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Lume Brando

29
Nov19

Chocolate quente espumoso [Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes #18]

Chocolate quente descomplicado

Livro Cozinha Descomplicada

 

À terceira tentativa, temos conteúdo para post. Este chocolate quente foi a terceira receita que testei deste livro. A primeira foi um tiramisù delicioso. Acontece que quando fui fotografá-lo, o tempo estava pior do que péssimo. Apesar de ser início da tarde, não havia praticamente luz, chovia desalmadamente. Ainda tirei algumas fotos, mas ficaram horríveis. Claro que podia ter tentado fotografar o tiramisù na manhã seguinte, mas... era demasiado bom para não o comermos de sobremesa ao jantar desse dia!

 

Na manhã seguinte, nova receita: galette des rois. Em vez de uma, decidi fazer várias mais pequenas. Nunca tinha feito esta receita natalícia francesa, mas tendo em conta a época, achei que seria perfeito. Parecia que iam ficar lindas... mas já no forno o recheio começou a sair furiosamente das empadas doces folhadas. Ficaram praticamente sem recheio. Provei-o: demasiado doce e a saber muito a manteiga.

 

Havia que escolher outra receita. Desta vez, a eleita foi o Chocolate quente espumoso. Uma receita descomplicada, a fazer jus ao título do livro (e eu simplifiquei-a ainda mais), deliciosa e mais saudável do que o chocolate quente tradicional, uma vez que é feito com bebida de coco e adoçado com geleia deste fruto.

 

Se vieram só pela receita, é fazer scroll e encontram-na mais abaixo. Se ficaram curiosos sobre este livro, está lançado o 18º #Dizmeoquelês - rubrica que conta, como sempre, com o apoio da livraria Bertrand.

 

Livro Cozinha Descomplicada

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #18

"Cozinha Descomplicada" - Larousse - Editora Bertrand

 

Este é o que se pode chamar um Senhor Livro. São mais de 400 páginas com 200 receitas, acompanhadas da promessa de conseguirmos pô-las em prática sem complicações. Desde logo pela forma como são apresentadas: em vez da habitual listagem de ingredientes seguida do método de confeção, ingredientes e indicações estão condensados numa espécie de esquema. Uma linguagem mais gráfica e visual, que ajuda a pôr de lado o receio e a preguiça que eventualmente uma receita possa provocar.

 

Mas não se pense que não é preciso olhar para o esquema mais do que uma vez, até porque não estamos habituados a que nos apresentem assim as receitas. Se é original? É! [Atenção: este não é o primeiro livro a seguir este caminho, nomeadamente os livros de cozinha infantis usam muitas vezes esta fórmula] Se é prático na hora de sabermos quais os ingredientes de que precisamos? Nem por isso. Mas a verdade é que é uma questão de nos habituarmos a percorrer o esquema com o olhar; à terceira ou quarta receita, fica mais fácil. E podemos sempre anotar os ingredientes num papelinho.

 

Livro Cozinha Descomplicada

Outra originalidade do livro é que as suas páginas não são numeradas, mas as receitas sim. Ou seja, no índice as receitas surgem por ordem alfabética e, à frente, em vez da indicação da página, surge o seu número de receita. Nada a opôr.

 

Quanto ao tipo de receitas, há de tudo um pouco:

  • Entradas
  • Carne 
  • Peixe
  • Legumes
  • Sobremesas
  • Bebidas

 

São receitas relativamente consensuais, que recorrem a uma grande variedade de ingredientes e tipos de confeção, notando-se em muitas delas o gosto francês - este livro é uma tradução do livro "La cuisine sans bla bla" das edições Larousse. Há pratos de massa e de arroz; há comida de tacho e de forno; há sopas e saladas; há opções vegetarianas, há cocktails e bebidas quentes. E há muitas sobremesas onde já colei post-its [quero acreditar que o azar que tive com a receita de galette de rois se deveu ao facto de eu não ter deixado um rebordo suficientemente largo, sem recheio, a toda a volta; é um facto que não gostei muito do sabor, mas também acho que não foi a melhor maneira de provar a receita, por isso não descarto a hipótese de lhe dar uma segunda oportunidade].

