Este não é um livro recente. Foi lançado em 2015, já vai na 4ª edição, e há muito que o cobiçava quando o via nas livrarias. Quem me segue, sabe que não sigo a filosofia e o estilo de vida macrobiótico, que é o apresentado neste livro. No entanto, sou curiosa e gosto de saber mais sobre todos os tipos de regimes alimentares.
Sempre que passava pelo livro, ficava seduzida pela capa colorida e pela beleza da Marta, visível na pequena fotografia da capa. Por isso, quando criei esta rubrica, sabia que seria um dos que passariam por aqui.
"O Livro de Cozinha da Marta - Uma forma de amar" é um livro que tem tanto de técnico (com vários textos de Francisco Varatojo, pai da autora e fundador do Instituto Macrobiótico de Portugal, que infelizmente faleceu em 2017), como de empírico e pessoal, no sentido de nas suas páginas transparecerem o amor e a gratidão da autora pela cozinha, pela família e pelas pessoas que a rodeiam e também por partilhar connosco a sua história de vida.
É impossível não gostar da Marta e deste livro, quando, logo no início, se pode ler "Sou macrobiótica desde que nasci, mas acima de tudo sou uma pessoa que gosta de comer! Os rótulos podem tornar-se perigosos em mentes mais inflexíveis, levando a uma abordagem rígida e pouco divertida. Eu sou completamente a favor de sermos sensatos e flexíveis. Não gosto de falar em alimentos proibidos; há alimentos que são bons para serem consumidos diariamente, outros para o serem mais ocasionalmente, e há ainda a categoria de alimentos para os dias de festa."
Não podia concordar mais. Mas, afinal, em que consiste a macrobiótica? No livro, é-nos explicado que é mais do que uma dieta ou um regime alimentar, ou seja, é um estilo de vida que pretende desenvolver o nosso potencial humano pela observância das leis da Natureza, dos pontos de vista biológico (alimentação), ecológico (ambiente), social e espiritual (amor e compaixão).
A palavra é de origem grega, com macro a significar "grande" e "bio" a significar "vida", remetendo então a macrobiótica para "a capacidade de vivermos a vida de uma forma grandiosa e magnífica". Também neste livro ficamos a saber que, na era moderna, o conceito da "macrobriótica" apareceu pela primeira vez no século XVIII, no livro "Macrobiótica ou a Arte de prolongar a vida", da autoria de Christoph Von Hufeland, médico de Goethe.
Um dos aspetos interessantes da macrobiótica é o entendimento de que este estilo de vida é flexível e versátil, adaptando-se às diferentes fases e diferentes necessidades de cada pessoa a cada momento. Um ponto comum e constante, no entanto, é o papel dos cereais integrais e dos vegetais, considerados os alimentos "mais adaptados à espécie humana e, consequentemente, aqueles que mais ajudam a criar e a manter a saúde".
Outro princípio fundamental da macrobiótica é a bipolaridade ou a teoria do yin e yang. Esta defende que "todos os fenómenos, alimentos incluídos, têm qualidades energéticas, metafísicas", sendo apenas possível atingir a harmonia se equilibrarmos esses dois pólos - yin e yang - nas nossas vidas.
O livro desenvolve estes conceitos com alguma profundidade, mostra-nos a "Pirâmide da alimentação macrobiótica", assinala a diferença entre macrobiótica e vegetarianismo, fala-nos do tipo de energia associado a cada tipo de alimentos, descreve alguns dos ingredientes mais usados (incluindo alguns 'medicinais') e elenca algumas técnicas culinárias, dicas e truques.
