Provavelmente, quando este texto for publicado o dia vai estar cinzento e chuvoso. Afinal, estamos em abril, mês de meteorologia incerta. Mas os últimos dias foram tão generosos em termos de sol, que já só penso naqueles fins de tarde preguiçosos, que mesmo durante a semana, em dias de trabalho, permitem uma pausa de dolce far niente na varanda.
Uma cerveja gelada ou um copo de vinho branco fresquinho, uns petiscos, o sol a pôr-se devagarinho e não preciso de mais nada para um momento perfeito. Melhor, só se os salgadinhos ou os petiscos forem caseiros, certo?
Uma das minhas entradas preferidas para o tempo mais quente é o guacamole (podem clicar aqui para ver a minha receita de guacamole), servido com nachos. Acontece que estes aperitivos de compra são tudo menos saudáveis, sobretudo devido ao elevado teor de sal.
A minha versão não leva sementes de linhaça moída (porque não li a receita direito e só reparei depois) e é mais condimentada, mas esta é uma receita que permite muitas variações nas especiarias e nas ervas. E é incrivelmente rápida de fazer.
Ficam muito saborosos e estaladiços, numa palavra: viciantes! E como vem aí o fim de semana, nem sequer temos a desculpa da falta de tempo para usar aperitivos de compra 😝
1 colher de chá de caril em pó (vai reforçar o tom amarelo dos nachos)
1 colher de chá de paprika fumada
1 boa pitada de pimenta preta acabada de moer
1 colher de sopa de coentros secos
Ligue o forno nos 190º.
Numa taça misture todos os ingredientes e forme uma bola (fica uma massa um pouco quebradiça, mas não se preocupe). Divida em duas partes.
Coloque uma das metades no centro de uma folha de papel vegetal, dê-lhe a forma de um quadrado achatado.
Cubra com outra folha de papel vegetal e estique a massa com o rolo, até obter uma espessura entre 1 e 2 mm.
Retire a folha de papel vegetal de cima, passe para um tabuleiro de ir ao forno e, com uma faca, faça marcas na massa: faça um quadriculado grande e depois marque linhas na diagonal, de forma a obter triângulos.
Leve ao forno entre 12 e 15 minutos - vá vigiando.
Retire e deixe arrefecer.
Repita com a restante massa.
Sirva de seguida ou guarde em frascos herméticos.
Para ver a receita de guacamole, é só clicar aqui.
Todas as fotos deste post são de Ivo Tavares, do Ivo Tavares Studio. O projeto de arquitetura foi da autoria de Ren Ito Arq. O projeto e o mobiliário da cozinha são da empresa J. Dias. Nenhuma destas referências é patrocinada.
O prometido é devido. Apesar de já vos ter mostrado algumas fotos da cozinha e alguns detalhes da sala, disse que um dia vos revelaria o resultado final.
Já tinha tirado algumas fotos assim que a casa ficou composta (esteve muitas semanas sem candeeiros, por exemplo, e continuo sem cortinados na sala), mas quando o Ren mostrou interesse em trazer cá um fotógrafo profissional, resolvi esperar pelo resultado dessa sessão fotográfica.
Afinal, quem sabe, sabe, e as fotos ficaram espetaculares (digamos que a casa também estava especialmente limpa e arrumada nesse dia 😆 Agora a sério, parabéns ao Ivo Tavares, pelas fotos incríveis).
Como fui desabafando, até chegar aqui foram precisos cinco meses de obras que pareceram uma eternidade. Depois de outros tantos meses (na verdade, mais de um ano) de projeto, orçamentação, escolha de materiais... O meu marido diz que quer voltar a fazer obras para poder pôr em prática tudo o que aprendeu neste processo. Eu digo que tão cedo não me meto noutra.
E, imaginem, só fizemos obras na área social do apartamento: hall de entrada, cozinha e sala. Nem sequer foi fazer uma casa. Mas pronto, não era apenas um refresh. As madeiras do hall foram todas raspadas e pintadas de branco (eram castanhas, como continua na área dos quartos 😕); o teto falso foi uniformizado e passou a existir em toda a área; as portas da cozinha, da sala e da lavandaria são novas; a cozinha é nova de uma ponta à outra (resistiram apenas os eletrodomésticos), os armários embutidos da sala também; metade da parede (à altura) entre a sala e a cozinha foi abaixo e substituída pelo painel envidraçado; o chão foi todo lixado e envernizado de novo...