 

Resumindo: "Cozinha descomplicada" é um livro giro, com design e fotografias apelativas e receitas apetitosas, com uma abordagem que junta o clássico ao contemporâneo, mas todas simples e rápidas. Agora que vem aí o Natal, pode ser uma ótima prenda para aquela filha que foi estudar e viver para fora, para aquele sobrinho que acabou de casar ou para aquele amigo para quem, como eu, a expressão "demasiados livros de cozinha" não existe!

 

Saber mais / Comprar o livro >>> Livraria Bertrand*

 

Chocolate quente espumoso

CHOCOLATE QUENTE ESPUMOSO [E SAUDÁVEL]

A partir do livro "Cozinha Descomplicada" - Larousse

 

Para 2 copos/canecas

340 ml de bebida de coco ['leite vegetal' de coco e não 'leite de coco' em lata]

65 g de chocolate de culinária

1 colher sobremesa de geleia de coco [ou outro adoçante do género, tipo mel ou agave, a gosto]

4 ou 5 gotinhas de extrato de baunilha

 

Coloque no copo do processador de cozinha a bebida de coco e o chocolate partido em pedacinhos. Programe uns 5 minutos a 90ºC ou até o chocolate ter derretido.

Adicione os restantes ingredientes e pulse/triture durante uns bons segundos para que fique emulsionado e ganhe espuma.

Divida pelos copos e sirva.

 

Nota: a bebida de coco tem um sabor bastante neutro e discreto comparado com o leite de coco de lata; se gostar muito do sabor do coco, aconselho a seguir a receita original e usar leite de coco de lata e água de coco.

 

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MAIS RECEITAS ACHOCOLATADAS

 

28
Nov19

Bolo de arroz [ou um regresso à infância]

Bolo de arroz

Bolo de arroz

 

É raro seguir uma receita de fio a pavio, sem omitir um ingrediente ou substituí-lo por outro, ou sem ignorar ou acrescentar um passo. É mais forte do que eu 🤷‍♀️

 

Mesmo na rubrica #Dizmeoquelês tenho alguma dificuldade em ser 100% fiel à receita do livro. Ou porque não tenho um ou outro ingrediente em casa, ou porque há um determinado procedimento que foge aos meus hábitos culinários. Mas nestes bolos de arroz, não mudei rigorosamente nada em relação à receita da Rita Nascimento, aka La Dolce Rita.

 

Por isso, não tinha pensado em publicá-la aqui. No entanto, como foram vários os pedidos que me fizeram no Instagram para partilhar a receita, aqui está ela: a receita dos bolos de arroz. Uma receita que me recuar aos lanches no café ou na pastelaria quando era pequena (que eram um pouco raros, na verdade, e talvez por isso me tenham marcado), com a minha mãe, a minha avó Maria ou com as minhas tias. E em que éramos aconselhados a evitar os bolos com creme (acho que a minha primeira bola de Berlim ou o meu primeiro Napoleão, comi-os já praticamente adulta) e a optar por uma torrada, um bico de pato com fiambre, um croissant simples ou... um bolo de arroz!

 

[Houve também muita gente que me perguntou onde tinha comprado as forminhas de papel. Foi aqui, no Cantinho dos Paladares, e compram-se em embalagens de 12 unidades].

 

Bolo de arroz

BOLOS DE ARROZ

Receita do livro "Uma pastelaria em casa", de La Dolce Rita

Para 8-10 bolos de arroz (nestas formas)

 

150 g manteiga

180 g de açúcar

3 ovos

150 g farinha T55 sem fermento

100 g de farinha de arroz

1 colher de chá de fermento em pó para bolos

100 ml de leite

Açúcar para polvilhar qb

 

Ligar o forno nos 180º.

Bater a manteiga amolecida com o açúcar até ficar em creme (usei a batedeira elétrica).

