É incrível como o tempo passa depressa. No início deste mês fez um ano que o "Estava Tudo Ótimo!" foi lançado.
Salvo raras exceções, não sou de saudosismos ou de celebrar datas especiais aqui no blogue - nunca festejei os aniversários do Lume Brando, por exemplo - mas fazer o livro foi um processo tão intenso, tão trabalhoso e tão gratificante, que era impossível a data passar-me ao lado.
Assim, e de forma a assinalar o primeiro aniversário deste meu "filho", trago uma receita que podem encontrar no livro, no capítulo dedicado ao outono: um cheesecake húmido e guloso, de abóbora e canela, que invade a cozinha com aromas e sabores aconchegantes.
E antes de passarmos à receita, um curto update sobre a minha cozinha nova: atrasada. Na verdade, como já disse aqui, as obras de remodelação que estou a fazer em casa abrangem bastante mais do que a cozinha. E como incluem muitos trabalhos de carpintaria, estes estão a atrasar todo o processo. Espero no início de dezembro já ter novidades...
CHEESECAKE DE CANELA E ABÓBORA
Para a base:
200 g de granola (ver receita abaixo)
40 g de azeite extra virgem suave
1 colher de sopa rasa de açúcar mascavado
Para o recheio:
4 ovos
400 g de queijo-creme
250 g de queijo mascarpone
Sumo e raspa de 1 laranja
2 colheres de chá de canela em pó
100 g de açúcar mascavado
Para o topping:
200 g de doce de abóbora (ver receita)
Pré-aqueça o forno nos 180º.
Triture num robot de cozinha os ingredientes da base e forre com esta mistura o fundo de uma forma amovível, pressionando bem com os dedos.
Numa taça grande, misture todos os ingredientes do recheio, à exceção dos ovos. Adicione os ovos, um a um, e bata bem até estar tudo bem ligado.
Verta para a forma, sobre a base de granola, e leve ao forno durante cerca de 65 minutos.
Retire do forno e deixe arrefecer na forma.
Coloque a forma no prato de servir, espalhe o doce de abóbora no topo do cheesecake e só depois abra a forma e retire o aro.
Nota:
- Com o tempo, as formas de fundo amovível deixam de vedar bem e por vezes as massas do bolo, sobretudo as mais líquidas, escapam-se. Para evitar isso, costumo ‘embrulhar’ a forma por fora com duas camadas de papel de alumínio.
GRANOLA
500 g de flocos de aveia grossos
150 g de miolo de amêndoa com pele picado grosseiramente
75 g de miolo de noz picado grosseiramente
75 d de miolo de avelã com pele picado grosseiramente
75 g de pevides de abóbora
75 g de sementes de girassol
60 g de azeite extra virgem suave
60 g de xarope de agave ou mel
Pré-aquecer o forno nos 180º.
Forrar o tabuleiro do forno com papel vegetal.
Numa taça grande, juntar todos os ingredientes secos. Misturar numa tacinha o azeite e o xarope de agave e juntar aos secos, envolvendo bem.
Espalhar no tabuleiro, numa camada mais ou menos uniforme e levar ao forno. Ao fim de 10 minutos, retire do forno e revolva a granola. Volte a colocar no forno e repita esta procedimento mais duas vezes. Ao fim de 30 minutos a granola deverá estar pronta: bem dourada por todo e a postos para ficar ainda ainda mais crocante depois de arrefecer. Guarde em frascos limpos e herméticos.
Nota: a base de cheescake é só uma das muitas utilizações que pode dar à granola. A mais comum é juntá-la a fruta e iogurte para um pequeno-almoço cheio de energia, mas dá também óptimas camadas numa sobremesa de colher.
DOCE DE ABÓBORA
600 g de abóbora de polpa laranja descascada e limpa
375 g de açúcar
2 clementinas – sumo e raspa
2 vagens de cardamomo - só as sementes
1 pau de canela
Triture num almofariz as sementes de cardamomo. Coloque-as num tacho, juntamente com os restantes ingredientes, tudo bem envolvido.
Cozinhe em lume médio até a abóbora estar desfeita e o doce fazer ponto de estrada, mexendo de vez em quando. Retire o pau de canela e guarde o doce em frascos limpos e herméticos. Guarde no frigorífico depois de arrefecido.
Nota: por vezes, só nos apercebemos de que o doce passou do ponto, estando demasiado espesso e cristalizado, quando já está no frasco, mas não desanime: coloque de novo o doce na panela e junte água a ferver aos poucos, até ficar com a consistência desejada. Deixe ferver um minuto, desligue e guarde de novo.
A iniciativa “Adoramos a nossa gastronomia com Coca-Cola”, de que já falei aqui no blogue (no final do post encontram os links para os três posts anteriores, com três receitas de cozinha tradicional portuguesa), está quase a chegar ao seu delicioso final.
Esta homenagem da Coca-Cola aos melhores sabores de cada região portuguesa culminará num grande evento gastronómico a decorrer no Porto, nos dias 17, 18 e 19 de novembro, nos Jardins do Palácio de Cristal.
