"Cantinho do Avillez - As receitas" - José Avillez - Esfera dos Livros
Será que quando vêem um livro de um chef, de receitas de pratos servidos no seu restaurante, ficam com a mesma dúvida que eu? A de que as receitas que fazem no restaurante podem não ser exatamente iguais às que estão no livro? Bem, nunca saberemos 😆 Até porque a mesmíssima receita, feita por duas pessoas diferentes, sobretudo se uma dessas pessoas é um profissional, nunca vai sair igual. E é por isso que tenho dúvidas de que o meu leite-creme tenha saído tão bom como o do restaurante...
O Cantinho do Avillez ( o do Chiado), foi o primeiro restaurante em nome próprio de José Avillez, o mais consagrado dos chefs portugueses, tendo aberto as suas portas em setembro de 2011. Hoje são já quatro os Cantinhos: Chiado, Parque das Nações, Porto e Cascais. Que se juntam numa extensa lista a outros projetos de José Avillez, como o duplamente estrelado Belcanto, a Cantina Peruana, o Bairro ou o Mini Bar [que também já se estendeu ao Porto], passando pela Tasca, no Dubai.
O José Avillez talvez seja um dos meus chefs portugueses preferidos [logo a seguir ao Vasco Coelho Santos, do Euskalduna 😉]. Primeiro, porque o acho genuinamente simpático. Quando fui a primeira vez ao Cantinho do Avillez do Porto, foi o chef que nos abriu a porta, recebendo-nos com um sorriso, entusiasmo e amabilidade surpreendentes. Depois, porque já li e ouvi muitas das suas entrevistas - como esta, no podcast "Cada um sabe de si" - e gosto do seu discurso, da sua forma de encarar o trabalho de equipa, da sua história de vida.
Apesar deste meu apreço, ainda não tinha nenhum livro dele. Para esta rubrica, que como sempre conta com o apoio da Bertrand, optei pelo "Cantinho do Avillez - As Receitas", já na sexta edição. Para além de ser um dos seus primeiros livros (se não mesmo o primeiro, mas não posso precisar), o tipo de cozinha praticada no Cantinho não me parece demasiado rebuscada para replicar em casa, sendo um livro a que facilmente podemos dar uso.
Este é um livro bilingue - português e inglês. As receitas fazem ou fizeram parte da carta do restaurante e estão agrupadas nos capítulos:
Cocktails
Entradas
Pregos
Pratos
Sobremesas
Não são muitas: apenas 40 receitas, no total.
Em termos gráficos, o livro é do mais simples que há. Acho até a encadernação demasiado básica, sem qualquer badana (aquela tira extra da capa e da contracapa que dobra para dentro, normalmente com informação sobre o autor), o que o torna frágil, sobretudo se tivermos em conta que é um livro para ser manuseado numa cozinha.
Quanto às receitas, parecem-me bem descritas e entre elas podemos encontrar as famosas 'Lascas de bacalhau, migas soltas, ovo a baixa temperatura e azeitonas explosivas', os 'Camarões à Bulhão Pato', as 'Vieiras na frigideira com cogumelos e batata-doce de Aljezur', o 'Bife à Cantinho', a icónica sobremesa 'Avelã ao cubo' ou o 'Leite-creme de laranja e baunilha' cuja receita partilho mais abaixo.
Resumindo: "Cantinho do Avillez - As receitas" não é um livro extraordinário, diria até que é um livro modesto, tanto em termos de conteúdo, como em termos de produção gráfica. É um livro que vale pelas receitas em si e pela carga simbólica associada, conferida pelo prestígio do chef Avillez e deste seu restaurante. As fotos são bonitas, mas um pouco baças, devido ao papel escolhido, de cor creme. Este livro é, no entanto, um ótimo aliado para os foodies e todos aqueles que gostam de surpreender os convidados em casa, com receitas ao mesmo tempo simples mas com um toque de sofisticação.
LEITE-CREME DO CANTINHO DO AVILLEZ - COM LARANJA E BAUNILHA
Receita de José Avillez no livro "Cantinho do Avillez - As receitas"
[A receita é supostamente para 4 doses, mas eu consegui apenas 3]
50 ml de leite
300 ml de natas
55 g de açúcar demerara (usei mascavado)
4 gemas de ovo
2 colheres de sopa de sumo de laranja
1 a 2 vagens de baunilha
Casca de laranja (sem a parte branca) qb
Açúcar demerara para polvilhar e queimar (usei açúcar mascavado)
Ligar o forno nos 150ºC.
Num tacho, levar o leite ao lume com 100 ml de natas e a casca de laranja.
Abrir a vagem de baunilha, raspar as sementes e adicionar tudo ao tacho do leite e natas.
Deixar esta mistura fervilhar.
Numa taça, bater as gemas com o açúcar.
Retirar o tacho do lume, juntar as restantes natas e o sumo de laranja.
Adicionar esta mistura, aos poucos, à taça das gemas e açúcar.
Distribuir pelas taças e levar ao lume num tabuleiro ou assadeira, que deve encher com água quente até metade da altura das taças.
Cozer durante cerca de 40 minutos (o creme deve sair ainda pouco firme no centro, irá solidificar ao arrefecer).
Depois de frias, guarde as taças no frigorífico até 3 dias.
Antes de servir, polvilhe com açúcar e queime com um maçarico de cozinha.
Nota: apesar de ter seguido a receita à risca, fiquei com a impressão de que a textura não ficou perfeita, achei que devia ter ficado mais cremoso (será que cozeu demasiado?). Em todo o caso, de sabor ficou bastante agradável.
Como já devem ter dado conta, tenho vindo a aumentar a minha coleção de livros de culinária e, pelo caminho, vou partilhando convosco algumas conclusões sobre os livros que vou escolhendo. E claro, nesses posts partilho sempre uma receita retirada do livro em destaque.
É a rubrica "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes", em parceria com a Livraria Bertrand, que já vai no 9º livro!
Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes #9
"Novas receitas paleo" - Irena Macri - ArtePlural Edições
Antes de avançar para a descrição e apreciação do livro, devo esclarecer que não sigo, nem defendo, uma dieta paleo. Aliás, já devem ter percebido que por aqui se come um pouco de tudo. Sinto que há argumentos e princípios interessantes em cada uma das dietas ou regimes alimentares mais conhecidos, mas continuo a achar, por agora, que ser flexível é o que faz mais sentido para mim e para a minha saúde.