Tudo isto, antes de passarmos às receitas. Estas surgem agrupadas nos seguintes capítulos:
Pequenos-almoços
Lanches e Snacks
Sopas
Cereais Integrais
Leguminosas
Tofu/Seitan/Tempeh
Algas
Vegetais/Saladas/Pickles
Condimentos/Molhos/Maioneses
Sobremesas
Menus festivos
Chás e bebidas medicinais
Ao todo, são 106 receitas (se não me enganei a contá-las!) muito variadas dos pontos de vista do tipo de refeição e ingredientes utilizados, ainda que, na sua maioria, sejam receitas vegetarianas e vegan, uma vez que estas estão na base de uma alimentação macrobiótica, ainda que esta não exclua totalmente os alimentos de origem animal.
Gostei bastante do livro e fiquei com vontade de experimentar diversas receitas, a única falha que tenho a apontar é o facto das receitas não mencionarem o "rendimento", ou seja, o número de doses ou número de pessoas a que se destinam. Na verdade, as receitas do livro não apresentam qualquer ficha técnica (tempo necessário, nivel de dificuldade, etc.), mas para mim é do número de doses/pessoas a indicação de que sinto mais falta.
Resumindo: "O livro de cozinha da Marta" é um livro autêntico. Nota-se que foi feito com muito empenho e dedicação pela Marta, com a ajuda do pai. As fotos dos pratos são da própria Marta, que enriqueceu quase todas as receitas com notas pessoais ou sugestões. Para quem quiser saber mais sobre macrobiótica, este é, sem dúvida, um livro a ter em conta.
4 colheres de sopa de geleia de arroz (usei xarope de agave)
*chávena com 250 ml de capacidade
Lavar as sementes de sésamo (eu coloquei num coador de malha fina e passei por água corrente) e levá-las ao lume numa frigideira antiaderente em lume alto, para secar e tostar (deve demorar uns 10-15 minutos).
Numa frigideira grande, levar o xarope ao lume e, quando fervilhar, juntar todos os ingredientes à exceção do cacau e do chocolate negro.
Retirar do lume e adicionar o chocolate partido em pedacinhos e o cacau, envolvendo bem (o chocolate deverá derreter com o calor remanescente).
Espalhar esta mistura sobre uma folha de papel vegetal, colocar outra folha por cima e espalmar com um rolo de cozinha até obter uma espécie de retângulo com uma espessura uniforme (1 cm de altura ou um pouco menos).
Deixar arrefecer completamente.
Com uma faca bem afiada, cortar em barras.
Pode embrulhar-se individualmente em película aderente e temos um snack pronto a levar.
Boo! Preparados para a noite mais assustadora do ano?
Para os meus lados, as previsões da meteorologia não podiam ser mais desoladoras, com a chuva a marcar presença cerrada, sem esperança de abertas. As rusgas pelas ruas das redondezas, e as palavras mágicas "Doçura ou Travessura" - que deixam o meu rapaz mais novo bastante entusiasmado - vão ter que ficar para o próximo ano.
Isso não quer dizer que não se possa assinalar a data com algumas iguarias divertidas, como estes pãezinhos de abóbora, batata-doce e chocolate. São uma versão das famosas "arrufadas de batata-doce" que o ano passado fizeram furor na blogosfera e cuja receita podem encontrar aqui no blog.
A decoração não podia ser mais simples. O resultado? Horrivelmente delicioso 👻😁
Vamos à receita!
PÃEZINHOS DE ABÓBORA E CHOCOLATE
Para 6
120 g de abóbora menina (pesada descascada antes de cozer) 80 g de batata-doce (pesada descascada antes de cozer) 90 ml de leite meio-gordo 40 g de manteiga à temperatura ambiente 10 g de fermento de padeiro desidratado (seco) 1 ovo 1 colher de chá de sal 30 g de açúcar amarelo 450 g de farinha 12 quadrados de chocolate (opcional) 1 ovo batido para pincelar Chocolate de culinária e leite qb para decorar 12 quadrados de chocolate de culinária (mínimo 52% cacau) Olhinhos de açúcar (opcional)
Comece por cozer a abóbora e a batata-doce (cozi ao vapor). Escorra e esmague com um garfo. Desfaça o fermento de padeiro seco num pouco de água morna (umas 2 colheres de sopa). Numa bacia, misture o puré de abóbora e batata-doce, o leite, o açúcar, a manteiga e o fermento desfeito na água morna. Junte o ovo, o sal e a farinha, misturando tudo muito bem.
