão
(chávena de 250 ml de capacidade)
Pré-aqueça o forno nos 180º.
Se for usar formas normais, sem buraco, forre o fundo com papel vegetal (mas não unte - para este bolo não se deve untar as formas).
Usando duas taças, peneire a farinha umas duas ou três vezes e reserve. Na taça da batedeira eléctrica, bata as claras com a água morna em veloc. baixa, até ficar em espuma. Junte o sal e o cremor tártaro. Bater em velocidade média-alta, até surgirem picos macios, cerca de 3 minutos. Com a batedeira a trabalhar, junte as raspas de limão e o açúcar, colher a colher, até a mistura ficar bem espessa e brilhante, cerca de 2 minutos (não bata demasiado, não deve ficar seco). Nessa taça, se for grande, ou transferindo as claras para uma taça maior, envolva a farinha nas claras, com uma espátula de borracha, em 6 vezes. Verta a massa para a(s) forma(s) e passe uma faca pela massa, para retirar bolsas de ar.
Alise e leve ao forno cerca de 25/30 minutos (formas pequenas) ou 40 minutos (forma grande de buraco), no nível médio do forno.
Está pronto quando a massa estiver bem dourada e quando, se pressionar levemente com os dedos, voltar rapidamente à forma inicial. Retire do forno e inverta as formas sobre uma rede de arrefecimento, idealmente um pouco levantada da superfície, para permitir que o ar circule por baixo (eu coloquei a rede sobre duas taças. Se usar forma de buraco, apoie a chaminé sobre um frasco estreito. Deixe arrefecer completamente (cerca de 1h30/2 horas). Passe uma espátula fina à volta da forma para soltar o bolo. Desenforme para o prato de servir.
Para a cobertura:
1 emb. de queijo mascarpone
Lemon curd a gosto*
Bata o mascarpone em chantilly e junte lemon curd até obter o sabor desejado (aí umas 5 ou 6 colheres de sopa generosas).
Com a ajuda de uma espátula, barre o bolo com este creme. Se quiser, decore com rodelas de limão e sirva o bolo com mais lemon curd.
*LEMON CURD
2 ovos L
100 ml de sumo de limão
140 g de açúcar
50 g de manteiga à temperatura ambiente
1 colher de sopa de raspa de limão
Num tachinho de fundo espesso, misture bem os ovos com o açúcar e o sumo de limão. Leve ao lume médio, mexendo sempre com um batedor de varas, para não ganhar grumos, até engrossar, o que deve demorar menos de 10 minutos (deve ficar um creme não demasiado espesso, uniforme e brilhante, que irá ficar mais consistente depois de arrefecido). Retire do lume e incorpore a manteiga e a raspa de limão. Espere um ou dois minutos e mexa com um batedor e varas, até a manteiga estar bem derretida e bem distribuída pelo creme. Verta para frascos limpos, deixe arrefecer, tape e guarde no frigorífico até usar. Conserva-se bem tapado no frigorífico cerca de 15 dias.