Por estes dias, a situação inédita de vivermos em Estado de Emergência, devido à pandemia do COVID-19, mantém-se. É um tempo de incerteza, de angústia, de confinamento em casa. E isto para quem é privilegiado e pode, de facto, ficar em casa.
Esta edição do #Dizmeoquelês, sobre o livro "O Homem que comia tudo", de Ricardo Dias Felner, é, por isso, especialmente dirigida a quem agora está mais por casa, e:
a) tem mais tempo para ler
b) precisa de cozinhar receitas simples, com ingredientes básicos
Ricardo Dias Felner é jornalista e crítico gastronómico, com textos publicados em vários jornais e revistas: Expresso, Público, Visão, Sábado, Time Out e Grandes Escolhas, entre outros. No início deste ano lançou o livro "O homem que comia tudo", que é também o nome do seu blog, sob a chancela da Quetzal.
Convém esclarecer o quanto antes que o livro de Ricardo (que tem também um romance publicado, "Herói no vermelho"), não é um livro de receitas. É um livro que reúne uma série de crónicas e artigos sobre diversos aspetos e temas ligados ao universo da comida, nomeadamente sobre a comida portuguesa.
Uma vez por outra, surge uma receita, uma partilha do autor sobre as suas próprias experiências ao fogão. O Ricardo não gosta apenas de comer e de falar sobre comida. Também gosta de cozinhar. E de ir às compras, à procura dos melhores ingredientes.
Os textos são criativos e bem humorados. A mim fez-me lembrar a escrita de Anthony Bourdain. O que só pode ser bom, certo? O relato da sua aventura para encontrar e cozinhar insetos (não aconselhável a estômagos sensíveis, a par da crónica sobre os pratos mais estranhos que se comem no nosso país, como a caneja de infundície 🙈), o longo artigo sobre a odisseia da pesca à sardinha ou as odes ao bom pão, são apenas alguns exemplos do que pode ser lido ao longo destas 260 páginas, com muito prazer e curiosidade. E com um pouco de inveja também.
De entre as 8 ou 9 receitas do livro, escolhi a "Feijoada de chouriço picante à Relvas" (têm de ler o livro para perceber por que se chama assim!), para experimentar e trazer aqui. Não a segui à risca porque não tinha os ingredientes exatos e o que precisamos neste momento é de sermos flexíveis na hora de cozinhar.
O feijão - seja vermelho, manteiga (o indicado na receita) ou outro, é presença nos armários por estes dias e permite que não gastemos a proteína que podemos usar noutra refeição. Os restantes ingredientes não são muitos, nem são difíceis de haver aí por casa, digo eu. A receita original pede vinho branco. Eu não tinha. Substituí por um pouco de vinho do Porto. O tomate pedido era um tomate maduro. Eu só tinha tomate-cereja ou pelado de lata, que também serve. E por aí fora, percebem a ideia. No final, saiu uma feijoada rápida e deliciosa, aprovadíssima por dois adolescentes sempre com fome, cuja receita segue mais abaixo.
Resumindo: "O Homem Que Comia Tudo", como se pode ler na contracapa, "viaja em redor da mania portuguesa pela comida". É por isso um livro obrigatório para todos os que adoram comer ou falar sobre comida, o que pelas minhas contas corresponde a 99% da população portuguesa. Bem escrito, com humor e muitas informações úteis, desde onde encontrar carne de confiança aos restaurantes de frango assado onde se fica a lamber os dedos (se não podemos seguir estas dicas agora, servem de plano para quando a tormenta passar, rezando para que tudo continue no mesmo sítio). Acima de tudo, são páginas de puro entretenimento. Que é o precisamos para nos distraímos por estes dias.
Escrevo este post na semana em que o corona vírus começa a tomar verdadeiramente conta das nossas vidas. De simples notícia vinda de um país a milhares de quilómetros de distância, o bicho mau fez o seu caminho, lentamente, e agora é tempo de agir. Ou melhor, de não fazer (quase) nada: ficar por casa e proteger as nossas pessoas mais vulneráveis. Ser responsável e pensar que se custa este isolamento forçado, muito mais irá custar se as coisas se descontrolarem.
Mas como de COVID19 já temos muito quem nos fale, passemos a uma coisa boa: o livro desta edição do "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes", rubrica que conta, como sempre, com o apoio da livraria Bertrand.*
Na capa do livro, vemos um selo a informar de que esta é já a "4ª edição". Não é de admirar: para além de bonito, o livro está muito bem feito. São dois os autores: André Nogueira e Rita Parente, a dupla por detrás do Cocoon Cooks, o blog onde partilham receitas vegan, dicas para uma vida mais sustentável e relatos sobre as suas viagens.