Juntar os ovos e incorporar bem (usei a batedeira elétrica).

Acrescentar as farinhas e o fermento e por fim, juntar o leite (usei a batedeira elétrica, numa velocidade baixa).

Verter para as formas - encher cerca de 3/4 de cada forma.

Polvilhar o topo de cada bolo com cerca de 1 colher de chá rasa de açúcar (para ganhar a capa crocante - no meu caso, houve algum açúcar que não derreteu/solidificou).

Levar a cozer entre 15 a 20 minutos - fazer o teste do palito, que deve sair limpo.

 

OUTRAS RECEITAS PARA REGRESSAR À INFÂNCIA:

22
Nov19

Rahmschmarren a la Koschina - receita austríaca [Diz-me o que lês #17]

Receita austríaca rahm schmarren

Livro Casal Mistério

 

Após um inesperado e chato extravio de livros, o "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes", rubrica que conta com o apoio da livraria Bertrand, está de volta com um livro muito apetitoso. Acreditam que este é já o 17º livro de cozinha a passar por aqui, desde que esta aventura começou, há pouco mais de quatro meses? Se me seguem no Instagram, sabem que de vez em quando lanço uns passatempos com livros da rubrica. Se gostavam de ter este livro, fiquem atentos: quem sabe não tenho um exemplar para oferecer?😉

 

Livro Casal Mistério

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #17

"As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" - Casal Mistério - Editora Manuscrito

 

Para quem gosta e procura informação sobre temas ligados à cozinha, às receitas e aos restaurantes, o site do Casal Mistério não é segredo [gostaram deste trocadilho? 🙈].

Ninguém sabe quem está por detrás deste projeto, mas sabe-se que o blog, criado há cinco anos, conta com milhares e milhares de visualizações, tem mais de 200 mil seguidores no Instagram e mais de 300 mil no Facebook, e recebeu por várias vezes o prémio de "Melhor blog de culinária" no concurso 'Blogs do Ano' da Media Capital.

 

Na verdade, o Casal Mistério não é um blog de culinária como a maioria dos blogs de culinária, sendo mais "curadores" de receitas do que "criadores". E isto leva-me a um dos aspetos que me intrigou neste livro (que é já o terceiro lançado pelo Casal Mistério). Muitas das receitas, se não mesmo a maioria, são receitas que foram publicadas no blog mas retiradas de outros sites e blogs e que no Casal Mistério surgem acompanhadas dos devidos créditos. Mas no livro isso não acontece. Nem na introdução, nem nos agradecimentos, nem nas páginas das receitas encontro qualquer referência à sua origem.

 

Sei que o Casal Mistério teve o trabalho de as traduzir e provavelmente adaptar, e foram magistralmente fotografadas pela talentosa Maria Midões. Mesmo assim, não seria de fazer uma referência às versões originais?

 

Deixando este pequeno "mistério" de lado, devo dizer-vos que o livro é já um dos meus favoritos desta rubrica. É bonito, está bem escrito - com os apontamentos de humor característicos do Casal Mistério - e as receitas, selecionadas por serem as mais populares do blog - são muito variadas e apelativas.

 

Livro Casal Mistério

 

Na verdade, são 99 receitas mais 16 receitas extra, generosamente disponibilizadas por 16 chefs de cozinha famosos, incluindo a da sobremesa do chef austríaco Dieter Koschina, responsável pelo restaurante algarvio Vila Joya, e que escolhi para experimentar e publicar aqui.

 

São 8 os capítulos em que as receitas estão agrupadas:

  • Para nos fazer levantar da cama
  • Para enganar a fome
  • Para partilhar com os amigos
  • Para comer em família
  • Para levar para o trabalho
  • Para não engordar
  • Para a desgraça [o meu capítulo preferido 😆]
  • As receitas que os chefs fazem em casa

 

Smoothies e panquecas. Brownies, cheesecakes e bolachas. Entradas fáceis e vistosas. Pratos reconfortantes. Sugestões rápidas e com poucos ingredientes. Sanduíches, saladas e outras propostas saudáveis. Bolos gulosos: há de tudo aqui.