No entanto, gosto de saber mais sobre os diferentes regimes e dietas. Se há umas semanas vos falei do veganismo, através do livro da Filipa Range - "Desafio Vegan em 15 dias", hoje trago-vos um livro que fala da 'dieta paleo', de Irena Macri.
De origem ucraniana, Irena vive há muitos anos na Austrália e este é já o seu segundo livro traduzido para português. Nele fala-nos de uma dieta paleo um pouco mais flexível do que aquela que apresentava no primeiro livro. Chama-lhe a dieta paleo 80/20, ou seja, com 80% de receitas especificamente paleo e 20% de receitas que incluem ingredientes que fogem ao âmbito restrito deste regime alimentar.
Mas afinal, o que é a dieta paleo? Na sua essência, e de acordo com as palavras da autora, "é um regime alimentar que baseia os seus princípios fundamentais nos hábitos dos nossos ancestrais caçadores-recoletores, que viveram antes das revoluções agrícola e industrial" (...).
A dieta paleo é "rica em proteína animal e gordura" (a autora sublinha mais à frente que estes alimentos devem ser de elevada qualidade e oriundos de produção biológica) e inclui também "legumes, fruta, bagas, frutos secos e sementes". (...) "Embora o regime paleo não implique reproduzir à risca a dieta do homem das cavernas, baseia-se na nossas raízes alimentares, combinando esses hábitos com outros que foram mais recentemente considerados benéficos, de acordo com os estudos atuais sobre saúde evolutiva, nutrição e estilo de vida holístico".
Alguns aspetos do livro podem chocar ou surpreender. Quando Irena fala dos ingredientes nutritivos favoritos, há um que parece ir contra as tendências e os alertas de saúde mais recentes: a carne vermelha (ainda que a autora sublinhe que deve advir de animais criados em pastos, ao ar livre). E ao falar de "boas fontes de amido", diz que prefere o arroz branco ao integral (um ingrediente da parcela dos 20%): "Ao contrário do arroz integral, o arroz branco contém muito poucos antinutrientes prejudiciais à saúde, como as lectinas, os fitatos e os inibidores de tripsina que estão concentrados na casca e nas camadas de farelo dos grãos de arroz e que são removidos durante o processo de moagem e polimento."
Não digo que a autora esteja a dizer inverdades. Parece-me ter um discurso consistente (ainda que eu tenha algumas dúvidas e preocupações sobre os reais efeitos de uma dieta paleo seguida de forma estrita e leviana), e as suas receitas são apresentadas com informação nutricional detalhada. Julgo que o mais certo é todos terem razão: quem diz que o arroz integral tem benefícios porque tem um índice glicémico menor e mais nutrientes e quem diz que (paralelamente) este apresenta também um maior número de antinutrientes (compostos naturais ou sintéticos que interferem na absorção de nutrientes).
Com tanta informação a circular sobre comida e alimentação, com tantas opiniões diferentes - muitas vezes, pelo menos numa leitura superficial, contraditórias - é fácil ficarmos confusos. É uma das razões pelas quais o meu único lema em termos alimentares é VARIAR.
A autora diz também que evita os cereais - na 'dieta paleo' o pão, praticamente, não entra! - as leguminosas ("porque contém toxinas e proteínas que podem prejudicar a inflamação e a digestão), o açúcar refinado, as gorduras pouco saudáveis e alguns laticínios, nomeadamente os "magros", por terem normalmente "mais açúcar e aditivos nocivos".
Apesar do "rótulo" paleo, gostei do livro, até porque a generalidade das receitas me parecem equilibradas e saudáveis, podendo ser integradas numa rotina alimentar 'não paleo' (ainda que, no meu caso, tencione substituir o óleo de coco, que aparece amiúde, pelo azeite).
São receitas muito variadas, na sua maioria salgadas (também não imagino os homens do paleolítico a deliciarem-se com bolos e doces 🤪). Há sugestões para pequenos-almoços, menus temáticos incluindo refeições vegetarianas e veganas, bebidas, muitas saladas e acompanhamentos. Há receitas rápidas, outras reunidas por serem baratas (ainda que estes dois atributos sejam algo relativo) e ainda outras agrupadas na categoria dos "básicos".
E há até um plano quinzenal de refeições no final do livro, com sugestões para o pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar.
Do que é que eu gostei mais? De haver muitas receitas com legumes e muita cor, em fotografias que nos deixam a babar.
Resumindo: "Novas receitas paleo" é um livro bonito (não há dúvidas de que os australianos sabem fazer livros de cozinha - ver a minha crítica ao livro de Matt Preston neste post). As fotografias e o design gráfico são cativantes, ainda que haja uma ou outra receita sem fotografia. É um livro que tem perfeitamente lugar numa cozinha que não seja estritamente paleo. As receitas são criativas e estão descritas com razoável detalhe, incluindo doses, tempo e perfil nutricional. Alguns ingredientes são pouco comuns (existe inclusivamente um glossário), mas parece-me fácil omiti-los ou substituí-los por outros.
Ah! E já me seguem no Instagram? Costumo mostrar o interior dos livros desta rubrica nas stories!
PARFAITS DE TARTE BANOFFEE
(receita original: "Novas receitas paleo", de Irena Macri)
Para 4/6 copos, dependendo do tamanho
3 bananas médias
1/2 chávena de natas de coco (usei a parte sólida do leite de coco, depois de umas horas no frigorífico)
1/2 chávena de coco seco em flocos
1/3 chávena de avelãs torradas picadas
1/2 chávena de coco em lascas
1/3 chávena de amêndoa em palitos ou lascas
2/3 de chávena de creme-caramelo (receita mais abaixo)*
1 chávena de iogurte grego natural (ou iogurte vegetal)
4 colheres de sopa de pepitas de chocolate negro
Corte duas das bananas às rodelas, coloque-as num saco de congelação e leve-as ao congelador durante 30/45 minutos.
Numa frigideira antiaderente, toste a amêndoa e as lascas de coco (e a avelã se for caso disso). Reserve.
No processador ou robot de cozinha, triture as bananas semicongeladas com as natas de coco (não sei se existem natas de coco à venda cá ou se o equivalente é o creme de coco que já vi à venda; eu levei uma lata de coco ao frigorífico umas horas antes e, depois, usei a parte sólida que se formou na parte superior da lata), até obter um creme aveludado.