Mas valeu a pena. Ainda faltam alguns apontamentos de decoração. Quero um quadro grande para a cozinha (parede ao lado da porta); a calha para quadros (no topo da parede da tv) ainda está sem nada pendurado; faltam cortinados e uns cadeirões, pelo menos. Mas, definitivamente, já nos sentimos em casa. E isso é mesmo bom 💛.
Gosto cada vez mais de fazer pão em casa. Ainda me falta entrar na aventura da fermentação lenta, da massa-mãe e do pão sourdough, mas lá chegarei.
Por agora vou fazendo receitas mais simples. E confesso que quando vejo alguma receita de pão daquelas que se comem com os olhos, seja numa revista em papel ou num blog, tenho de me controlar para não ir logo para a cozinha pôr as mãos na massa. E tenho um fraquinho - acho que se nota pelas receitas que tenho colocado aqui - pelos pães de leite ou pães doces. Ainda que não sejam o produto de padaria mais saudável, eu sei.
Foi o que me aconteceu com as arrufadinhas de batata doce que vi no Frango do Campo, o blog da querida Naida, na altura da Páscoa. Tinham um ar tão yummy. E ainda por cima levavam batata-doce, um dos meus ingredientes favoritos. Tinha de experimentá-la.
Ontem foi o dia. Até porque este tempo fora de tempo, com a chuva e o frio a fazerem-se de convidados todos os dias desta primavera adormecida, se aguenta melhor com o forno ligado.
Não fiz grandes alterações à receita original, apenas troquei 50 g de batata-doce por 50 g de cenoura (porque a minha batata-doce, assim como a da Naida, era de polpa branca e eu queria dar-lhe um tom alaranjado, o que acabou por não acontecer), e usei leite de vaca em vez de leite de soja. Ah, e vêem aquelas arrufadas com umas marcas na superfície, uma espécie de cruz? Foi para marcar as três arrufadas onde escondi um quadrado de chocolate... gulosa é o meu nome do meio, não há remédio 😆
Devo dizer-vos que ficaram deliciosas. A batata-doce confere uma humidade maravilhosa à massa, que fica com uma "migalha" fantástica. A repetir e a explorar as suas variantes, pois pareceu-me uma massa bastante versátil. Vem aí o fim de semana - que tal aproveitar para mimar a família com uma fornada destas riquezas?
Bom fim de semana!
ARRUFADAS DE BATATA-DOCE E CENOURA
Para 9, grandinhas
150 g de batata doce cozida
50 g de cenoura cozida
120 ml de leite meio-gordo
40 g de manteiga à temperatura ambiente
25 g de fermento de padeiro
1 ovo
1 colher de chá de sal
30 g de açúcar amarelo
400 g de farinha
9 quadrados de chocolate (opcional)
1 ovo batido para pincelar
Açúcar em pó para polvilhar
Descasque a batata-doce e a cenoura e leve a cozer com um fundo de água (a cenoura demora mais a cozer, como não a coloquei a cozer antes da batata-doce, acabou por não ficar muito bem triturada, mas não fez diferença).
Triture para obter um puré. Reserve.
Desfaça o fermento de padeiro num pouco de água morna (aí umas 2 colheres de sopa de água).
Numa bacia, misture o puré, o leite, o açúcar, a manteiga e o fermento desfeito na água morna.
Junte o ovo, o sal e a farinha, misturando tudo muito bem.
Amasse um pouco até obter uma massa macia e uniforme, forme uma bola, coloque-a na bacia, tape e deixe levedar cerca de 1 hora ou até duplicar o tamanho (embrulhar a bacia numa manta ou usar esta bacia - tenho uma, oferecida por uma amiga, ajuda).
Com as mãos enfarinhadas, vá formando pequenas bolas - se quiser, coloque um quadrado de chocolate no interior de cada bola, rodando e fechando completamente a massa.