No livro, encontramos 80 receitas veganas, agrupadas nos seguintes capítulos:
De manhã
Para brindar
À mesa
Doces, doces
Fora de horas
Complementos
Para além das receitas, o livro dedica ainda algumas páginas ao veganismo e a alguns ingredientes-chave, aos utensílios de cozinha que a dupla de autores acha mais essenciais e à melhor forma de usar o livro e tirar partido das suas receitas. No final, temos ainda algumas sugestões de menus ("Marmitas para os dias da semana", "Ideais para congelar", "Jantar com amigos", "Serão de jogos de tabuleiro", "Quadra natalícia", Piqueniques e roadtrips", "Barbecue/almoço de verão" e "Brunch de fim de semana").
O livro está muito bem escrito, num tom bem-disposto e criativo e onde se nota a atenção ao detalhe. E se as fotografias, irrepreensíveis, são da autoria do André, já o design gráfico e as ilustrações são da Rita.
No que diz respeito às receitas, apesar de todas parecerem deliciosas, tenho de destacar as sobremesas. Nos livros de cozinha vegan, as sobremesas são, muitas vezes, o ponto fraco. Mas a verdade é que as sugestões doces do livro 'Vegan para todos' têm um aspeto incrível, com destaque para a "Tarte de banana da Madeira", a "Tarte de batata doce", o "Cheesecake de caramelo salgado e amêndoa torrada", os "Donuts de verdade" ou os aprovados "Bombons de coco com cobertura de chocolate", cuja receita partilho mais abaixo (fazem mesmo lembrar o mítico chocolate Bounty!).
Resumindo: "Vegan para todos" é um livro consistente, que promete agradar mesmo a quem não seja vegetariano ou vegano, desde que se goste de receitas criativas e saudáveis. É bastante completo, pois combina informação sobre o veganismo com receitas para os vários momentos do dia e diferentes ocasiões. As imagens são muito bonitas e o design gráfico é leve, funcional e apelativo. Definitivamente, um dos meus livros favoritos da rubrica, so far!
Ligeiramente adaptado do livro “Vegan para todos”,
de André Nogueira e Rita Parente
Para 25-28 bombons
1 lata de leite de coco refrigerada durante a noite
70 ml de geleia de agave
180 g de coco ralado
1 colher de sopa de farinha de coco
1 pitada de sal
170 g de chocolate negro em pedaços
2,5 colheres de chá de óleo de coco
Abrir a lata de coco e retirar para um tachinho a parte sólida que se formou na parte superior da lata (o creme), descartando a água.
Juntar a geleia de agrave e levar ao lume até derreter e obter uma mistura líquida uniforme.
Numa taça, colocar o coco ralado, a farinha de coco e a pitada de sal.
Adicionar a mistura de creme de coco e a geleia de agave e envolver tudo muito bem, até se obter uma mistura moldável.
Com uma colher de sopa - o ideal é usar uma colher-medidora - retirar pedacinhos desta massa e formar bolinhas, que devem ficar do tamanho de brigadeiros ou um pouco mais pequenas.
Colocar sobre um tabuleiro forrado com papel vegetal e levar ao frigorífico durante cerca de 30 minutos.
Entretanto, derreter o chocolate com o óleo de coco em banho-maria.
Retirar as bolinhas do frigorífico e envolvê-las no chocolate derretido, com a ajuda de uma colher ou garfo.
Colocar a secar sobre papel vegetal ou sobre uma rede protegida com papel vegetal por baixo.
Levar ao frigorífico até servir.
Conservam-se até sete dias num recipiente hermético no frigorífico ou até seis semanas no congelador.
SE GOSTARAM DESTA RECEITA, TAMBÉM VÃO GOSTAR DESTAS:
Por mais que me esforce, não consigo resistir a livros com receitas de bolos. Nada a fazer.
Desta vez, quem me piscou o olho foi o Amor em fatias do chef Gilberto Costa.
[Curiosidade: descobri que no Porto há uma casa de chá com o mesmo nome, "Amor em Fatias", mas pelo que li não tem nada a ver com o Chef Gilberto Costa.]
Este é já o terceiro livro deste autor. Não conheço os anteriores, sei que um é de receitas de bolachas e biscoitos, outro de sobremesas 'equilibradas', intitulado Prazer sem Pecado.
Natural dos Açores, Gilberto Costa tem o Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, a par da licenciatura em Produção Alimentar na Restauração e do Mestrado em Segurança e Qualidade Alimentar na Restauração. Atualmente é docente na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, sendo convidado com frequência para eventos e programas televisivos.