Corte a banana restante às rodelas (pode regar com sumo de limão para não oxidar)
Para montar os parfaits, comece por fazer, em cada copo, uma camada de frutos secos e coco tostado e uma camada generosa de creme de coco e banana; a seguir, disponha por camadas: creme-caramelo (ou leite condensado cozido, veja a minha nota mais abaixo), iogurte, frutos secos e coco, pepitas de chocolate, rodelas da banana. Termine com mais frutos secos e coco, pepitas de chocolate e mais um pouco de creme-caramelo ou leite condensado cozido.
Sirva de imediato.
CREME-CARAMELO
Para cerca de 250 g
3,5 colheres de sopa de ghee ou óleo de coco
1/3 de chávena de mel
1,5 chávenas de leite de coco bem agitado
1 colher de sopa de essência de baunilha
Uma pitada de sal marinho
Aqueça o ghee ou óleo de coco com o mel num tacho pequeno, até começar a fervilhar.
Nessa altura, junte o leite de coco, aos poucos e mexendo sempre.
Adicione a baunilha e deixe levantar fervura.
Reduza para lume brando e deixe cozinhar durante cerca de 30 minutos, mexendo com frequência. Cozinhe mais 15 minutos no mínimo. Vá mexendo até verificar que começou a engrossar, o que deve acontecer nos minutos finais. O creme deve ficar grosso, mas "mole" - vai espessar ao arrefecer. Retire do lume e guarde num frasco hermético. Conservar no frigorífico até um mês (a autora diz que o creme pode ser reaquecido suavemente para voltar à consistência inicial. Eu tentei requecer uma parte, mas não correu bem: a gordura separou-se do resto e ficou inutilizável. Aconselho antes a que retirem o creme do frigorífico com tempo ou... ainda mais prático, saltem a parte de fazer o creme-caramelo e usem leite condensado cozido, como explico a seguir).
*Eu segui a receita à risca, fazendo, inclusivamente, o creme-caramelo de mel e coco, que me demorou mais do que uma hora a fazer; se não seguem uma dieta vegana, aconselho a substituírem o creme-caramelo por leite condensado cozido.
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Apesar do calendário o desmentir, as temperaturas dos últimos dias dizem-nos que estamos no pico do verão. As tartes e os crumbles de outono vão ter de esperar. A boa notícia é que o livro desta semana do "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" tem receitas para todas as estações do ano.
Falo do livro "As receitas de Cristina Manso Preto", da popular colaboradora do programa Praça da Alegria da RTP, onde há vários anos apresenta uma rubrica de culinária.
Sabiam que este é já o 8º livro no âmbito do #dizmeoquelês, iniciativa que conta com apoio da Livraria Bertrand? Onde, aliás, podem encontrar todos os livros de que falo aqui [para saberem mais sobre os livros anteriores, é só clicar nos links no final deste post].
Mal comecei a folhear o livro, fiquei com a sensação de que se iria converter num dos meus favoritos. Porque adoro comida de conforto (quem não gosta?) e se tivesse de descrever o conteúdo do livro da Cristina numa só frase seria "comida de conforto à portuguesa". Porque mesmo que apresente alguns clássicos que vieram lá de fora, como os scones, a charlotte, o risotto ou o chilli, todos ganharam um toque português, seja nos ingredientes ou na confeção simplificada.
É um livro suculento, cheio daquelas receitas que só de ler sabemos que vão ser um "crowd-pleaser", com recurso aos ingredientes que tradicionalmente nos são familiares, incluindo aqueles que agora estão ausentes de muitos regimes: manteiga, natas, farinha de trigo, carne, peixe, enchidos. Apesar destes ingredientes estarem atualmente quase "demonizados", não se pense que o livro é um elogio à alimentação pouco saudável, nada disso. Se não tivermos qualquer impedimento de saúde ou ideológico e os consumirmos com equilíbrio, não há porque retirá-los da nossa dieta.
Estas são receitas que seguem o estilo de cozinha da maioria das nossas mães e que continuam a agradar a miúdos e graúdos que não tenham nenhum tipo de restrição alimentar. E há receitas simples e saudáveis, como a "Sopa fria de meloa com hortelã" ou as "Bolachas de requeijão e alecrim", e outras que nós e a Cristina sabemos que são apenas para dias especiais, como os "Jesuítas" ou a "Tarte merengada de frutos vermelhos". O livro inclui ainda algumas receitas "sem glúten".
São sete as categorias em que estão agrupadas: "Super fácil", "Para aquecer a alma", "Para refrescar os dias", "Para momentos de gula", "Mãos na massa", "As preferidas cá de casa" e ainda "Para nada desperdiçar", com sugestões para aproveitamento de sobras.
Se gosta de receber em casa, este livro é para si. Tenho a certeza de que começará logo a imaginar as festas e os jantares onde poderá servir estas propostas. E se as receitas salgadas prometem ser deliciosas, as doces são uma verdadeira tentação. Deixo aqui alguns exemplos: "Bolo merengue de chocolate", "Pudinzinhos de café", "Charlote de chocolate e frutos vermelhos", "Mousse de coco e lima", "Embrulhos de maçã caramelizada", "Tarte de damascos e amêndoas", "Panacota de limão" [cuja receita apresento mais abaixo, numa versão que inclui também lima], "Bolo de São Martinho", "Bolo de mil-camadas"... e a lista poderia continuar bem gulosa.
Resumindo:"As receitas da Cristina Manso Preto" é um daqueles livros que encaixa como uma luva nas prateleiras de uma cozinha familiar, onde a azáfama se instala não só em dia de celebrações maiores como num jantar de amigos. Um livro para quem come de tudo e gosta de cozinhar de tudo. São mais de 80 receitas, que vão desde pão para o pequeno-almoço a sobremesas vistosas, passando por pratos principais de substância. Tem fotografias para todas as receitas, de Rui Bandeira, e a descrição daquelas é clara e detalhada o suficiente para que as possamos confecionar com sucesso.
Saber mais sobre "As receitas de Cristina Manso Preto" >>>> Livraria Bertrand
De seguida, deixo-vos a receita de Panacota de [lima] limão, perfeita para este setembro quente e luminoso.
