21
Set04
Ignorância pantagruélica.

Claro que o facto de lá em casa sempre se ter aberto mais vezes o “Tesouro das Cozinheiras”, não desculpa a minha ignorância: se soubesse há mais tempo que Pantagruel é uma personagem de uma série de livros escritos por Rabelais no século XVI, conhecida pelo seu apetite insaciável, teria percebido logo o porquê do título. Mas mais vale tarde do que nunca. Já agora, na obra de Rabelais - segundo o que consegui apurar, pois ainda não me dispus a ler a sua epopeia pantagruélica - Pantagruel é filho de Gargântua e ambos organizam - e devoram - lautos banquetes, em que aproveitam para contar aos amigos as suas viagens pela Europa, criticando a Igreja e defendendo ideias liberais e avançadas para aquela época. Quanto ao Pantagruel português, para além de incluir conselhos vários e milhares de receitas, incluindo as que estão na base de todas as outras, tem aquela magia dos livros de culinária sem imagens. Assim, podemos sempre fantasiar o aspecto final da receita e não experimentamos aquela sensação de falhanço quando vemos que o nosso bolo saiu deslavado e baixo, e na foto está castanho escuro e tem o dobro da altura.