Como se lembram, a iniciativa dividiu o país em 12 grandes regiões, com o objetivo de identificar, em cada uma delas, qual o prato mais representativo. Para isso, mobilizaram-se vários restaurantes onde eram servidos os pratos a concurso - três por região - sendo que os clientes dos restaurantes aderentes eram convidados a votar tanto no prato como no restaurante favorito, com vários prémios para os participantes pelo meio.
Agora, de 17 a 19 de novembro na Cidade Invicta, vamos poder provar os pratos vencedores de cada região, confecionados pelos restaurantes mais votados. Será uma grande festa gastronómica, com muita música ao vivo e vários showcookings liderados pelo Chef António Vieira, o Chef Embaixador da iniciativa.
A entrada tem o valor de €2,5, com oferta de um copo contour, 1 livro de receitas e 1 bebida. Uma vez no recinto, poderá adquirir os pratos que quiser provar nas respetivas bancas.
Mas afinal, que pratos da Cozinha Regional Portuguesa vamos poder saborear e que restaurantes estarão presentes? Veja aqui a lista, quase, quase a ficar completa:
- Algarve - Cataplana - Restaurante Mar e Serra
- Grande Lisboa - Bife à Portuguesa - Restaurante O Bitoque - Sul Tejo Litoral - Choco Frito - Restaurante Tipica o Pescador II - Açores -Bife à regional - Restaurante Galego - Madeira - Espetada madeirense - Restaurante Vila da Carne - Norte Litoral - Leitão Assado - Restaurante Capri - Centro Litoral - Bacalhau assado com batatas a murro - Restaurante o Vieira
- Norte interior - Polvo Assado - Restaurante Forno da Rua
- Sul Tejo Interior - Ensopado de Borrego - Restaurante Raposo
- Baixo Minho – a revelar em breve!
- Alto Minho – a revelar em breve!
- Grande Porto – a revelar em breve!
O Grande Porto - a minha região - foi a última a entrar em concurso e estou curiosa para saber qual o prato vencedor, entre as Tripas, a Francesinha e o Bacalhau à Gomes de Sá. No entanto, como a Francesinha é, dos três, o prato mais emblemático da cidade – sobre o qual há discussões épicas e opiniões acaloradas, desde o melhor sítio onde comê-la à receita mais original – decidi associar a este post uma receita de Francesinha. Foi a segunda vez que me aventurei a preparar este ex-libris da cozinha portuense e, ainda que não tenha ficado tão boa como a minha francesinha preferida - servida na Póvoa de Varzim, com algumas nuances relativamente à tradicional - acho que até não me saí mal de todo (já agora, se quiserem, podem deixar nos comentários qual o melhor sítio, na vossa opinião, para comer uma francesinha!).
Aqui fica a minha receita, cujo molho – que é, para mim, aquilo que faz realmente a diferença numa francesinha – foi inspirado num conjunto de receitas que consultei, inclusivamente a que está no site da iniciativa - www.adoramosanossagastronomia.pt e, que fui provando e ajustando até ficar ao meu gosto.
Bom apetite!
FRANCESINHA
Para 4:
8 fatias de pão de forma grossas (de padaria)
4 salsichas frescas
4 linguiças
4 fatias de fiambre
4 bifinhos de vaca finos e tenros
16 fatias de queijo flamengo
2 cebolas médias
Azeite qb
1 folha de louro
1 cubo de caldo de carne
1 frasco de polpa de tomate
1 colher de sopa bem cheia de maizena
1 cerveja mini
30 ml de brandy
30 ml de vinho do Porto
1 caneca de água
1 caneca de leite – p/adicionar aos poucos
Sal qb
Picante (usei piri-piri) qb
Açúcar qb (opcional)
Comece por fazer o molho: pique as cebolas e leve a alourar num fundo de azeite com a folha de louro. Junte o caldo de carne e a polpa de tomate e mexa bem. Adicione a cerveja, o brandy, o vinho do Porto e a água e deixe ferver. Desfaça a maizena num pouco de leite e adicione ao molho mexendo sempre. Tempere com sal e o picante. Se achar necessário, vá juntando mais leite e retificando os temperos. Se achar que está ácido, devido ao tomate, junte uma pitada de açúcar. Deixe cozinhar lentamente para o álcool se evaporar. Retire o louro, triture com a varinha mágica e mantenha bem quente.
Entretanto grelhe as linguiças partidas ao meio no sentido do comprimento, as salsichas frescas (comecei por grelhá-las inteiras e depois cortei-as ao meio no sentido do comprimento e grelhei o interior) e os bifes. Mantenha tudo quente.
Aqueça ligeiramente as fatias de pão, para as secar e deixar mais firmes (no forno por exemplo).
Para montar, coloque uma fatia de pão num prato fundo, cubra com uma fatia de fiambre, um bife, duas metades de linguiça e duas metades de salsicha fresca. Cubra com outra fatia de pão, pressione ligeiramente, e forre a sanduíche com 4 fatias de queijo. Cubra com molho a ferver e repita com os restantes ingredientes. Diz a tradição que o queijo deve derreter com a alta temperatura do molho, não sendo necessário forno, no entanto, para que as primeiras francesinhas a serem montadas não arrefeçam, mantenha-as no forno até estarem todas prontas.