PANACOTA DE LIMA E LIMÃO
Adaptado do livro "As receitas de Cristina Manso Preto"
Para 6
Para as panacotas:
600 ml de natas (3 embalagens)
100 g de açúcar
3 pedaços de casca de limão
3 pedaços de casca de lima
1 colher de sopa de sumo de limão
1 colher de sobremesa de sumo de lima
4,5 folhas de gelatina (use uma tesoura para cortar a folha)
Folhas de hortelã para decorar (opcional)
Para o curd de lima e limão da cobertura*:
2 ovos L
50 ml de sumo de limão
50 ml de sumo de lima
120 g de açúcar
50 g de manteiga à temperatura ambiente
1 colher de sopa de raspa de limão e lima
*O livro tem uma receita ligeiramente diferente para a cobertura, um pouco mais complexa, e por isso decidi seguir a minha receita infalível de lemon curd, numa variação com lima.
Comece por fazer o curd de lima e limão: num tachinho, leve ao lume os ovos bem batidos com o açúcar e o sumo de lima e limão. Vá mexendo até engrossar, o que deve demorar cerca de 10 minutos.
Junte as raspas de lima e limão e a manteiga. Mexa bem, verta para frascos bem limpos, tape, deixe arrefecer e leve ao frigorífico.
Para as panacotas, leve as natas ao lume com as cascas e o açúcar.
Deixe aquecer bem, mexendo com uma vara de arames, mas não deixe ferver.
Retire do lume, e deixe repousar com as cascas, para ganhar sabor, cerca de uma hora.
Entretanto demolhe a gelatina em água durante 5 a 8 minutos. Escorra e reserve.
Esprema o limão e a lima nas quantidades pedidas. Reserve.
Retire as cascas da mistura de natas e leve de novo ao lume até aquecer bem, mas sem atingir o ponto de fervura.
Desligue o lume e junte a gelatina escorrida e o sumo de lima e de limão. Mexa bem com as varas.
Verta para formas adequadas (usei umas formas de queque metálicas com revestimento anti-aderente) ou frasquinhos. Deixe amornar e leve ao frio para solidificar.
Quando for para servir, se tiver usado formas, mergulhe-as rapidamente em água quente e vire-as para um pratinho. Espere alguns minutos e abane, segurando bem no prato junto à forma, caso não tenha descido naturalmente.
Sirva com o curd de lima e limão e decore com folhas de hortelã.
Ah! Pode usar o curd que sobrar para rechear um bolo, comer com scones ou com iogurte [ou simplesmente comer às colheradas, mas vamos fazer de conta que eu não disse isto 😁].
Ora bem, antes que me acusem de escrever títulos enganosos, convém esclarecer que o adjetivo "rápido" remete apenas para as fases após o descaroçamento das cerejas. As cerejas são maravilhosas [são mesmo um dos meus frutos favoritos], mas caso queiramos cozinhar com elas dão um pouco de trabalho. Afinal, já diz o ditado que não há bela sem senão. No caso das cerejas até há dois senãos.
Sei que há quem faça tartes e bolos com cerejas sem as descaroçar, mas eu não consigo. Prefiro perder algum tempo com essa tarefa, do que depois andar a cuspir caroços e pôr em causa a experiência da degustação. Assim, recomendo que tenham um bom descaroçador [ eu uso o quebra-nozes da Tupperware, que tem essa função e fico sempre satisfeita com o resultado]. Depois, ponham a rodar a vossa música favorita, sentem-se confortavelmente à mesa da cozinha, ou fiquem em pé se forem baixos como eu, e [muito importante!] descarocem as cerejas para uma bacia grande e alta. Isto porque o segundo senão de cozinhar com cerejas e ter de descaroçá-las é que elas espirram muito sumo, que deixa nódoas difíceis. Mas se tiverem uma bacia grande e alta e manusearem o descaroçador e as cerejas lá dentro, vão ver que a cozinha e a vossa roupa continuará impecável no fim desta missão.
No princípio de junho, fomos presenteados cá em casa com vários quilos de cerejas. Eram deliciosas e comemos a maior parte ao natural, mas a quantidade exigia que lhes desse outro uso. Resolvi transformar algumas em doce. Foi a primeira vez que fiz doce de cereja e, na altura, no Instagram, prometi que se ficasse bom, partilhava a receita.
Aqui está ela, a tempo de poderem aproveitar as últimas cerejas deste ano! Para além de ser muito bom barrado simplesmente em pão e tostas, também fica ótimo num cheesecake, ou servido com iogurte ou queijo - nestas fotos, aparece acompanhado de queijo fresco de cabra.
DOCE DE CEREJA
[adaptado de uma receita que vi no Pinterest, mas que na altura não guardei!]
1 kg de cerejas
Sumo de 1 laranja
6 colheres de açúcar amarelo ou a gosto
Lave e descaroce as cerejas.
Coloque todos os ingredientes numa panela de fundo espesso [as panelas de ferro fundido, tipo Le Creuset funcionam na perfeição].
Leve ao lume, numa temperatura média/média-alta e deixe cozinhar, mexendo, até as cerejas começarem a amolecer, aí uns 15 minutos - a ideia é manter a forma das cerejas, mas que estas fiquem macias.
Com uma escumadeira, retire as cerejas para uma taça e deixe reduzir e engrossar um pouco os líquidos que ficaram na panela. Volte a colocar as cerejas na panela, deixe levantar fervura, verifique se está no ponto desejado [eu costumo colocar um pouco de doce num prato e passar sobre este as costas de uma colher: se se abrir um caminho nítido e o doce demorar a voltar a unir-se, está pronto [não esquecer que o doce vai espessar ao arrefecer e a ideia é que fique um doce algo fluído, por isso não o cozinhe demasiado].
Passe para frascos bem limpos ou esterilizados, tape, deixe arrefecer e guarde no frigorífico.
O Dia da Criança é celebrado em diferentes datas por todo o mundo. Gosto que em Portugal seja a 1 de junho porque o bom tempo costuma ser garantido (hoje, só para me deixar fica mal, a meteorologia já nos brindou com chuviscos e temperaturas pouco primaveris). Num dia de sol há mais possibilidades de oferecermos aos miúdos atividades ao ar livre e há uma atmosfera mais descontraída e brincalhona no ar.
Mas o Dia da Criança não é apenas um dia de brincadeira e pretexto para mimar os mais novos. É também uma data em que nos devemos lembrar que há milhões de crianças em todo o mundo que não vão poder celebrá-lo. Uma realidade que não é de agora e que levou à Declaração Universal dos Direitos das Crianças pela ONU, em novembro de 1959, mais tarde desenvolvida e aperfeiçada na Convenção sobre os Direitos das Crianças, assinada em 1989.
