Dentro de pouco tempo, não vou mudar de casa, mas vou mudar parte da casa (incluindo a cozinha, iupi!). Isso tem-me obrigado a encaixotar muita coisa, incluindo quilos - serão toneladas? - de loiça. Outra coisa que tive de empacotar temporariamente foram as dezenas de revistas e mais de cem livros de cozinha que andavam espalhados por várias divisões do apartamento e que, depois da empreitada, irão para uma estante como deve ser. De vez em quando, folheava as revistas para ver se valia mesmo a pena ficar com elas.
E foi num desses momentos, entre caixas de cartão, plástico bolha e fita-adesiva, que dei de caras, numa revista do Jamie, com uma receita de 'café frappé' - a bebida que me remete para a viagem que fiz à Grécia nos meus tempos de universitária. O calor que tem estado pede bebidas frescas e o achado vinha mesmo a calhar. Separei a revista, não para a descartar, mas para experimentar de imediato a receita - prepara-se em dois minutos!
Lembro-me que pouco depois dessa viagem a Atenas, no âmbito de um congresso do Forum for European Journalism Students (FEJS) e que incluiu uma escapadela à pitoresca ilha de Hidra, a cerca de duas horas de barco da capital, tentei replicar o "café frappé" que tinha bebido numa esplanada junto ao porto de Piréus, e que me soube pela vida. Mas fiz a olho e a experiência não correu lá muito bem. Passados mais de vinte anos, penso: "Mas isto não tem nada que saber! Como pude esperar tanto tempo para voltar a fazer um café frappé?!". A verdade é que ia fazendo 'mazagran' e até tenho uma receita desta bebida no livro.
Mas diz o ditado que mais vale tarde do que nunca, certo? Certo, por isso aqui fica a receita para um 'café frappé' delicioso, que se prepara, tal como o café que a receita pede, de forma... instantânea! Peguei na receita da Jamie Magazine e alterei apenas as quantidades, de forma a obter uma maior quantidade de bebida, e acrescentei limão. Eu prefiro esta bebida sem leite, acho mais refrescante, mas se quiserem juntar leite, reduzam um pouco a quantidade de água e substituam por leite bem fresco - neste caso, omitam o limão.
Esta é uma das bebidas favoritas dos gregos (e dos turcos) no verão, ainda que hoje se sirva um pouco por todo o mundo. Terá sido inventada por um colaborador da empresa grega que representa a marca Nestlé, em 1957, durante uma feira comercial na cidade de Salónica. Dimitris Vakondios não terá encontrado água quente para o seu Nescafé e decidiu misturá-lo com água fesca e usar o shaker que havia no stand para preparar uma bebida achocolatada que a marca estava a lançar no certame: nascia assim o Caffé Frappé.
CAFÉ FRAPPÉ
Para 3 copos com cerca de 300 ml de capacidade
750 ml de água
4 colheres de chá de café em pó instantâneo (tipo Nescafé ou Mokambo)
4 colheres de chá de açúcar amarelo (ou a gosto)
Gelo (cerca de 20 cubos)
Rodelas de limão (opcional)
Num frasco grande com tampa (ou num shaker), coloque o gelo, o café, o açúcar e a água. Tape e agite energicamente, durante vários segundos, até o açúcar se dissolver e se tiver formado bastante espuma (no meu caso, a espuma desapareceu rapidamente, talvez por ter usado um frasco em vez de um shaker e de não ter adicionado leite). Prove, retifique o açúcar, se necessário, e divida pelos copos, onde já colocou metade de uma rodela de limão. Adicione mais gelo, se achar necessário, e sirva de imediato.
Na minha família celebram-se sempre os aniversários. No caso dos miúdos, a festa é alargada e chegamos a ser quase quarenta cá em casa. No meu caso e no do Gonçalo, nem sempre fazemos algo tão grande, mas há pelo menos um almoço com pais, irmãos e sobrinhos.
Nestas alturas, e apesar de gostar muito de cozinhar, escolho sempre receitas que respeitem três critérios: serem fáceis e rápidas de confecionar, renderem bastante e serem consensuais, ou seja, que os sabores agradem ao maior número de pessoas possível.
Desafiada pela Nestlé para desenvolver uma receita com o seu Leite Condensado Cozido Magro, no âmbito do seu conceito #saboreiavida, aproveitei o mais recente aniversário da família para fazer um cheesecake que já andava na minha cabeça há muito tempo. A ideia era juntar chocolate ao sabor caramelizado do leite condensado e dar-lhe ainda o toque subtil do coco: três sabores que julgo combinar e agradar à maioria.