 

E há ainda as imagens maravilhosas da Maria Midões. Tive a oportunidade de conhecer a simpática Maria há uns anos, num workshop de fotografia de comida na Clavel's Kitchen, e sou absolutamente fã do seu trabalho [já agora: uma das razões por que escolhi fazer o Rahmschmarren é que as receitas dos chefs não surgem fotografadas, e assim não tenho de comparar as minhas com as da Maria, ahahahah].

 

Resumindo: o livro "As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" é um valor seguro. A abordagem gráfica é simples mas 'eye-catching' e as receitas estão bem descritas. Apresenta receitas para os vários momentos do dia e para várias necessidades (receitas mais ou menos calóricas) sendo por isso um livro abrangente, que vamos querer ter sempre à mão. As fotografias da Maria Midões... essas são a cereja no topo do livro.

 

Saber mais e comprar "As 99 Melhores Receitas do Casal Mistério" >>> Livraria Bertrand*

Rahm schmarren - receita austríaca

RAHMSCHMARREN A LA KOSCHINA

Receita do Chef Dieter Koschina no livro "As 99 melhores receitas do Casal Mistério"

Esta é uma receita tradicional austríaca, aqui com o toque do chef, que sugere servi-la com puré de maçã. Tentei saber mais sobre esta sobremesa de conforto - uma espécie de panqueca fofa gigante - mas todos os sites que encontrei estavam em alemão e não me apeteceu ir ao google tradutor 🤪

 

Para o "bolo":

300 g de natas

50 g de açúcar em pó

60 g de gemas de ovo (4 ovos pequenos)

50 g de amido de milho

1 copo de shot de rum

Raspa de limão qb

90 g de claras de ovo

60 g de açúcar (+ algum para a caramelização final)

1 colher média de manteiga (+ alguma para a caramelização final)

 

Para o puré de maçã:

Maçãs (usei 3 grandes)

Açúcar qb (não usei)

Sumo de limão qb

Baunilha qb (usei umas gotinhas de essência)

Canela em pó qb

 

Começar por fazer o puré de maçã: cozer as maçãs lentamente num fundo de água. Triturar e juntar os restantes ingredientes a gosto.

Ligue o forno nos 180º.

Com um batedor de varas, misturar bem as natas, o açúcar em pó, as gemas, o amido, a raspa de limão e o rum.

Bater em castelo as claras com os 60 g de açúcar e juntar ao preparado anterior.

Levar ao lume uma frigideira grande que possa ir ao forno e derreter nela a manteiga, espalhando-a por toda a frigideira. Verter nela a massa do "bolo" e levar ao forno durante cerca de 30 minutos.

Assim que estiver bem dourado, retirar do forno e fazer um quadriculado na massa (schmarren significa algo como "desfeito" ).

De seguida, a receita diz para barrar com "manteiga e açúcar caramelizado". Confesso que não percebi bem como isto se fazia, mas depois de ver este vídeo percebi que deve colocar-se mais um pouco de manteiga e açúcar noutra frigideira e passar para aí os pedacinhos de "bolo", deixando caramelizar. Servir com o puré de maçã.

A romã é um acrescento meu, porque... torna qualquer qualquer prato mais fotogénico 😉

 

MAIS RECEITAS DOCES DA RUBRICA "DIZ-ME O QUE LÊS":

 

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21
Nov19

Receita de jesuítas [versão 'seminaristas']

Jesuítas

Jesuítas

 

Quem resiste a um jesuíta? [não falo dos religiosos da Companhia de Jesus, que esses devem ser deixados sossegados na sua missão 😄]. Falo do clássico da pastelaria portuguesa, feito de camadas de massa folhada, doce de ovos e uma capa crocante de açúcar e canela.