Os meus rapazes já são adolescente e pré-adolescente, mas espero que nunca abandonem algumas das melhores coisas de ser criança: a curiosidade, a capacidade de alimentar o sonho, a alegria genuína, a bondade, e até uma certa inocência, que ajuda a que o mundo pareça um lugar bem mais apetecível.
Apesar de não assinalarmos o Dia da Criança com pompa e circunstância - não lhes damos presentes, por exemplo - todos os anos costumo preparar uma receita diferente e partilhá-la aqui no blogue. Como esta semana me ofereceram uma caixa de deliciosas cerejas de Resende, desta vez foram elas o mote. Até porque são um dos frutos que mais associo à minha infância: quem não se lembra de brincar com as cerejas e pendurá-las nas orelhas a fazer de brincos? Eu adorava fazer isso. E a seguir comê-las, claro.
E depois as cerejas são tão fotogénicas, que deixam qualquer sobremesa irresistível. Estes cheesecake em versão mini, perfeitos para comer à colher, não são exceção. Vaidosos e gulosos, são uma ótima sobremesa para preparar este fim de semana. A pensar nos miúdos e não só...
¾ de chávena de açúcar amarelo (ou a gosto, depende um pouco da acidez do queijo que usamos)
1 ovo L (usei um ovo caseiro e por isso ficaram tão amarelinhos ;)
1 colher de café de extrato de baunilha
1 pitada de sal
Para o coulis de cereja e framboesa:
70 g de cerejas descaroçadas e framboesas (ou apenas um dos frutos)
1 colher de sobremesa rasa de açúcar amarelo (ou a gosto)
Pré-aqueça o forno nos 170º. Num robot de cozinha triture as bolachas e junte-lhes a manteiga derretida, formando uma espécie de areia fina húmida. Divida pelo fundo de 9 formas de papel colocadas num tabuleiro de queques – use o pilão de um almofariz para nivelar e comprimir esta base de bolacha.
Leve ao forno durante cerca de 5 minutos. Retire e deixe arrefecer.
Entretanto triture os frutos vermelhos e passe-os através de um coador fino, para obter um molho suave e homogéneo - talvez precise, a meio do processo, de empurrar o que fica agarrado na parede do copo e voltar a triturar. Junte a este coulis 1 colher de sobremesa de açúcar amarelo (ou a gosto). Reserve.
Com a ajuda de uma batedeira, misture o queijo creme com o açúcar e a pitada de sal. Junte a baunilha e o ovo e bata um pouco até estar homogéneo.
Distribua a mistura do queijo creme pelas formas de papel onde já colocou a base de bolacha. Com uma colher de café, verta algumas gotas do coulis de cereja e framboesa na superfície dos cheesecakes e, com a ponta de um palito, desenhe algumas espirais irregulares. Pode ser que não use o coulis todo, mas menos quantidade de fruta é difícil de triturar no robot).
Coloque o tabuleiro dos queques num tabuleiro de forno e encha o tabuleiro com água a ferver até cerca de metade da altura dos cheesecakes (eu prefiro encher o tabuleiro já no forno). Leve ao forno durante cerca de 30 minutos, rodando com cuidado os tabuleiros a meio da cozedura.
Retire do forno e com cuidado retire o tabuleiro de queques do tabuleiro com a água. Deixe arrefecer os cheesecake na forma sobre uma rede. Leve ao frio durante cerca de 4 horas antes de servir.
Nota: a textura é muito suave e ainda que se possam comer à mão, retirando o papel, recomendo servir com uma colher.
O fim de semana que passou foi um típico fim de semana de outono. Frio, chuva e, inevitavelmente, aquela humidade típica do Porto que por mais casacos que uma pessoa vista, entranha-se por todo o lado. Liguei o aquecimento em casa, pela primeira vez, e aproveitei a tarde preguiçosa de domingo para dar uso às romãs que tinha apanhado na quinta dos meus sogros no outro fim de semana.
Estas romãs são muito ácidas. Eu não me importo nada com isso, dão um sumo delicioso, para os meus gostos, mas a verdade é que sou a única cá em casa capaz de as comer. Decidi então cozinhar qualquer coisa com elas e pedi sugestões no Instagram.
Fazer vinagre, fazer doce, fazer chutney, servir com açúcar e vinho de Porto à sobremesa: foram várias as dicas recebidas, mas acabei por escolher o doce, seguindo o conselho de juntar maçãs, por causa da pectina. O resultado? Um doce perfeito, que superou completamente as minhas expectativas: apesar de fazer doces e compotas de vez em quando, não sou nenhuma especialista e penso sempre que não vai ficar tão bom como eu gostaria.
Claro que houve vários fatores que ajudaram a que o doce tenha saído no ponto, desde logo ter sido feito numa panela de ferro fundido. Julgo que foi a primeira vez que usei uma Le Creuset para fazer doce e fiquei rendida. Costumo fazer na Bimby, que é uma ótima solução quando não queremos ou não podemos estar sempre a vigiar.
Depois, o facto de ter sido feito com tempo. Fazer com tempo significa fazer com amor. Nos últimos tempos, não tenho tido muitas oportunidades para cozinhar com esta entrega e soube-me bem ter a panela destapada ao lume e, sem pressa, ir vigiando, ir mexendo, ir sentindo o aroma que se espalhava na cozinha.
Depois, foi só casar o doce com um pouco de requeijão. E o meu humor reconciliou-se de imediato com o tempo lá fora. Como uma amiga minha diz, na sua hashtag preferida, #nocéuhádisto.
DOCE DE ROMÃ E MAÇÃ
350 ml de sumo de romã*
580 g de maçãs, pesadas já descascadas e sem caroço
480 g de açúcar
1 tira de casca de limão
1 pau de canela
Cascas e caroços de duas ou três maçãs
Embrulhe as cascas e os caroços de maçã num pedaço de gaze ou mousseline, atando bem e formando uma espécie de saquinho.
Junte todos os outros ingredientes numa panela de fundo espesso e leve ao lume médio.