Quando a Nestlé me enviou o produto, não resisti e abri logo uma lata, pois nunca tinha provado o leite condensado magro. Surpreendentemente, não notei nenhuma diferença no sabor, é igualmente delicioso!
No entanto, a primeira versão que fiz não me convenceu: para além de queijo quark, usei iogurte natural, mas os iogurtes deixaram uma acidez na sobremesa que para mim não combinava com o caramelo do leite condensado. Experimentei então usar queijo mascarpone. E não é que ficou perfeito?
Uma receita que cumpriu de forma exemplar os requisitos para entrar na minha lista de sobremesas para festa ou, simplesmente, para um “dia doce”: para além de ser muito prática (é preparada com antecedência, o que me deixa livre para fazer outras coisas mais próximo do grande momento), rende muitas fatias e, last but not least, tem um ótimo sabor e uma textura maravilhosa.
Na próxima festa ou convívio que tiverem, experimentem servir este cheesecake de caramelo, chocolate e coco. Tenho a certeza de que também aí em casa vai ser um sucesso!
CHEESECAKE DE CARAMELO, CHOCOLATE E COCO
240 g de bolacha Maria integral
130 g de manteiga derretida
2 colheres de sopa de coco ralado
1 lata de Leite Condensado Cozido da Nestlé
500 g de queijo Mascarpone
250 g de queijo Quark
5 folhas de gelatina
1 pitada de sal
40 g de chocolate negro
Leite q.b.
Raspas de chocolate negro e lascas de coco para decorar/servir
Comece por preparar a base de bolacha: pique grosseiramente as bolachas, junte-lhes a manteiga derretida e o coco ralado e envolva bem.
Forre com esta mistura o fundo de uma forma redonda de fundo amovível com cerca de 26 cm de diâmetro (se usar uma forma mais pequena, pode reduzir um pouco as quantidades da base de bolacha).
Coloque a gelatina a hidratar num prato fundo com água.
Com a batedeira elétrica, bata bem o leite condensado cozido. Junte os queijos e bata bem até obter uma mistura uniforme e macia.
Junte uma pitada de sal e, por fim, a gelatina entretanto escorrida e derretida. Misture bem.
Verta para a forma e alise com uma espátula.
Parta o chocolate aos pedaços e leve a derreter numa tacinha no micro-ondas com cerca de 2 colheres de sopa de leite. Mexa bem e se achar que está muito espesso junte mais um pouco de leite.
Verta o chocolate de forma livre no topo do cheesecake – use um palito para espalhar o chocolate e dar-lhe umas formas irregulares.
Tape a forma com película aderente ou papel de alumínio e leve ao frio, idealmente de um dia para o outro. Retire do frio imediatamente antes de servir.
Pode decorar o cheesecake, ou cada fatia, com raspas de chocolate e lascas de coco.
Não é que não se possa petiscar em qualquer altura do ano. Claro que pode (e deve). Mas é no verão que petiscar sabe melhor, seja fora, numa qualquer esplanada à beira-mar, seja em casa, de preferência na varanda ou no jardim. Neste caso, se os petiscos forem caseiros e derem pouco trabalho a preparar, tanto melhor.
O único senão é o facto de ficarem melhores feitas no forno (já sabem que, para mim, praticamente todos os dias são dias de forno, independentemente da temperatura que está lá fora 😂 ), mas também podem fazê-las numa frigideira.
Juntem os amigos e a família, façam uma dose generosa destas espetadinhas, juntem-lhes uma boa salada, umas boas fatias de pão saloio, mais um ou outro petisco e uma taça de fruta fesca e está pronta uma deliciosa e descontraída refeição de verão.
TOMATE CEREJA ASSADO COM BACON
Para cerca de 25-30 espetadinhas:
300 g de tomate cereja pequeno
15 fatias finas e compridas de bacon sem osso
Pimenta preta qb
Sal qb
Ervas aromáticas qb (orégãos, tomilho, mistura mediterrânica ou outras)
Azeite qb
Ligue o forno nos 200º. Lave os tomates cereja, seque-os e coloque-os numa taça. Tempere-os com um fio de azeite, pimenta preta, uma pitada de sal e as ervas aromáticas. Corte cada fatia de bacon a meio, no sentido da largura, e envolva cada tomate cereja em meia fatia de bacon. Prenda com um palito e coloque num tabuleiro anti-aderente. Leve a assar durante cerca de 12 minutos ou até o bacon estar estaladiço e o tomate tiver começado a enrugar. Pode virar as espetadinhas a meio, para ficarem uniformes. Sirva quente ou morno.