Coloque-as num tabuleiro forrado com papel vegetal.
Tape com um pano e deixe levedar mais 20 ou 30 minutos.
Entretanto ligue o forno nos 180ºC.
Pincele os pãezinhos com ovo batido e leve ao forno durante cerca de 30 minutos ou até estarem bem dourados e cozidos. Se achar que estão a ficar escuros demasiado depressa, tape com folha de alumínio.
Para transformar os pães em arrufadas, polvilhe-os com açúcar em pó.
Se há coisa de comer que deixa o provador-mor cá de casa feliz são crepes com doce de castanha. Mas a verdade é que há muito tempo - diria anos - que tal não aparecia nos menus cá de casa.
No último Dia do Pai, resolvi fazer uma surpresa: comprei o doce de castanha da Bonne Maman, que é delicioso, fiz uma massa de crepes com antecedência - tenho reparado que a massa de crepes, quando repousa algumas horas no frigorífico, fica ainda melhor - e foi a nossa sobremesa no jantar desse dia, para grande alegria do homenageado.
Mas não gastei o frasco todo - na verdade, tinha comprado dois frascos, just in case 😆 - e como uma vez aberto não aguenta muito tempo, decidi que estava na hora de experimentar o tiramisù de castanha do blogue Coco e Baunilha, uma sobremesa linda, daquelas de criar água na boca, que também já tinha conquistado o Célio, do Sweet Gula.
Preparei o tiramisù a pensar no domingo de Páscoa, que passámos na aldeia. Só vos posso dizer que fez o maior sucesso. Como a Patrícia diz, é uma sobremesa do demo, o que, se pensarmos bem, torna-a numa escolha um pouco herege para a Páscoa, ehehehe.
Apesar de a ter fotografado, tinha pensado inicialmente em não publicá-la, pelo menos para já, uma vez que é uma sobremesa um pouco invernosa e já só ansiamos por sabores frescos de primavera. Mas já viram como está o tempo hoje? Pelo menos aqui no Norte, está daqueles dias em que só apetece ficar em casa, a preguiçar.
E parece que o fim de semana vai continuar assim, aborrecido. Por isso, aqui fica uma sugestão de 'sobremesa de conforto', para enganarmos este inverno que nunca mais acaba.
Com chuva ou sem chuva, com mais ou menos preguiça, bom fim de semana!
1/2 colher de café de essência ou extrato de baunilha
Vinho do Porto qb
1 chávena almoçadeira de café frio
Cerca de 6 colheres de sopa de creme de castanha (usei da Bonne Maman)
Para a cobertura:
200 ml de natas para bater (1 pacote, que deve estar bem frio)
100 g de creme de castanha
Cacau em pó para polvilhar
Forre a forma com papel vegetal, de forma a sobrar papel à altura das laterais (usei duas tiras de papel), para que depois seja mais fácil desenformar (untar a forma com manteiga ajuda a colar o papel - ótima dica do Célio, do Sweet Gula).
Separe as gemas das claras.
Bata as gemas com o açúcar e o mascarpone.
Bata as claras em castelo e envolva-as na mistura anterior, com suavidade.
Disponha uma camada deste creme no fundo da forma (cerca de 1/3 do creme).
Junte um fio de vinho do Porto ao café e vá molhando aí os palitos La Reine, fazendo uma camada de palitos por cima do creme.
Espalhe cerca de 3 colheres de sopa do creme de castanha por cima dos palitos.
Faça mais uma camada do creme de ovos e mascarpone.
Repita com os palitos embebidos no café e o doce de castanha.
Termine com uma camada da mistura de ovos e mascarpone.
Alise e bata na bancada para retirar eventuais bolsas de ar.
Tape com película aderente e leve ao congelador (o ideal é fazer esta sobremesa de véspera).
Retire o tiramisù do congelador algumas horas antes de servir, desenformando-o e mantendo-o no frio.
Pouco antes de servir, prepare e aplique a cobertura: bata as natas em chantilly (sem açúcar).
Adicione suavemente o creme de castanha e disponha-o no tiramiù com a ajuda de um saco e bico pasteleiro.
Polvilhe com cacau em pó. E reze para conseguir comer só uma fatia!