Mexa bem e junte o saquinho com as cascas e os caroços de maçã - pode, por exemplo, atá-lo numa colher de pau e pousar a colher na panela, de forma a que o saco fique mergulhado no doce. É nas cascas e nos caroços da maçã que há mais pectina e isto vai ajudar a que o doce espesse e fique com melhor textura. Reduza para o mínimo e deixe cozinhar, mexendo de vez em quando. Deve demorar entre 1h30 a 2 horas a ficar no ponto.
Ao fim deste tempo, achei que estava pronto mas que ainda havia ainda pedaços notórios de maçã. Como gosto de doces mais uniformes, descartei a casca de limão e o pau de canela e ralei grosseiramente com a varinha mágica. Deixei ferver novamente e passei para frascos limpos.
*Retirei os bagos às romãs, triturei-os na Bimby e coei o sumo; para 350 ml de sumo, deve precisar de duas a três romãs.
Há dias em a cozinha é um conto de fadas. Na história que hoje vos trago as palavras mágicas são açúcar, canela, laranja, limão e cardamomo. E plim! Eis que uma abóbora se transformou em doce.
Há dias, porque nem sempre as minhas experiências têm um final feliz. Mas este meu primeiro doce de abóbora deixou-me muito orgulhosa.
Nunca fui de fazer compotas. A minha mãe sempre as fez, e ainda faz, com a fruta madura do seu quintal ou com a fruta que lhe oferecem ou compra às lavradeiras da zona. O seu doce de abóbora talvez seja, a par das rabanadas e deste bolo de maçã, a sua coisa doce mais apreciada e tenho quase sempre um frasco em casa.
Mas quando me vi com esta abóbora, comprada no Mercado de Sabores do Continente por apenas €1, e depois de uma parte ter sido usada na tarte, fiquei tentada a fazer o doce. Consultei o livro-base da Bimby, tentei lembrar-me de receitas que já me tinham passado pelos olhos e fiz a minha própria combinação.
Dos dois frascos e meio que rendeu, já só resta um fundinho de um e ainda que no início tenha pensado em oferecer um dos frascos, a ideia passou-me depressa, tal a gulodice. Temos comido o doce com requeijão, à sobremesa, com tostas, ao lanche, mas os acompanhamentos que me deixaram rendida, foi o iogurte grego natural e a granola que comprei à Joana do Le Passe Vite: um autêntico vício.
Estou com vontade de comprar mais abóbora e voltar a fazer o doce, mas receio que nunca mais fique igual: tenho cá para mim que este jerimu tinha feitiço...
Doce de abóbora bolina
650 g de abóbora bolina (ou menina) descascada e limpa de sementes 450 g de açúcar 1 pau de canela 3 bagos de cardamomo esmagados 1 pedaço grande de casca de laranja 1 rodela de limão sem pevides Fiz na Bimby: coloquei todos os ingredientes na Bimby e programei 30 minutos - Vel.1 Temp. 100. Ao fim deste tempo verifiquei que continuava muito líquido e programei mais 15 minutos na Vel.1. Temp. Varoma. Passado este quarto de hora, achei que ainda não estava como eu queria e programei mais 15 minutos Vel.1. Temp. Varoma, ou seja, no total, o doce cozeu 30 minutos em Vel.1. Temp. 100 + 30 minutos Vel.1 Temp. Varoma. Retirei o pau de canela e as cascas dos grãos de cardamomo e triturei durante cerca de 15 seg na velocidade 5. Passei para frascos, deixei arrefecer, tapei e guardei no frigorífico.
Se fizesse de forma tradicional, colocaria todos os ingredientes num tacho de fundo pesado, e deixaria ao lume em temperatura baixa/média, destapado, mexendo de vez em quando até estar na consistência desejada. Retiraria o pau de canela e as cascas de cardamomo e triturava com a varinha mágica a gosto. PS: ultimamente não tenho tido tempo para traduzir os posts para inglês, mas se alguém precisar da tradução das receitas, é só pedir :) PS: my days are getting too short to translate the posts into english, but if you are interested in the translation of any recipe, just ask :)
Os últimos dias (e a bem dizer as últimas semanas) têm sido bastante intensos por aqui. Preparar workshops, dar workshops (e dar entrevistas...), desafios inesperados e algumas encomendas pelo meio. O blog tem andado por isso parado, mas hoje tinha mesmo de vos trazer um post em modo de reportagem e uma receita especial.
Realizou-se no sábado passado o evento de que vos falei a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro. "Uma cozinha pela vida" inseriu-se na iniciativa da Liga "Um dia pela Vida" e foi magistralmente delineado pela Mª João do Clavel's Cook, que convidou o Lume Brando para parceiro desta aventura. Foi uma honra para mim participar e foi muito reconfortante chegar ao fim cansada, mas sentir toda a plateia entusiasmada e satisfeita.
A palestra do Dr. Bruno Maia, nutricionista e médico (que gentilmente se juntou a esta causa e que no dia aceitou de forma divertida ser nosso ajudante de cozinha) foi muito, muito interessante e reteve a atenção dos participantes, que puderam fazer perguntas e esclarecer diversas dúvidas.
Depois dos salgados, chegou a hora dos doces com pouco açúcar: crepes que levam azeite com frutos vermelhos, crumble natura e batido de anona (este último não pôde ser provado em todo o seu esplendor, pois as únicas anonas que consegui encontrar já se encontravam num estado algo duvidoso, o que foi uma pena, porque o batido com anona fresca e madura fica mesmo agradável e saboroso). O crumble natura, adaptado de uma receita que vi no fantástico In the mood for food, fez imenso sucesso e é por isso a primeira receita de sábado a ter lugar aqui no blog.
Quero agradecer uma vez mais à Mª João por esta oportunidade, que para além de me ter permitido apoiar uma causa tão importante, obrigou-me a pesquisar e a aprender mais sobre hábitos alimentares saudáveis. Obrigada também a todos os que se quiseram juntar e contribuíram para o sucesso do evento: aos queridos participantes, à galeria 604 R/C, que cedeu o seu fantástico espaço, à Bonsalt, que forneceu o sal sem sódio especialmente indicado para hipertensos e ofereceu embalagens aos participantes, à Floresta Viva, que contribuiu com deliciosos cogumelos biológicos shitake, à Sabor da Fruta, que forneceu quase todos os legumes e frutas e, finalmente, à DeBorla, que ofereceu à Liga todos os utensílios de cozinha que utilizámos. Um agradecimento especial à Marta e ao Marlon Ayres pela cobertura fotográfica e audiovisual, que irá ajudar a perpetuar na nossa memória este evento tão especial, para não falar que sem as suas imagens este post não seria a mesma coisa.