Notas:
- Se não quiser ligar o forno, cozinhe as espetadas numa frigideira anti-aderente, em lume não muito alto para dar tempo a que os tomates comecem a murchar sem que o bacon fique demasiado cozinhado;
- Ultimamente tenho usado o bacon de forma diferente e julgo que resulta ainda melhor: em vez de cortar as fatias à largura, corto no sentido do comprimento, obtendo duas tiras compridas e enrolo cada tira à volta de um tomate; desta forma o tomate fica mais à vista e as espetadas ficam mais bonitas;
Lembram-se de vos ter falado aqui no blogue da iniciativa “Adoramos a nossa gastronomia com Coca-Cola”? Pois é, esta ação que pretende homenagear, pelo 3º ano consecutivo, o melhor da cozinha regional portuguesa, continua a decorrer a todo o vapor, rumo ao grande evento final que se irá realizar no Porto, em Novembro.
Ao longo destes meses, os portugueses de todas as regiões, incluindo as ilhas, estão convidados a provar o Top 3 dos pratos regionais da sua zona e votar no prato e no restaurante aderente favorito.
Em www.adoramosanossagastronomia.pt podem conhecer as 12 regiões, os pratos e os restaurantes a concurso por cada região, bem como as datas de dinamização da iniciativa. O objetivo é, no final, encontrar os 12 pratos regionais preferidos dos portugueses e celebrar a nossa cozinha maravilhosa.
O arranque foi dado no Algarve e os três pratos em jogo eram a Cataplana, o Arroz de Lingueirão e as Lulinhas à Algarvia – podem ver a minha versão das lulas, aqui.
E sabem qual foi o prato vencedor? Não, não foram as lulinhas, apesar de ser o meu preferido: foi a Cataplana!
Curiosos por saber os pratos que já venceram até agora? Eu digo-vos:
Algarve – Cataplana
Grande Lisboa - Bife à Portuguesa
Sul Tejo Litoral - Choco frito
Por estes dias, vota-se nos três pratos finalistas dos Açores e resolvi fazer novamente uma aposta: por mim, voto no Polvo assado, cuja versão Lume Brando podem encontrar mais abaixo. O Polvo assado, juntamente com o Bife à Regional e os Chicharros, são os três representantes dos Açores, cujo vencedor será apurado no Jantar Regional ainda esta semana.
Mas esta iniciativa, literalmente deliciosa, não se fica por aqui: vejam as regiões e as datas que se seguem:
Madeira – 7 de agosto a 3 de setembro
Norte Litoral – 14 de agosto a 10 de setembro
Centro Litoral – 21 de agosto a 17 de setembro
Norte Interior – 28 de agosto a 24 de setembro
Sul Tejo Interior - 4 de setembro a 1 de outubro
Baixo Minho – 11 de setembro a 8 de outubro
Alto Minho – 18 de setembro a 5 de outubro
Grande Porto – 25 de setembro a 22 de outubro
Ah, e não se esqueçam de que, paralelamente, quem participar na ação através do voto, habilita-se a prémios e ofertas. Saibam tudo aqui!
E agora, a receita de Polvo assado dos Açores. Já sabem que eu tenho sempre de meter a minha colherada e é raro conseguir seguir uma receita de uma ponta à outra sem qualquer desvio. Desta vez, juntei a receita que encontram no site desta iniciativa, com a receita de polvo guisado dos Açores que Maria de Lourdes Modesto incluiu no livro “Cozinha Tradicional Portuguesa”.
Ficou excelente e acho que a partir de agora vou cozinhar sempre assim o polvo: cozê-lo no refogado, em vez de cozê-lo apenas com um fundo de água e uma cebola. Não só o polvo ganha sabor extra, como a calda que se gera, que podemos usar num arroz, fica mais rica.
1 polvo médio (cerca de 1,5 kg), limpo e arranjado
1 cebola grande
2 dentes de alho
1 folha de louro
1 colher de café cheia de colorau
3 batatas grandes
Azeite qb
Vinho tinto qb
Sal qb
Leve um tacho ao lume com um fundo de azeite, junte a cebola e o alho picados, e a folha de louro, e deixe amolecer. Quando a cebola estiver translúcida, junte o polvo, tape e deixe cozer.
Vai ganhar bastante líquido. O que é que eu fiz, quando o polvo estava a ficar tenro? Retirei parte dessa calda e reservei-a. Juntei ao polvo o colorau e meio copo de vinho tinto, retifiquei de sal. Deixei que fervesse e juntei as batatas partidas aos cubos, para que ficassem guisadas neste molho.
Assim que as batatas ficaram cozidas, retirei o polvo e as batatas para uma assadeira com um fundo de azeite. Juntei a calda à calda anteriormente reservada. Reguei o polvo e as batatas com um fio de azeite e levei a alourar ao forno, na função grill.
Servi com legumes, e pão torrado, como manda a tradição açoriana.