Amasse um pouco até obter uma massa macia e uniforme [devido à abóbora, esta massa fica um pouco mais húmida do que a da receita original - se estiver a pegar, junte um pouco mais de farinha]. Dê-lhe a forma de uma bola, coloque-a na bacia, tape e deixe levedar cerca de 1 hora ou até duplicar de tamanho*.
Com as mãos enfarinhadas, forme seis bolas, colocando dois quadrados de chocolate no interior de cada bola, rodando e fechando completamente a massa. Coloque os pãezinhos num tabuleiro forrado com papel vegetal. Tape com um pano e deixe levedar mais 20 ou 30 minutos*.
Entretanto ligue o forno nos 180ºC. Pincele os pãezinhos com ovo batido e leve ao forno durante cerca de 30 minutos ou até estarem bem dourados e cozidos. Se achar que estão a ficar escuros demasiado depressa, tape com folha de alumínio.
Deixe arrefecer.
Derreta alguns quadrados de chocolate num pouco de leite e mexa até obter um creme fluído. Decore a gosto com um pincel e confeitos de açúcar.
*Por estes dias mais frios e húmidos, vai demorar mais a levedar. Embrulhar a bacia numa manta e deixar o tabuleiro tapado perto do forno já ligado, ajuda.
GOSTARAM DESTA RECEITA? SE SIM, ESPREITEM ESTAS TAMBÉM:
Desde o ano 2000 que o 16 de outubro, para além de ser o Dia Mundial da Alimentação, é também o Dia Mundial do Pão, instituído pela "União Internacional de Padeiros e Afins". Este coletivo juntou-se assim à Organização das Nações Unidas, que em 1979, na 20ª Conferência da ONU para a Alimentação e a Agricultura, escolheu o 16 de outubro (precisamente a data da criação, em 1945, da agência da ONU dedicada à alimentação e agricultura) para celebrar anualmente esta componente essencial das nossas vidas.
E o que seria da nossa alimentação sem pão? Atualmente, há quem pratique regimes alimentares onde o pão praticamente não entra, pelo menos o pão tradicional, feito com cereais (caso da dieta paleo), mas confesso que não conseguiria viver sem pão tradicional. É verdade que a qualidade dos ingredientes, nomeadamente das farinhas que são vendidas em grande escala, tem piorado ao logo dos tempos, devido à enorme procura e à pressão económica.
Por consequência, o mesmo se aplica à qualidade do pão que encontramos na maioria das padarias, a começar pelas padarias dos supermercados. Mas, sabendo que há farinhas e outros ingredientes mais e menos saudáveis, sabendo que há técnicas mais e menos saudáveis, não vejo porque tenhamos que eliminar o pão das nossas refeições.
Pão é partilha. É a simplicidade à mesa. É muitas vezes o alimento que salva vidas, que conforta, que garante o dia seguinte. Tanta simbologia à volta do pão. Tanta história e tanta ciência, apenas com dois ingredientes básicos: água e farinha.
E se o fizermos em casa, mesmo que seja com farinhas comuns, não me parece que estejamos a cometer um grande pecado alimentar [comparado com tantos outros pecados possíveis!].
Claro que, à semelhança da maioria das pessoas, a maior parte do pão que como não é caseiro. Mas gosto mesmo de fazer pão e estou sempre a pensar em fazer mais vezes, no entanto alguma falta de planeamento e de tempo acabam por atropelar este desejo. Que estas datas e "dias mundiais" me sirvam de lembrete!
Mas vamos ao pão que vos trago neste post. Este pão de alperces e nozes está há já algum tempo na minha grelha do Instagram, mas ao dar conta da data que se assinalava hoje, ocorreu-me que não tinha chegado a publicar a receita e que este seria o dia perfeito para fazê-lo.