Para ler o relato da Mª João Clavel sobre o evento é aqui.
10 peças defruta não muito grandes (ex.: pêssegos e bananas)
75 g de nozes
75 g de amêndoas com pele Cerca de 15 tâmaras secas s/ caroço Canela em pó qb 2 colheresde sopa de mel ou a gosto Sumo de 1 laranja pequena 2 iogurtes tipo grego naturais sem açúcar Chocolatepreto para decorar
Levar atostar as amêndoas numa frigideira anti-aderente.
Num processador de cozinha, colocar as amêndoas tostadas e arrefecidas, as nozes e as tâmarasdescaroçadas e triturar em pedaços grossos (não triturar demasiado), até ficar com o aspecto de um crumble.
Passarpara uma taça, juntar a canela e o mel.
Lavar, descascare cortar a fruta em pequenos pedaços.
Regar com o sumo de laranja.
Triturar metade da fruta até ficar em puré e dividir pelas taças.
Colocar por cima fruta em pedaços ecobrir com o crumble. Servir com uma colherada de iogurte e raspas de chocolate preto.
Este Inverno tem sido duro de roer. Sou uma friorenta de primeira e naqueles anos em que a Primavera custa a chegar, passado algum tempo começo mesmo a ficar rabujenta, farta do peso dos casacos, das botas e dos cachecóis.
Os dias luminosos desta semana trouxeram-me alguma esperança, ainda que, pelo menos por aqui, o vento tenha impedido aquela sensação boa de aconchego ao sol. Mas foi o suficiente para ficar com desejos de sobremesas mais leves e frescas. Como esta mousse de morango, feita com a ajuda dos meus dois piratas, que estas férias da Páscoa pediram para ter "aulas de culinária". A receita encontrei-a numas fotocópias muito antigas que uma vez me ofereceram, só com receitas de mousse, mas sem referência a fonte ou autor.
A textura da mousse não é perfeita (estou tentada a usar gelatina da próxima vez), mas o sabor faz disso um pequenino detalhe. Comi-a em duas versões: quando começa a derreter, mas ainda tem partes geladas (deixei-a mais horas no congelador do que diz a receita), e depois de passar do congelador para o frigorífico, quando após umas boas horas o sumo dos morangos foi parar ao fundo da taça, ficando uma nuvem fofa por cima. Das duas vezes, achei-a deliciosa. E os piratas também.
Oh não... parece-me ouvir chuva lá fora...
// This winter has been hard to crack. Cold weather and I do not get along very well and in those years when spring seems to be late, I become really grumpy, tired of the weight of coats, boots and scarves. This shining week cheered me a little, even though, at least around here, the wind didn't let us feel that cosy warmth in the sun. But it was enough to awaken my cravings for lighter and fresh desserts. As this strawberry mousse, made ??with the help of my two pirates, whom these Easter holidays have asked for "cooking classes". I found the recipe in old photocopies that once someone offered me, but without reference to a source or an author. The texture of the mousse is not perfect (I'm tempted to use gelly next time), but its great flavor makes this a small detail. I ate it in two versions: when it starts to melt, but still has ice cold parts, and after going from the freezer to the fridge, when after a few good hours the strawberries juice went to the bottom of the cup, leaving a fluffy cloud in the top. Both times it was delicious. And the pirates agreed. Oh no... it's raining again...
Mousse de morango (para cerca de 8 taças pequenas) 125 g de açúcar 1 clara de ovo L 2 iogurtes naturais 375 g de morangos (já limpos e sem pé) Alguns morangos para decorar Sumo de limão qb Sal qb Num robot de cozinha ou com a varinha mágica, reduza os morangos a puré juntamente com 100 g de açúcar e um fio de sumo de limão. Junte os iogurtes batidos previamente. Bata a clara em castelo, a meio do processo junte-lhe o restante açúcar (25 g) e umas pedrinhas de sal. Envolva com cuidado a clara na mistura dos morangos. Verta para uma taça grande ou tacinhas individuais e leve ao congelador cerca de duas horas, passando-as depois para o frigorífico mais algumas horas (se aguentar não comer logo!) // Strawberry mousse (about 8 small cups) 125 g sugar 1 egg white (L) 2 natural yogurts 375 g ripe strawberries (clean and no stalks ) Some strawberries to decorate Lemon juice Little pinch of salt In a food processor or with a hand blender, puree the strawberries along with 100 g of sugar and a drizzle of lemon juice. Beat the yogurts and add them to the strawberry mash. Beat egg white until firm and fluffy, adding the remaining sugar (25 g)and a little pinch of salt halfway through beating. Fold in carefully into the mixture of strawberries. Pour into a large bowl or individual little cups and take them to the freezer about two hours, then transfer to the fridge a few hours more (if you can resist!)
Uma das componentes do desafio "Entra Talento", do restaurante Entra, é criar uma entrada ou uma sobremesa e cozinhá-la lá, fazendo parte do menu dessa noite.
Depois de recebido o simpático convite e acertada a data, comecei a imaginar o que poderia apresentar, sendo que a única regra era ser algo de inspiração tradicional portuguesa.
Depois de equacionadas e testadas algumas entradas e sobremesas (nesses dias, os livros "Cozinha Tradicional Portuguesa", de Maria de Lurdes Modesto e "Doçaria dos Conventos de Portugal", de Alfredo Saramago, foram as minhas leituras de cabeceira), o escolhido foi este "cupcake conventual", ou "cupcake de comer à colher", como também gosto de lhe chamar.
Chila, amêndoa, doce de ovos e, no topo, uma nuvem fofa de merengue... Que melhor combinação de ingredientes poderia levar a um restaurante que fica na Rua do Açúcar?!
No dia, o merengue 'suiço', feito com calda de açúcar, pregou-nos uma partida e não conseguimos usar o bico pasteleiro, talvez devido à quantidade reduzida de açúcar (os queques já são uma pequena bomba e gosto do merengue pouco doce para contrastar). Ficaram por isso com um aspecto mais rústico, com o merengue moldado à colher. Mas não se assustem com isto do merengue suiço e façam o merengue tradicional, com o açúcar adicionado aos poucos quando as claras já estão a ganhar forma (que é o também chamado merengue 'francês'. Aliás, o merengue do cupcake que vêem nas fotos com o fundo rosa é este tipo de merengue mais simples.