No Amor em Fatias encontramos 70 receitas de bolos "das nossas avós que nos fazem viajar no tempo", organizadas pela sua origem:
Alemanha
Áustria
Bélgica
Brasil
França
Grécia
Inglaterra
Portugal - Açores
Portugal - Alentejo
Portugal - Algarve
Portugal - Beira
Portugal - Douro e Minho
Portugal - Estremadura
Portugal - Madeira
Portugal - Trás-os-Montes e Alto Douro
Suécia
Suiça
Algumas das receitas são já bastante conhecidas e comuns, outras são mais originais e apelativas, como o Bolo de Chocolate Suiço, feito com discos da massa de palitos La Reine, creme de chocolate e chantilly, ou o Bolo Mimoso, do Algarve, que leva fios de ovos e tangerina cristalizada na massa, ou ainda o Bolo de Maçã com Cerveja.
É um livro muito simples e apenas de receitas. Não há extras, como receitas de cremes, recheios ou outras preparações "de base", nem há capítulos mais teóricos ou técnicos sobre pastelaria. Mas, na verdade, também já há muitos livros que incluem esta componente, certo?
Se é o melhor livro de receitas de bolos que já vi? Não. Até porque a descrição das receitas é muito sucinta, provavelmente por terem sido escritas por um chef de pastelaria, para quem a confeção dos bolos não tem segredo e sabe os detalhes de cor. As receitas não nos dizem, por exemplo, o tamanho das formas a utilizar.
Outro dos aspetos menos positivos é o facto das receitas serem bastante calóricas. Achei que, de uma maneira geral, as quantidades de açúcar poderiam ter sido reduzidas, sem comprometerem o resultado final. Aliás, no bolo de ananás que encontram mais abaixo, usei menos açúcar do que pedia a receita original e ficou ótimo. Acredito que o chef Gilberto Costa tenha querido manter-se fiel ao receituário original e, já se sabe, as nossas avós achavam que nos tinham de manter docinhos e rechonchudos.
Resumindo: Amor em Fatias é um livro simpático, especialmente dirigido a quem gosta de fazer bolos tradicionais e mimar os amigos e a família ao fim de semana ou nos dias de festa. Um livro para nos fazer viajar à infância e onde provavelmente vamos descobrir receitas que provámos em criança - ou os nossos pais - e pensávamos perdidas para sempre. As fotografias são bonitas, mas por vezes o plano é tão aproximado que não nos permite apreciar o bolo da melhor maneira.
Como sempre, esta rubrica contou com o apoio da Livraria Bertrand, onde pode comprar e saber mais sobre o livro >>> Bertrand Online
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BOLO DE ANANÁS
Ligeiramente adaptado do livro "Amor em fatias", Chef Gilberto Costa
Para 2 bolos com 16 cm de diâmetro
200 g de açúcar (para o caramelo)
Cerca de 14 rodelas de ananás em conserva (usei das latas pequenas do Lidl)
3 ovos (gemas + claras separadas)
180 g de açúcar
110 ml de azeite extravirgem suave
50 ml de sumo de ananás
150 g farinha de trigo sem fermento
10 g de fermento em pó
Fazer o caramelo com 200 g de açúcar, num tacho de fundo espesso. Mantenha o tacho tapado, para ganhar humidade e o açúcar não cristalizar. Levantar a tampa de vez em quando, rodar o tacho, para uniformizar, e retirar do lume quando atingir uma cor de caramelo âmbar, não demasiado escuro.
Dividir o caramelo pelo fundo das formas. Precisa de ser um processo rápido, para o caramelo não solidificar - se preferir, faça 100 g de caramelo de cada vez. Untar as paredes das formas que não ficaram com caramelo, idealmente com spray desmoldante.
Distribuir as rodelas de ananás pelo fundo das formas e partir em pedacinhos o ananás restante.
Ligar o forno nos 180º.
Bater as gemas com o azeite e o açúcar. Juntar o sumo de ananás (aproveitado das latas) e o ananás em pedacinhos.
Adicionar a farinha e o fermento peneirados.
Bater as claras e e envolver suavemente no preparado anterior.
Distribuir pelas formas e levar a cozer durante cerca de 40 minutos - fazer o teste do palito para ve se está pronto.
NOTA: para dar aos bolos um aspeto ainda mais caramelizado, já depois dos bolos prontos fiz nova dose de caramelo e verti sobre os mesmos.
Ainda que já tenha sido mais popular - as notícias sobre o insucesso financeiro de alguns dos seus projetos contribuíram para essa 'queda' - Jamie Oliver dispensa apresentações. E se há alguém que sabe fazer livros de cozinha, é seguramente este chef inglês e a sua equipa.
Pelas minhas contas, este é já o 22º livro de Jamie. E não é o primeiro a abordar a cozinha italiana. A paixão de Jamie Oliver por esta gastronomia é conhecida, muito por influência da sua passagem pelo restaurante River Café, no início da sua carreira, e também pela sua longa e forte amizade com Gennaro Contaldo, com quem, aliás, viajou por toda a Itália para fazer este livro.