 

Apesar de não ser consensual a sua origem, a teoria mais consistente situa-a na centenária Confeitaria Moura, em Santo Tirso, que continua a fabricar os jesuítas mais famosos do país, e que tem a receita original patenteada. Reza a história que a iguaria foi criada em 1892 por um pasteleiro espanhol, que havia sido contratado pela dita pastelaria tirsense, e que a terá batizado desta forma em homenagem aos monges para quem tinha trabalhado em Bilbau.

 

Lendas e teorias à parte, o certo é que o pastel depressa ganhou fama e começou a ser reproduzido em pastelarias um pouco por todo o país. E com variações quanto ao seu tamanho: o gigante dá pelo nome de "cardeal", e os pequenos, como os que vos trago aqui, são os "seminaristas". Faz sentido, certo? 

 

Durante muito tempo, achei que fazer os jesuítas em casa seria complicadíssimo, mas decobri que afinal é simples e rápido até. Claro, desde que usemos massa folhada de compra e já tenhamos o doce de ovos pronto (que se faz facilmente, mas que precisa de arrefecer antes de ser barrado na massa folhada).

 

Querem tirar a prova? A receita de jesuítas segue abaixo (e vão encontrá-la numa espécie de passo a passo nos meus stories no instagram >>> Lume Brando).

 

Jesuítas

 

JESUÍTAS - VERSÃO 'SEMINARISTAS' (MINI)

Para cerca de 26

 

1 placa de massa folhada retangular fresca

Cerca de 10 colheres de sopa de doce de ovos*

25 g de clara de ovo

130-150 g de açúcar em pó

Fio de sumo de limão

Canela em pó qb

 

Ligar o forno nos 190º.

Desenrolar a massa folhada e cortar ao meio no sentido do comprimento.

Barrar cada metade dessas tiras largas, no sentido do comprimento, com doce de ovos.

Dobrar a parte da massa sem doce sobre a parte com doce.

Cortar em trapézios (cerca de 12 ou 13 trapézios em cada tira) e passá-los para um tabuleiro forrado com papel vegetal.

Numa taça e com um batedor de varas, misturar a clara com o açúcar em pó -  juntar o açúcar aos poucos pois pode não ser necessário usar todo. Juntar um fio de sumo de limão e canela em pó a gosto (costumo adicionar cerca de uma colher de chá bem cheia). Deve obter-se um glacé grosso, espesso e pastoso, mas "espalhável". Adicionar um pouco mais de sumo de limão se achar que está demasiado pastoso, ou mais açúcar em pó se estiver demasiado fluído.

Cubrir cada trapézio com glacé, com a ajuda de uma colher pequena.

Levar ao forno durante uns 15/20 minutos - ir espreitando e retirar quando a massa tiver folhado e apresentarem uma cor ao seu gosto.

Se repararem, os meus ficaram um pouco pálidos (mas deliciosos, diga-se!), se gostarem deles um pouco mais escuros, basta deixarem mais um pouco no forno!

_______________________________________________________________________________________________

*DOCE DE OVOS

Adaptado de uma receita do Chef Luís Francisco

6 gemas + 1 ovo inteiro

250 g de açúcar

125 g de água

1 pedaço de casca de limão

1 pau de canela

 

Num tachinho,  levar ao lume a água, o açúcar e os aromatizantes (limão e canela). Sem mexer, deixar levantar fervura. Quando começar a borbulhar (bolhas grandes em toda a superfície da calda), contar 3 minutos. Retirar do lume, descartar o limão e a canela e verter em fio sobre as gemas e o ovo previamente desfeitos numa taça de metal, mexendo sempre. Coar para o tacho e levar ao lume até engrossar, cerca de 10 minutos, mexendo sempre para não ganhar grumos e sem deixar ferver. Colocar num frasco, deixar arrefecer e conservar no frigorífico (dura várias semanas, se não meses).