E queimado com o maçarico, fica um queque todo vaidoso!
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One of the components of "Entra Talento"challenge, is to create a starter or a dessert and cook it in the restaurant, as part of that night menu. After receiving the cool invitation and arranging the date, I began to wonder what could I cook. The only rule was to be something inspired in Portuguese traditionalcuisine. After have tested a few starters and desserts (these days, the books "Cozinha Tradicional Portuguesa" by Maria de Lourdes Modesto, and "Doçaria dos Conventos de Portugal", by Alfredo Saramago, were my bedside reading), the chosen one was this "conventual cupcake" (because it's inspired in old portuguese monastery recipes) or "cupcake to eat with a spoon"as I also like to call it. Fig-leaf gourd, almonds, egg curd and a top of fluffy meringue... What better combination of ingredients could I take to a restaurant that sits in Rua do Açúcar (Sugar street)?! On that day, the "Swiss meringue", made with sugar syrup, pranked us and we could not use the pastry tip, perhaps due to the reduced amount of sugar (the cupcakes are already a small bomb and I like the meringue not too sugary). So they looked much more rustic, with the meringue molded with a spoon. But do not be scary by this Swiss meringue and make the traditional merengue with sugar added gradually when the whites are already taking shape (which is also called 'French meringue'. By the way, the meringue in the cupcake you see in the pink background photos has this type of simpler meringue. Finalize them with the blowtorch and you'll get a very fancy cupcake!
Cupcakes conventuais
Para cerca de 12 queques médios
Para o doce de ovos do recheio:
12 gemas + 1 ovo inteiro
500 g de açúcar
250 ml de água
1 pau de canela
1 pedaço de casca de limão
Num tacho, levar ao lume a água, o açúcar, o pau de canela e a casca de limão.
Mexer SÓ no início para envolver bem o açúcar na água e deixar ao lume em lume médio SEM mexer. Entretanto, desfazer com um garfo as gemas e o ovo numa taça de metal ou vidro. Quando a calda de açúcar começar a ferver bem, bolhas grandes por toda superfície da calda, CONTAR 3 MINUTOS.
Retirar do lume, descartar o pau de canela e a casca de limão e juntar em fio às gemas+ovo, lentamente e mexendo sempre. COAR esta mistura para o tacho e levar de novo ao lume até engrossar, sem deixar ferver (cerca de 15 minutos).
Verter para um frasco de vidro, deixar arrefecer um pouco, fechar bem e guardar no frigorífico. O que sobrar, usar em mais fornadas ou noutras sobremesas, como por exemplo natas do céu.
Para osqueques:
120 g de miolo de amêndoa ralado (preferencialmente com pele)
120 g de doce de chila
110 g de açúcar
2 ovos (L de preferência)
2 gemas (L de preferência)
12 forminhas de papel médias + tabuleiro ou 12 formas de queques
Pré-aquecer o forno nos 180º.
Colocar as forminhas de papel no tabuleiro metálico de queques.
Com um batedor de varas, bater os ovos com as gemas e o açúcar até se obter uma mistura fofa.
Juntar a amêndoa, misturar bem e adicionar o doce de chila, envolvendo bem os fios de chila por toda a massa.
Encher até 2/3 das formas com o preparado e levar ao forno cerca de 25 minutos.
Testar com um palito, que deve sair praticamente seco.
Retirar do forno e retirar os queques das formas de metal. Deixar arrefecer, preferencialmente sobre uma grade.
Quando bem arrefecidos e com uma faca bem afiada e pontiaguda, retirar um pedaço do centro do queque, criando a cavidade que vai ser recheada: com a ajuda de uma colher de sobremesa, encher com doce de ovos. Tapar com a massa que se retirou.
Para o merengue
(se for para usar bico pasteleiro, contar com cerca de 2 claras por queque e 1 colher de chá de açúcar por cada clara)
Bater as claras em castelo firme - a meio do processo começar a adicionar o açúcar e juntar também uma pitada de sal.
Colocar o merengue num saco pasteleiro munido de bico frisado e cobrir os queques.
Usar um maçarico para “queimar” o merengue.
Servir com uma colher de sobremesa.
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Conventual Cupcakes
About 12 medium-size cupcakes
For the egg curd:
12 egg yolks + 1 whole egg
500 g sugar
250 ml water
1 cinnamon stick
1 piece of lemon peel
In a saucepan, bring to boil the water, sugar, cinnamon stick and lemon peel.
Stir ONLY at the beginning to involve the sugar in the water and leave to boil over medium heat WITHOUT stirring.
Meanwhile, put the yolks and the egg in a metallic or glass bowl and lightly mix them with a fork.
When the sugar syrup starts to boil, with big bubbles all over the surface, COUNT 3 MINUTES.
Remove from the heat, discard the cinnamon stick and lemon peel and add, in a slow trickle, to the egg mixture, stirring constantly.
Strain this mixture to the saucepan and cook again until thickened, stirring constantly and avoiding the boiling point (about 15 minutes).
Use after cooling or store in glass jars, tightly closed. Can be kept for several weeks in the fridge. Use the leftovers in more of these cupcakes batches or other desserts as "Natas do Céu".
For the cupcakes:
120 g grated almonds (preferably with skin)
120 g fig-leaf gourd jam
110 g sugar
2 eggs (preferably Large)
2 egg yolks (preferably Large)
12 medium muffin paper cases + metallic muffin moulds
Preheat the oven to 180 º C.
Place cupcake papers in the metal muffins mould.
Beat eggs, yolks and sugar until you get a fluffy mixture.
Add almonds, mix well and add the fig-leaf gourd jam, involving well throughout the batter.
Fill 2/3 of the paper cases and bake about 25 minutes.
Test with a skewer, which should come out almost dry.
Remove from the oven and remove the cupcakes from the metallic mould.
Allow to cool, preferably over a rack.
With a sharp and pointed knife, remove a little piece from the center of the cupcake, creating a cavity: with the help of a dessert spoon, fill with egg curd and cover again with the removed bit of cupcake.
For the meringue:
(If using a pastry tip, count on about 2 egg whites per cupcake and 1 teaspoon of sugar per white)
Whisk the egg whites till firm - at the middle of the process start adding sugar and add also a pinch of salt. Transfere the meringue to a pastry bag fitted with a star pastry tip and cover the cupcakes.