Ainda que os sabores e as técnicas culinárias italianas estejam, de alguma forma, presentes em todos os seus livros, nos volumes "Jamie Does...", onde surge um capítulo dedicado a Itália, e no "Jamie's Italy", o seu amor por esta cozinha tinha sido já destacado. Tanto que quando me apercebi do lançamento deste livro, o meu primeiro pensamento foi "O quê? Mais um sobre Itália?" 🤪
Mas se é verdade que Jamie e a sua equipa sabem baralhar e dar de novo como ninguém - são peritos em reaproveitar receitas, alterando-lhes pequenos detalhes e apresentando-as com novas roupagens, como se fossem inéditas - também é certo que a riqueza e a capacidade de sedução dos sabores italianos prestam-se a isso mesmo, sem nunca nos cansarem.
Este é um livro à Jamie: grande formato, capa dura, 410 páginas, fotos maravilhosas de David Loftus - um dos melhores fotógrafos de comida do mundo (cuja carreira e sucesso são indissociáveis da sua parceria de anos e anos com Jamie), mais de 200 receitas, bem escrito, design gráfico irrepreensível.
O índice divide-se pelos seguintes capítulos:
Introdução
Antipasti
Saladas
Sopas
Massas
Arroz e Dumplings
Carne
Peixe
Acompanhamentos
Pão & Afins
Sobremesas
As bases
Um dos aspetos mais bonitos do livro (ainda que noutros dos seus livros Jamie já o tenha feito), é o facto nos dar a conhecer várias "nonnas" - "avós" italianas que cozinham magistralmente e há anos para as suas famílias e/ou pequenos restaurantes, partilhando algumas das suas receitas e dicas.
A receita que escolhi para testar, e que segue mais abaixo, foi a de "gnudi", que no italiano da Toscana significa "nu". O nome deve-se ao facto de serem feitos apenas com ricotta (usei requeijão), um recheio clássico dos raviolli, ou seja, é como se fossem raviolli "nus", sem a massa 😉.
Resumindo: "Jamie e a Cozinha Italiana" não é um livro inovador, nem no tema, nem no tipo de receitas, a que o Jamie Oliver nos habituou nos seus livros anteriores. No entanto, nota-se uma certa simplicidade, sobretudo no número de ingredientes das receitas e nos métodos de confeção, que me agradou bastante. É um livro muito bem feito, daqueles que se folheia com muito prazer e onde se colam post-its em quase todas as páginas.
Como sempre, esta rubrica teve o apoio da Livraria Bertrand 💛 em cuja loja online podem saber mais e comprar o livro >>> Bertrand online*
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GNUDI [Almôndegas de requeijão]
Ligeiramente adaptado do livro "Jamie e a Cozinha italiana", de Jamie Oliver
Para 3 - 4 pessoas
500 de requeijão
50 g de parmesão ralado + um pouco para polvilhar no final
500 g de sêmola de milho para polenta
1 pitada de sal
1 pitada de pimenta preta acabada de moer
750 ml de molho de tomate caseiro
100 g de nabiças ou brócolos
Noz moscada para ralar na altura
De véspera, fazer as bolinhas:
- Colocar a farinha para polenta num prato fundo
- Escorrer o requeijão, desfazê-lo e misturá-lo com o parmesão ralado finamente e um pouco de sal e pimenta preta acabada de moer
- Fazer bolinhas (um pouco mais pequenas do que as almôndegas tradicionais) e passâ-las pela polenta, colocando-as noutra assadeira.
- Verter a polenta sobre as almôndegas, para cobri-las
- Levar ao frigorífico - mínimo 8 horas - sem tapar
No dia seguinte:
- Ligar o forno nos 180ºC
- Dar uma fervura aos brócolos ou às nabiças (devem ficar al dente)
- Colocar o molho de tomate num prato relativamente fundo de ir ao forno
- Dispôr as almôndegas, sacudindo o excesso de polenta
- Dispor os brócolos ou as nabiças
- Polvilhar com noz moscada e queijo parmesão ralado
- Levar ao forno até borbulhar e as almôndegas ficarem crocantes e tostadinhas
Servir com umas boas fatias de pão rústico.
Nota: nas fotos, está o resultado dos gnudi seguindo a receita original, que diz para se cozerem os mesmos em água com sal e passá-los por manteiga e noz moscada antes de se levarem ao forno no molho de tomate. No entanto, achei difícil este processo (os meus gnudi - prefiro chamar-lhes almôndegas - começaram a desfazer-se). Como não cozi todos, resolvi levar alguns ao forno sem cozer antes mas igualmente numa cama de molho de tomate, mantendo a capa de polenta (que desaparece na água de cozedura). Ficaram deliciosos e ainda melhores do que os primeiros, pois a polenta dá ao prato um contraste de texturas fantástico.