 

OUTRAS RECEITAS GULOSAS:

 

13
Nov19

Pão de maçã [Uma receita com outono dentro]

Pão de maçã

Pão de maçã

 

Eu refilo com a chuva. Irrito-me com a mudança da hora. Desespero com a luz natural que acaba num abrir e fechar de olhos. Adio a mudança do guarda-roupa porque não gosto da roupa da época. Mas reconheço que o outono tem o seu charme.

 

O cenário que nos é dado pelas árvores vestidas de múltiplos castanhos e dourados é mágico.

E os ingredientes da época são deliciosos, fotogénicos, e reconfortantes: as castanhas, as abóboras, os diospiros, as romãs, a maçã...

 

Todos os anos, um primo oferece-me uma caixa enorme de maçãs vindas de Carrazeda de Ansiães. E são tão boas, firme e doces. Para além de comê-las ao natural - seria um pecado não fazê-lo - algumas são transformadas em doces e sobremesas. Como este 'apple bread' ou pão de maçã [na verdade é um bolo!]. Uma receita que grita outono por todos os lados e me faz reconciliar com esta altura do ano.

 

Pão de maçã

PÃO DE MAÇÃ

[rende bastante, a quantidade de bolos depende do tamanho da forma; no meu caso, consegui fazer 4 bolos relativamente pequenos]

 

4 maçãs grandes

1 chávena rasa de açúcar amarelo

2 ovos grandes

1/2 chávena de azeite

3 chávenas rasas de farinha sem fermento

1 chávena de frutos secos [nozes fica muito bem]

1 chávena de uvas passas ou sultanas

1 colher de sopa de fermento em pó

1 colher de chá de bicarbonato de sódio

1 colher de chá de canela em pó

1/2 colher de chá de noz moscada

1 pitada de sal

 

Chávena = 250 ml capacidade

 

Pré-aqueça o forno nos 180º.

Unte 2 formas de bolo inglês médias ou 4 pequenas.

Descasque as maçãs e rale-as grosseiramente num ralador (uso este ralador)

Junte o açúcar, envolva e reserve uns 10 ou 15 minutos até o açúcar dissolver e ter ganho líquido.

Junte os ovos, o azeite, os frutos secos e as sultanas ou as uvas passas (se usar passas, pique-as grosseiramente)

Adicione a farinha, o fermento, o bicarbonato, a canela, o sal e a noz moscada, envolvendo sem bater.

Verta para as formas e leve a cozer cerca de 45 minutos - irá demorar menos se as formas forem pequenas ou mais alguns minutos se forem maiores. Faça o teste do palito para conferir.

 

MAIS RECEITAS DELICIOSAS E FÁCEIS COM MAÇÃ:

 

08
Nov19

Croquetes do Barroso [Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes #16]

Croquetes do Barroso

Croquetes do Barroso

 

O livro que vos trago hoje foi um dos primeiros que escolhi para esta rubrica. Mas quando me vi com ele nas mãos, quando o folheei e lhe senti o pulso, vi que precisava de tempo para falar dele.

 

Esta rubrica existe porque adoro livros de cozinha, mas também porque gosto de me obrigar a experimentar receitas novas [e porque a Bertrand aderiu a esta ideia 💛].

 

Quando temos de cozinhar todos os dias para alimentar a família, é muito fácil cairmos na repetição, nas receitas que já sabemos que os miúdos gostam, naquelas que já lhes conhecemos as manhas, as versões e os atalhos.

 

O "Diz-me o que lês, dir-te-ei o que comes" só faz sentido se for mais do que uma apresentação ou crítica ao livro. Para mim, falar do livro é importante, até porque sei que muitos de vós partilham comigo esta paixão pelos livros de culinária, mas a receita é o ponto alto do post.

 

É através da replicação da receita que melhor percebo o estilo do autor, muitas vezes usando pela primeira vez determinados ingredientes. E sei que quem vem aqui, também vem pelas receitas, nem que seja para servirem de inspiração e ponto de partida. E, claro, é uma forma de ir diversificando os menus cá de casa, levando a família nesta saborosa viagem de descoberta.