Fui buscá-lo a um livro bonito, apenas com receitas de pão e derivados, chamado "Pão Caseiro" e que de já aqui falei, na rubrica #dizmeoquelês - na altura, repliquei outra receita do livro, uns apetitosos rolos de limão e baunilha, que podem ver aqui.
Eu gosto muito de "pão de coisas" e "pão com coisas", por isso adorei esta adição dos alperces secos e das nozes. Se são do meu clube e têm paciência para deixar o pão a levedar durante a noite, agendem já fazer esta receita, vão ver que não se arrependem 😉
PÃO DE ALPERCES E NOZES
Ligeiramente adaptado do livro "Pão Caseiro", de Maria Blohm
320 ml de água fria
3 g de fermento de padeiro fresco (tamanho de uma ervilha)
350 g de farinha de espelta
100 g de farinha de espelta integral
1,5 colheres de chá de sal
100 g de alperces secos
50 g de nozes
Coloque a água numa taça e incorpore nela o fermento (sim, a água é mesmo fria).
De seguida, junte os restantes ingredientes - se tiver uma balança com tara, pode ir colocando e pesando ao mesmo tempo.
Misture os ingredientes com a ajuda de uma espátula ou colher (ou à mão) até obter uma massa ligada.
Cubra a taça com película aderente e deixe repousar entre 12 a 14 horas à temperatura ambiente (no inverno talvez seja necessário embrulhar a taça numa manta).
Pré-aqueça o forno a 230º com ventoinha e coloque um tabuleiro a aquecer no forno.
Molde seis pães em forma de bola (talvez precise de juntar um pouco mais de farinha, para conseguir moldar as bolas, ou humedecer as mãos, o que também ajuda; esta é uma massa húmida, mas não desespere, pois irá conseguir moldá-las) e coloque-as sobre papel vegetal.
Retire o tabuleiro do forno quando este tiver atingido a temperatura mencionada e, com cuidado, transfira o papel com o pão para o tabuleiro.
Polvilhe o pão com farinha, se desejar.
Leve ao forno durante cerca de 15 minutos ou até o pão estar dourado e bem cozido (ao bater no pão deve sentir-se um som oco).
SE GOSTARAM DESTA RECEITA, TAMBÉM VÃO GOSTAR DESTAS:
Se é a primeira vez que passam por aqui e acham que este é um blogue só com receitas saudáveis, lamento desiludir-vos. Este é um blogue que tem um pouco de tudo, tal como a dieta que seguimos cá em casa.
Hoje calharam estes waffles super healthy, da próxima vou trazer um bolo assim para o pecaminoso, para assinalar o Halloween. Um blogue bipolar, portanto. Tal como a sua dona (em termos de comida, entenda-se). Tanto sou feliz a comer uma lasanha de quinoa e a terminar a refeição com fruta, como a espetar o garfo nestas almôndegas demoníacas e a rematar com uma colherada disto.
Mas calma, tento refrear os meus desejos pelo segundo menu. Até porque tenho dois rapazes pré-adolescentes em casa e sei o quão importante é dar-lhes bons exemplos à mesa.
Confesso que ao pequeno-almoço nem sempre consigo honrar a bipolaridade, ou seja, quebrar a rotina e alternar entre as opções favoritas (menos saudáveis) e as mais nutritivas. O hábito é uma coisa tramada, só vos digo. E quem me tira a meia de leite e o pãozinho com manteiga tira-me tudo.
Pode ser que a torradeira que a minha mãe me ofereceu a semana passada, que inclui moldes para waffles, ajude nesse processo (ainda que a trabalhadeira que tive a limpá-la depois desta primeira experiência me deixe desanimada). É que esta receita, que encontrei aqui, é mesmo rápida, fácil e, vejam só, saudável. Bingo!
