Em casa dos meus pais, quando era pequena, a abóbora servia apenas para duas coisas: fazer sopa ou fazer doce. O único tipo de abóbora que eu conhecia era aquele que tínhamos no quintal, de grande porte e interior amarelo claro, que agora sei chamar-se ‘porqueira’. Só quando comecei a interessar-me mais pela cozinha e criei o blogue é que descobri que havia mais variedades e muitas outras utilizações culinárias, como purés, assados, gratinados e até bolos.
As abóboras conservam-se durante muito tempo após serem apanhadas e ainda que comecem a aparecer no verão, é no outono que elas mais brilham, não fosse esta a estação do Halloween. Mas não é de bruxas ou de morcegos que esta receita fala, ainda que hoje seja 31 de outubro. Aliás, de assustadora não tem nada: são poucos os ingredientes que pede e é muito, muito fácil de fazer.
Pensando bem, talvez a abóbora assim preparada tenha, afinal, um poder mágico: o da comida de conforto que delicia e apetece partilhar.
Feliz Halloween!
ABÓBORA ASSADA COM QUEIJO DE CABRA
Para 4 pessoas, como entrada ou refeição leve
1 abóbora manteiga 120 g de queijo de cabra 1 colher de sobremesa de azeite Sal qb Pimenta preta qb Ervas da Provença qb (ou outras ervas aromáticas a seu gosto) Pevides de abóbora e nozes qb para polvilhar Rúcula para servir
Pré-aqueça o forno nos 180º. Lave a abóbora e corte-a ao meio ao comprimento. Retire os filamentos das cavidades, descarte-os, mas reserve as pevides.
Numa taça, coloque o azeite, as especiarias, uma pitada de sal (não se esqueça que o queijo de cabra já tem sal) e pimenta.
Mexa bem e barre as metades de abóbora com esta mistura. Coloque-as numa assadeira, viradas para cima e leve-as ao forno entre 45 minutos a 1 hora.
Entretanto, limpe as pevides, seque-as e leve-as ao forno sobre papel vegetal, durante cerca de 10 minutos (algumas vão estourar tipo pipocas, não se assuste!). Retire e deixe arrefecer.
Quando a abóbora estiver praticamente pronta (uma faca, quando espetada, deve entrar sem qualquer resistência na polpa da abóbora), retire do forno e espalhe o queijo pelas duas metades (se nas cavidades se tiver concentrado muito líquido, escorra-o com cuidado antes de colocar o queijo). Leve de novo ao forno a gratinar por uns 10 minutos.
Retire, tempere com mais um pouco de pimenta preta acabada de moer e espalhe as pevides e os pedacinhos de miolo de noz.
Sirva bem quente com uma salada de rúcula (no final, experimente comer a casca: é deliciosa!)
[Texto e receita publicados no jornal Observador em outubro de 2015]
Já contei aqui, e quem me segue nas redes sociais já se apercebeu, que estou a fazer obras em casa. Tenho falado mais na cozinha - afinal essa é a divisão mais importante da casa, certo? - mas na verdade, estamos a remodelar toda a área social do apartamento. E já sabem como são as obras, ou pelo menos 99% delas: demoram sempre mais do que o planeado. Não que fosse suposto estarem prontas neste momento, mas começo a convencer-me de que se no Natal tiver a casa como deve ser, já vai ser maravilhoso.
Isto para dizer que continuo sem a "minha" cozinha. E tenho quase toda a loiça e acessórios encaixotados. Fica por isso mais difícil conseguir partilhar receitas novas. No entanto, era obrigatório mostrar-vos este bolo e dar-vos a receita, depois do sucesso que fez na minha ida ao programa A Praça, da RTP, esta semana, em que levei várias sugestões onde o limão era o ingrediente em destaque.
O bolo "chiffon", apesar do nome afrancesado, é um estilo de bolo que nasceu nos Estados Unidos. Arrisco-me a dizer que terá sido batizado assim por ser um bolo com uma textura leve, tal como o tecido chiffon. É leve, fofo e húmido ao mesmo tempo.
Por cá, o bolo chiffon de chocolate é bastante popular, mas o de limão é menos falado. Comparei várias receitas, com mais ou menos diferenças entre si, e fiz alguns testes até chegar a esta versão. Uma das características deste bolo é levar óleo vegetal, que decidi substituir por azeite, e ainda água ou leite, o que também contribui para lhe dar humidade. A "fofura" é garantida pelas claras em castelo.
É daqueles bolos ótimos para o lanche ou para um pequeno-almoço especial e dispensa coberturas ou decorações. Claro que se tiverem em casa, como era o meu caso, lemon curd, podem sempre servir com uma colherada deste doce viciante. Eu decidi fazer um bolo pequeno, mas se optarem por um maior, podem sempre dobrar a receita, ajustando os tempos de cozedura.
BOLO CHIFFON DE LIMÃO
Para uma forma pequena de buraco, com 16 cm de diâmetro na parte mais larga
2 ovos L à temperatura ambiente
75 g de farinha sem fermento
90 g de açúcar
50 ml de azeite extravirgem suave
50 ml de água
1 limão - sumo e raspa
1 colher de chá bem cheia de fermento
1 colher café de extrato de baunilha (opcional)
Pré-aquecer o forno nos 170º.
Untar muito bem uma forma pequena de buraco.
Separar as gemas das claras.
Bater as claras em castelo. Reservar.
À taça das gemas juntar o azeite, a água, o sumo e a raspa de limão e a baunilha. Misturar bem.
Juntar o açúcar e peneirar para a taça a farinha e o fermento. Envolver.
Envolver por fim as claras em castelo.
Verter para a forma e levar a cozer durante cerca de 20-25 minutos.
Ir espreitando e fazer o teste do palito para ver se está pronto.
No programa, fiz a minha receita de lemon curd, na sua versão "otimizada". Aqui está ela:
LEMON CURD
2 ovos L
100 ml de sumo de limão
140 g de açúcar
50 g de manteiga à temperatura ambiente
1 colher de sopa de raspa de limão
Num tachinho de fundo espesso, misture bem os ovos com o açúcar e o sumo de limão. Leve ao lume médio, mexendo sempre com um batedor de varas, para não ganhar grumos, até engrossar, o que deve demorar menos de 10 minutos (deve ficar um creme não demasiado espesso, uniforme e brilhante, que irá ficar mais consistente depois de arrefecido). Retire do lume e incorpore a manteiga e a raspa de limão. Espere um ou dois minutos e mexa com um batedor e varas, até a manteiga estar bem derretida e bem distribuída pelo creme. Verta para frascos limpos, deixe arrefecer, tape e guarde no frigorífico até usar. Conserva-se bem tapado no frigorífico cerca de 15 dias.