 

Croquetes do Barroso

 

Neste livro, que é acima de tudo um inventário do fumeiro português, encontramos as receitas dos próprios enchidos e produtos de fumeiro [uma empreitada que não é para mim], mas também algumas receitas de autor, que recorrem a produtos de charcutaria genuínos, artesanais, de elevada qualidade. Decidi que não poderia testar nenhuma dessas receitas com produtos correntes, de supermercado. Seria uma heresia, perante o incrível trabalho de recolha do Chef Nuno Diniz.

 

Mas no livro, obrigatório para quem aprecia e tem orgulho na nossa gastronomia, o autor diz-nos onde podemos encontrar os produtos. Por isso, depois de escolher a receita [d-e-l-i-c-i-o-s-o-s 'Croquetes do Barroso' de que falo mais abaixo] contactei o produtor que me poderia fornecer a Farinhota e a Sangueira necessárias. E descobri que enviavam os produtos por correio [não é maravilhoso?]. Mas não podia ser naquela altura, tinha de esperar pelo tempo mais frio, pois só então poderiam confecionar os enchidos. Tinha de esperar pelas condições favoráveis aos ventos e aos fumos de que este livro trata, magistralmente.

 

Por isso, só agora, ao 16º post, é que entra no palco do #Dizmeoquelês o livro "Entre ventos e fumos", do Chef Nuno Diniz, professor da Escola Superior de Hotelaria e Turismo de Lisboa, consultor de diversos projetos gastronómicos, jurado de concursos televisivos e com um vasto curriculum na liderança de cozinhas de restaurantes, como o da York House, o Tágide ou o Volver. 

 

Croquetes do Barroso

DIZ-ME O QUE LÊS, DIR-TE-EI O QUE COMES #16

"Entre ventos e fumos - Fumeiros e Enchidos de Portugal" - Nuno Diniz - Bertrand Editora

 

Não é fácil arranjar palavras para começar a falar deste livro. Confesso que fiquei emocionada depois de folheá-lo e lê-lo de uma ponta à outra. O livro resultou de um apurado e longo trabalho de pesquisa por parte do Chef Nuno Diniz, que quis inventariar o excecional património gastronómico português no que diz respeito aos enchidos e produtos de fumeiro.

 

Nuno Diniz viajou por Portugal inteiro, incluindo as ilhas, ao longo de catorze anos. Aprendeu com as pessoas das aldeias, assistiu aos processos tradicionais [incluindo a matança do porco, onde não há parte do animal que não seja aproveitada], assimilou as diferenças regionais, tomou notas e notas. Fez (e faz) uso dos melhores produtos em receitas e refeições memoráveis, como os seus famosos cozidos. E, felizmente, aceitou partilhar todo esse saber connosco.

 

Depois dos textos introdutórios, os capítulos vão abordando as diferentes regiões, listando os respetivos produtos e, sobre cada um deles, indicando os ingredientes, o modo de confeção e identificando quem os produz e comercializa:

  • Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro
  • Entre o Douro e o Tejo
  • Ribatejo e Estremadura
  • O Sul e as Ilhas  - Alentejo/Algarve/Açores e Madeira

 

[Dentro dos capítulos, o Chef Nuno Diniz descreve ainda os seus três cozidos épicos, que organiza anualmente e que começam a ser preparados com dias de antecedência]

 

Aqui ficamos a saber o que são os Azedos, o Lombo Enguitado, a Peituga, a Moma, a Cupita e a Paiola. O Palaio e o Mangote. O Chabiano e o Plangaio. A Paiola e Painho. A Butifarra. A Sangueira e a Farinhota. E a lista de especialidades poderia continuar. E claro, aqui há também lugar para os produtos mais conhecidos como o chouriço e a chouriça, o salpicão, a alheira, a morcela, a farinheira e o presunto. São mais de 100 os produtos listados e descritos.