Estes waffles não levam muito mais a não ser ovos, farinha de amêndoa e mel. No fundo, são uma espécie de omelete mais consistente. Ficaram muito fofos e gostosos (e lindos, não acham?).
E pronto, por alguns tempos, podemos fingir que este é um blogue muito bem comportado, só com com receitas saudáveis e fit, daquelas de que toda a gente anda à procura.
(Não digam a ninguém, mas a seguir vou testar a torradeira com uma receita de waffles belgas, daqueles de Liège, bem doces, amanteigados e com as pontas crocantes como os de compra 😄)
Nos últimos dias, as notícias sobre a terrível situação que se vive na Síria foram particularmente chocantes. Segundo um balanço noticiado no início desta semana, os ataques que têm assolado Ghouta Oriental desde o dia 22 de fevereiro já mataram 800 civis, sendo que 177 eram crianças. A somar às centenas de milhares de mortos e refugiados desde que o conflito começou. A somar aos que morreram ontem e que vão continuar a morrer amanhã. Uma guerra hedionda que parece impossível estar a acontecer em pleno século XXI.
É impossível ficar indiferente a este drama, ainda que o sentimento seja de impotência. E de alívio egoísta: que sortudos somos em ter nascido num país pacífico. Nem sequer ouso imaginar o sofrimento das famílias sírias ao longo dos últimos sete anos. Famílias para quem o simples ato de cozinhar e partilhar uma refeição tornou-se um luxo inacessível: por falta de condições, por falta de alimentos ou porque simplesmente já não há família.
Apesar de só os políticos e os diretamente envolvidos no conflito sírio poderem pôr-lhe um fim, há pequenos gestos de solidariedade que podem contribuir para apoiar as vitimas e foi nisso que pensaram Clerkenwell Boy - um famoso foodie e instagrammer australiano a viver em Londres, e Serena Guen, fundadora da revista Suitcase. Juntos idealizaram o projeto #cookforsyria, tendo mobilizado para a causa uma montanha de chefs e bloggers de cozinha. O livro Cook for Syria é a face mais visível dessa iniciativa, cujo resultado das vendas reverte para o programa de ajuda humanitária na Síria da Unicef.
Quando estive em Londres, em novembro passado, tive a sorte de passar pelo Old Spitalfileds Market no momento em que estava a decorrer um evento ligado ao projeto, com venda de bolos e do livro. Comprei um exemplar e achei que por estes dias fazia todo o sentido explorá-lo e homenagear a cozinha síria, que é tão rica e aromática, com tantos ingredientes de que eu gosto.
As receitas do livro não são necessariamente receitas tradicionais sírias, mas sim receitas inspiradas na gastronomia síria e nos seus ingredientes, criadas por dezenas de bloggers de cozinha e chefs - há até uma receita do chef português radicado em Londres Nuno Mendes.
Escolhi para primeira experiência umas almôndegas de frango e amêndoa, servidas com um molho feito com manteiga de amêndoa - que fiz pela primeira vez - e caldo de galinha. Um contributo para o livro de Ameelia Freer, que foi um sucesso cá em casa.
Antes de passarmos à receita, queria só deixar mais duas sugestões de como apoiar o povo sírio: comprando outro livro solidário, este disponível em português: "Uma Sopa para a Síria" ou indo ao restaurante Mezze, em Lisboa, um interessante projeto da Associação Pão a Pão que visa a integração de refugiados sírios e do Médio Oriente no nosso país.
ALMÔNDEGAS DE FRANGO E AMÊNDOA NO FORNO [COM MOLHO DE MANTEIGA DE AMÊNDOA]
500 g de carne de coxas e pernas de frango*** picadas no robot de cozinha
(equivalente a umas 4 pernas completas)
1 ovo batido
1/2 talo fino de alho francês picado
4 colheres de sopa de farinha de amêndoa (moí miolo de amêndoa, parte dela com pele, na Bimby)
2 colheres de sopa de coentros frescos picados
1 colher de chá de coentros secos
1 colher de chá de cominhos moídos
Pimenta preta acabada de moer qb
Sal qb
Azeite para pincelar
Comece por preparar o molho: junte lentamente o caldo quente à manteiga de amêndoa. No início vai parecer que a manteiga está a engrossar, mas continue a adicionar caldo e a mexer com um batedor de varas, até ficar com a consistência macia de natas espesssas. Junte-lhe a raspa do limão, retifique o sal se achar necessário e reserve.
Para as almôndegas, ligue o forno nos 200º e forre um tabuleiro com papel vegetal.
Junte todos os ingredientes numa taça grande. Humedeça as mãos e faça bolinhas do tamanho de brigadeiros.
Disponha-as no tabuleiro e pincele-as com azeite.
Leve ao forno durante cerca de 15-20 minutos.
Entretanto aqueça de novo o molho, mas lentamente: se aquecer rapidamente a alta temperatura, o molho irá transformar-se numa pasta!
Sirva bem quente com uma salada de alfaces ou legumes verdes cozidos e arroz branco.
* Eu usei os ossos das pernas e das coxas do frango para fazer o caldo, juntando numa panela grande 2 cenouras partidas aos pedaços, 1 folha de louro, 1/2 talo de alho-francês, 1 cebola, 2 dentes de alho, um raminho de salsa, um fio de azeite, pimenta preta qb, sal e sal de aipo qb. Cobri com água e deixei cozer lentamente até ter reduzido bastante, aí umas duas horas. Coei e guardei num frasco - com o que sobrou vou fazer um risotto.
** Para fazer a manteiga de amênda, coloque no robot de cozinha duas chávenas de miolo de amêndoa sem pele, levemente tostado. Triture, empurrando de vez em quando para baixo o que ficar agarrado às paredes do copo. O processo deve demorar uns 15-20 minutos. Está pronto quando atingir uma textura bem macia. Pode juntar um pouco de azeite ou óleo vegetal, para ajudar a triturar melhor e ficar mais cremoso. Tempere com sal, volte a triturar, retire e reserve.
*** Pode fazer as almôndegas com peitos de frango em vez de pernas completas, no entanto, para além da carne destas ser mais suculenta, pode aproveitar os ossos para fazer o caldo, como expliquei em cima; para não ter o trabalho que eu tive de desossar as pernas, peça no talho para o fazerem e não se esqueça de pedir os ossos ;)
Mais receitas inspiradas na gastronomia de outros países:
Uma das primeiras coisas que fiz quando comecei a trabalhar para o livro ["Estava Tudo Ótimo!, lançado em outubro do ano passado], foi comprar um disco de armazenamento de dados externo. O meu maior medo era perder as imagens das sessões fotográficas que fazia e que tanto trabalho me davam.
Outra das medidas que tomei foi a de aumentar a memória do meu portátil. Assim, podia manter as fotos no computador e ter uma cópia das mesmas no disco externo, não fosse o diabo tecê-las. E assim aconteceu durante cerca de um ano e meio, que foi o tempo de gestação do projeto. Assim que entreguei todo o material fotográfico à editora, suspirei de alívio. Mas por essa altura, depois de mais de duas mil imagens em máxima resolução descarregadas para o computador, este começou a arrastar-se, não sei se também fruto da idade. Não conseguia trabalhar e tive de fazer uma limpeza radical. Com as imagens para o livro entregues, certifiquei-me de que tinha passado tudo para o disco, mesmo as fotos que não tinham sido escolhidas, e apaguei-as do computador.
Passado poucos meses, o disco avariou-se. Não conseguia abrir as pastas, parecia ter desaparecido tudo, um desespero. Era também no disco que estavam as fotos das férias mais recentes, as fotos das últimas festas de aniversário dos miúdos e de muitas outras ocasiões importantes. Levado o disco a especialistas, a única solução, segundo aqueles, era tentar uma recuperação de dados que, no caso de ser bem sucedida, custaria cerca de mil euros. Fiquei destroçada. Mas concluí que não era sensato gastar tanto dinheiro, mesmo que parte da nossa memória visual familiar ficasse para sempre perdida.