 

Croquetes do Barroso

 

Antes do capítulo final, com o sugestivo título "Um epílogo, a fechar, sem conclusões...", surgem "Os pratos do fumo e da névoa", onde estão descritas 40 receitas de autor. Algumas pareceram-me demasiado complexas [ainda que intrigantes e apetecíveis] para as minhas competências amadoras, por isso, escolhi para brilharem neste post os "Croquetes do Barroso", cuja receita não me assustou e que podem encontrar mais abaixo.

 

Resumindo: Este não é um livro de receitas, ainda que as tenha. É, acima de tudo, um livro sobre a nossa gastronomia tradicional e regional, um verdadeiro repositório de informação e conhecimento sobre a arte do fumeiro em Portugal. Uma verdadeira bíblia, merecedor de lugar de honra, ao lado de livros como o "Cozinha Tradicional Portuguesa", da Maria de Lourdes Modesto. Um contributo valioso para a preservação dos saberes associados a esta componente tão especial e única da nossa cozinha, que são os enchidos e os produtos de fumeiro. As fotografias do livro - há imagens para grande parte dos produtos - são da autoria de Marta Teixeira e são tão bonitas quanto simples, com uma luz fabulosa, a fazer brilhar os protagonistas.

 

Para saber mais sobre o livro "Entre ventos e fumos" >>> Livraria Bertrand

 

Entrevistas onde podem ficar a conhecer melhor este chef, de discurso assertivo e (potencialmente) polémico:

https://grandesescolhas.com/nuno-diniz-a-sustentabilidade-e-um-chavao-dos-chefs-para-tentar-impressionar/

https://observador.pt/2019/01/19/nuno-diniz-os-ignorantes-dizem-que-so-ha-quatro-ou-cinco-variedades-de-enchidos-nao-sao-quatro-ou-cinco-porra-nenhuma-ha-mais-de-100/

https://www.publico.pt/2019/01/05/fugas/noticia/cozidos-enchidos-fumeiro-nuno-diniz-1856100

 

E agora, sem mais demoras, entrem os croquetes!

Croquetes do Barroso

CROQUETES DO BARROSO

Receita do livro "Entre Ventos e Fumos", do Chef Nuno Diniz, que utiliza enchidos tradicionais da região do Barroso, formada pelos concelhos de Montalegre e Boticas, em Trás-os-Montes.

 

Para 26 croquetes

30 g de manteiga

30 g de farinha sem fermento

100 g de leite quente (aqueça mais leite, pode precisar)

1 cebola média bem picada

1 sangueira picada*

1 farinhota picada*

Azeite

3 folhas de gelatina

Sal e pimenta

1 ovo

Pão de centeio duro ralado

Óleo de milho para fritar

 

Começar a preparar a receita com pelo menos 6 horas de antecedência.

Colocar as folhas de gelatina a demolhar em água fria abundante, cerca de 10 minutos.

Pique bem os enchidos e reserve [não achei esta tarefa muito fácil, porque os enchidos eram bastante húmidos e desfaziam-se mais do que ficar picados, mas com paciência, consegue-se].

Fazer o bechamel: coloque a manteiga e a farinha num tacho e deixe cozinhar uns 5 minutos, mexendo sempre.

Juntar o leite quente aos poucos [tenha cuidado, pois vai espirrar] e ir mexendo até obter um bechamel bastante consistente, o que deve demorar aí uns 10 minutos.

Numa frigideira, saltear a cebola numa colher de sopa de azeite.

Temperar com um pouco de sal e pimenta.

Juntar a sangueira e a farinhota e cozinhar durante cerca de 5 minutos.

Juntar o bechamel e as folhas de gelatina bem escorridas.

Envolver tudo muito bem, verter para um tabuleiro, alisar e levar ao frio cerca de 6 horas antes de moldar os croquetes.

Antes de fritá-los, passe-os pelo ovo batido e pão ralado.

 

*Pode encomendar os enchidos diretamente à empresa Fumeiro do Barroso, que os enviará, à cobrança, pelo correio. Zona Industrial De Montalegre, Lt. 13, Montalegre, Vila Real - Tel.: 276 511 511 

 

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Teresa Rebelo

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