Mas se é verdade que fiquei inconsolável na altura, senti-me ao mesmo tempo aliviada. Só pensava na sorte que tinha tido em não ter perdido nenhum do trabalho para o livro ao longo do processo. Em cada sessão, para além das fotos ao conjunto das receitas, fotograva cada uma delas individualmente e chegava a fazer mais de uma dúzia de disparos em cada uma. Tinha por isso outras imagens deste gelado de cenoura que vos trago hoje. Mas só sobraram estas: as selecionadas para figurar no livro.
Com o calor a pedir coisas fresquinhas, achei que o facto de ter apenas duas fotos do gelado não era desculpa para não publicar a receita no blogue. E aqui está ela: um gelado de cenoura diferente, feito com iogurtes de soja e adoçado com xarope de agave. Para os mais gulosos, segue uma receita de um molho de chocolate pecaminoso, que fica igualmente bem com crepes e panquecas. E que no meio dos nossos azares, haja sempre uma pontinha de sorte!
GELADO DE CENOURA
[sem lactose]
Faz cerca de 800 ml de gelado
400 g de cenoura (pesada depois de descascada)
1 pau de canela
1 pedaço de casca de laranja
20 ml de licor de laranja
2 iogurtes de soja naturais
5-6 colheres de sopa de geleia de agave ou outro adoçante
Com antecedência, coza as cenouras partidas às rodelas num tacho com água, um pau de canela, a casca e o licor de laranja. Quando estiverem bem macias (deve demorar cerca de 1 hora e 15 minutos), escorra e deixe arrefecer. Depois de frias, coloque-as num saco plástico limpo e leve ao congelador.
Quando quiser fazer o gelado, retire o saco das cenouras do congelador e bata com ele na bancada da cozinha para que as rodelas se soltem. Coloque-as num robot de cozinha, juntamente com os dois iogurtes de soja e a geleia de agave. Triture muito bem até obter um gelado uniforme e macio. Está pronto a servir, de preferência com um fio de molho de chocolate por cima.
Notas:
- Pode trocar os iogurtes de soja por iogurtes naturais tipo grego;
- A geleia de agave é um adoçante com baixo índice glicémico e uma alternativa ao mel para quem segue uma dieta vegan, no entanto, à semelhança do açúcar deve ser consumido com moderação, pois apresenta elevado teor de frutose; o seu poder adoçante é superior ao açúcar, por isso tenha atenção ao usá-lo;
- Pode congelar o gelado depois de pronto, mas uma vez que não leva natas e não foi à máquina de fazer gelados, nunca ficará tão cremoso como acabado de fazer.
Num tachinho de fundo espesso coloque a água, o açúcar, o pau de canela e a casca de limão. Leve ao lume em temperatura média ou média-alta, e deixe ficar, sem mexer. Vá estando atento, e assim que começar a fervilhar, com bolhas por toda a superfície, conte três minutos. Retire do lume e descarte o pau de canela e a casca de limão. Junte o cacau em pó (o tacho não deve ser muito baixo, pois neste passo a calda tem tendência a subir) e mexa bem com um batedor de varas até o cacau estar bem dissolvido. Leve de novo ao lume até ferver e mexendo sempre. Retire do lume e junte a manteiga, mexendo até estar bem derretida e envolvida por todo. Coe e guarde num frasco hermético. Deixe arrefecer e guarde no frigorífico. Dura várias semanas. Sempre que quiser usar, aqueça a porção de molho necessário e coe-o antes de servir para eliminar eventuais cristais de açúcar.
Catorze. Catorze livros de Jamie Oliver nas minhas atafulhadas prateleiras da cozinha. Na verdade não tenho livros de cozinha apenas na cozinha. Tenho-os espalhados pela sala, na consola da entrada, na cómoda do hall, na mesinha de cabeceira e até em cima do cesto da roupa na casa de banho.
Tenho andado a contá-los, a fotografá-los e a mostrá-los na minha conta de Instagram, na rubrica "Um livro por dia". E já lá vão 82 (já agora, quem quiser contribuir para a minha coleção, está à vontade 😂).
Voltando aos livros do Jamie, não pensem que os tenho todos. Quase. Ultimamente tem sido difícil acompanhar o mediático chef inglês: ainda há pouco tempo saiu o "Receitas Saudáveis para Toda a Família", que não tenho, e já se prepara para lançar, em agosto, um livro de receitas só com 5 ingredientes. Aguardo com bastante interesse este último, porque, apesar de adorar o Jamie, confesso que às vezes fico desanimada com a enorme quantidade de ingredientes que, por norma, as suas receitas pedem.
Não é o caso deste carpaccio de beterraba do seu livro "As Receitas de Natal" - neste caso fui eu que juntei mais ingredientes à receita original. Já tinha feito uma vez esta salada, mas na altura não consegui fotografar, para além de um registo com o telemóvel que coloquei no Instagram. Mas esta semana, quando recebi uma beterraba linda, ainda com a rama, no cabaz da Prove que recebo quinzenalmente, pensei de imediato em voltar a esta receita, até para poder partilhá-la aqui.
A beterraba entrou na minha vida só há alguns anos. Em casa dos meus pais, nunca se comeu beterraba. Mas o meu marido adora e por isso comecei aos poucos a introduzi-la nas refeições cá de casa. Comecei por comprá-la já cozida e uma das minhas formas favoritas de comê-la é cozida, em salada, com laranja. Nos dias frios, gosto de juntá-la a um assado de legumes. Mas agora também a como crua e, para isso, esta salada é maravilhosa. E perfeita para estes dias de calor, pois para mim, quanto mais fresca, melhor.
No livro, o Jamie sugere que se acompanhe o carpaccio com queijo de cabra (e pão), por isso, como tinha um queijo fresco de cabra no frigorífico, esfarelei-o por cima. Para um toque crocante, juntei amêndoa laminada tostada.
Dica final: prepare a salada com algumas horas antecedência (à exceção da rúcula e da amêndoa, que deve juntar apenas antes de servir) e guarde-a no frigorífico. Para além de ficar fresquinha, os sabores vão ficar mais pronunciados.
CARPACCIO DE BETERRABA COM QUEIJO FRESCO DE CABRA E MOLHO DE IOGURTE
Adaptado do livro "As Receitas de Natal de Jamie Oliver"
Para 3/4 pessoas como entrada
1/2 beterraba grande ou 1 beterraba média (crua)
1/2 limão
2 a 3 colheres de sopa de azeite extravirgem
2 colheres de sopa de vinagre balsâmico
1/2 a 1 iogurte natural
1 colher de chá de molho inglês
1 colher de sopa de mostarda
1 queijo fresco de cabra pequeno
1 mão-cheia de rúcula
2 colheres de sopa de amêndoa laminada
Lave, descasque e corte a beterraba em fatias muito finas com a ajuda de uma mandolina.
Coloque a beterraba numa taça juntamente com o vinagre balsâmico, um fio de azeite e um pouco de sumo de limão. Mexa para envolver todas as fatias no tempero. Pode deixar assim alguns minutos.
Para o molho, misture o iogurte, o restante azeite, a mostarda, o molho inglês e o resto do limão espremido.
Mexa bem, prove e retifique algum ingredientes, se achar necessário.
Numa travessa, disponha as fatias de beterraba, espalhe o queijo fresco por cima e umas colheradas de molho. Tape e guarde no frigorífico. Antes de servir, espalhe a rúcula e as amêndoas e leve à mesa a taça do molho, para quem quiser acrescentar.